O abate de animais sempre foi um problema de difícil solução para aqueles negócios que trabalham com baixa escala, destinadas a mercados locais e regionais.
Devido a essa grande dificuldade, muitos produtores, por muito tempo, simplesmente realizavam o abate de animais no chamado “fundo do quintal”, comercializando as carnes de forma clandestina e sem nenhum cuidado higiênico-sanitário.
Porém, graças a maior fiscalização e regulamentação, conscientização dos produtores e principalmente, ao avanço da tecnologia do setor, o número de abates clandestinos tem diminuído rapidamente no Brasil.
Hoje em dia, os abates em pequena escala, que antes eram realizados clandestinamente, já podem ser realizados em abatedouros móveis/modulares com toda a segurança possível, garantindo produtos de qualidade, além de renda ao produtor regional.
Saiba mais sobre a tecnologia do abatedouro móvel, idealizada principalmente pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) em parceria com a empresa Engmaq (fabricante de equipamentos para abatedouros e frigoríficos), suas características e vantagens.
Regulamentação e o abate de animais em pequena escala
A regulamentação do abate de animais em escala reduzida (para mercados mais regionalizados) sempre foi uma reivindicação de produtores rurais em todo o país. Eles queriam fazer o abate de animais regionalmente, mas com qualidade e eficiência, atendendo todas as normas pertinentes ao setor.
Assim, diversas medidas locais prometem beneficiar os pequenos produtores do país. Um exemplo é a cidade de Guarapari (ES). Na cidade, regulamentou-se recentemente as exigências de instalações e equipamentos mínimos para a habilitação sanitária junto ao SIM (Serviço de Inspeção Municipal) de abatedouros de suínos, ovinos, caprinos e aves.
Por meio desta legislação, os produtores da cidade contarão com a inspeção de Médicos Veterinários locais (alocados no SIM) sem a necessidade de vender os animais para grandes frigoríficos, alavancando, dessa forma, o setor regional, gerando renda aos produtores locais e combatendo a clandestinidade.
Além dessa questão, Elsio Figueiredo, pesquisador da Embrapa, explica que já existe uma legislação nacional que limita e explica o que é a pequena escala.
“Apesar de ainda não estar regulamentada para abatedouros e frigoríficos, a IN 16 do MAPA limita a pequena escala em até 250 metros quadrados de instalações para pequenas agroindústrias”.
Neste contexto, Figueiredo explica que com essa legislação já se consegue projetar as instalações necessárias e a capacidade diária de abate e processamento por espécie animal.
Um exemplo é a adoção do abatedouro móvel que, dependendo do módulo utilizado, pode realizar o abate de animais em pequena escala de várias espécies (suínos, aves, coelhos, etc).
O que é o abatedouro móvel?
Conhecido como um importante avanço para o abate de animais em pequena escala, Figueiredo explica que o abatedouro móvel é um tipo de abatedouro que pode ser deslocado para vários locais, desde que aprovados pelos organismos oficiais do município, do estado e do serviço de inspeção, onde o mesmo será estacionado, possibilitando o abate.
“Ao chegar, essa estrutura é conectada ao sistema de água, de energia e de efluentes, e iniciará o abate dos animais que estão aprovados para o abate naquele local”, complementa o pesquisador.
Para ter essa mobilidade, o pesquisador da Embrapa explica que o abatedouro necessita ser compacto e resistente ao transporte em carretas rodoviárias, como o são os containers de exportação de carnes e/ou Módulos produzidos especialmente para esse fim.
Os módulos de abate de animais, sejam eles móveis ou estacionários, podem estar conectados fisicamente à um entreposto existente, possibilitando assim um processo contínuo.
Figueiredo explica que o mesmo ocorre com outros módulos de processamentos e cortes. “Outros módulos podem ser adquiridos e instalados junto à uma estrutura frigorífica em operação, aperfeiçoando-a”, diz.