A experiência de abatedouro móvel desenvolvida pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) está em fase de experiência e em busca de regulamentação. No projeto, os equipamentos de um abatedouro fixo são adaptados a uma carreta rodoviária para abates em pequena escala e em conformidade com padrões de controle sanitário, ambiental, social e trabalhista. A tecnologia pretende reduzir abates clandestinos, beneficiar pequenos produtores de carnes e levar ao mercado carne de qualidade. Ficou curioso em saber mais? Quem apresenta os princípios do projeto, a seguir, é o pesquisador da Embrapa Suínos e Aves, Elsio Figueiredo.
Propósito
O governo brasileiro tem financiado o desenvolvimento rural, assentamentos e pequenas agroindústrias. Normalmente, quando os projetos financiados são de produção de frangos, suínos, caprinos, ovinos, bovinos e pescados, a maior dificuldade é construir e manter um abatedouro, pois se ele não funcionar todos os dias, se torna caro e inviável. Consequentemente, os recursos que o governo investe não conseguem colocar a carne no mercado. Os abatedouros móveis são tecnologia desenvolvida em um acordo entre a Embrapa e a empresa Engmaq para auxiliar esses projetos com recursos públicos a terem opções para o abate dos animais e colocarem carne de qualidade no mercado, sem o custo de manter um abatedouro fixo ocioso.
Configurações
Pode ser configurado para o abate e o processamento de carne, além de suínos caprinos e ovinos, de aves e coelhos e entreposto de pescado. Até o momento, foram produzidas uma unidade para suínos e outra para entreposto de pescado, que estão sendo utilizadas para os testes necessários para a regulamentação.
Benefícios
Os abatedouros móveis são destinados a produtores comerciais de animais para produção de carne, organizados na forma de associações, cooperativas, pequenas empresas, e que não teriam uso diário para um abatedouro fixo. Por isso desejam partilhar a estrutura de abate com outros. Outro benefício esperado pela adoção da tecnologia é a redução de abates clandestinos no Brasil, uma vez que o consumo de carne de animais abatidos de maneira ilegal pode trazer sérios riscos à saúde.
Resultados
A procura e a expectativa dos produtores, pequenas agroindústrias e prefeituras municipais têm sido grande. Já existem mais de 15 pedidos, que se encontram na fase de projeto, para estados como Bahia, Ceará, Piauí, Distrito Federal, Minas Gerais, Mato Grosso, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Regulamentação
Ainda necessitam ser regulamentados no serviço oficial de inspeção. Por isso, todas as iniciativas, até então, estão na forma de projetos e esses equipamentos ainda não estão em uso no Brasil. Os abatedouros móveis não estão previstos em nenhuma normativa (municipal, estadual e federal). Há várias maneiras de torná-los regulamentados: a melhor delas seria por regulamento federal, para que estados e municípios possam aceitar de pronto. "Estamos trabalhando para conseguir a orientação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, para melhor aproveitar o potencial da tecnologia para o Brasil”, explica Figueiredo.