O brasileiro consome, em média, 6 a 8 litros de sorvete por ano. Parece ser bastante, mas na Nova Zelândia, país que mais consome da sobremesa gelada, a média é de aproximadamente 30 litros por pessoa ao ano. Em seguida, estão os Estados Unidos, com 22 litros por habitante em um ano.
Ou seja, o Brasil, país que costuma ser associado às receitas mais refrescantes e geladas, ainda pode desenvolver bastante seu mercado de sorvetes, mesmo em comparação a países com temperaturas mais frias e severas.
Isso indica que o setor de produção de sorvetes brasileiros, atualmente na 6ª posição entre os maiores produtores do mundo, pode ser ainda maior. Os benefícios da expansão atendem tanto produtores como consumidores finais.
Então, quais são os desafios a serem superados pelo setor sorveteiro? A seguir, vamos entender o cenário atual e explorar os principais obstáculos para as indústrias brasileiras de produção de sorvete.
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Produção de sorvete: mapa da indústria sorveteira hoje
O mercado global de sorvetes vai crescer, pelo menos, 3% ao ano pelos próximos 5 anos. É o que indica o relatório “Mercado de Sorvetes - Crescimento, Tendências e Previsões” (2023 – 2028), análise mais recente da consultoria Mordor Intelligence.
O material é completo ao tratar do presente e do futuro da indústria sorveteira, destacando a recuperação da performance do setor após a pandemia e traçando o futuro de cada segmento de sorvetes:
- Sorvete de impulso;
- Sorvete para levar para casa;
- Sorvete artesanal.
Tradicionalmente, o segmento de sorvetes de impulso representava 60% do mercado, enquanto sorvete para levar para casa, apenas 30%.
Há também a classificação dos canais de distribuição, segmentação importante para indicar diferentes perfis de consumo e apontar as principais oportunidades para observação da indústria de sorvetes:
- No comércio;
- Fora do comércio.
Atualmente, a consultoria aponta que os lançamentos são o principal motor de crescimento e desenvolvimento da categoria de sorvetes. Os consumidores costumam perceber a inovação por novos sabores e valor nutricional (sabores com benefícios para a saúde, uso de ingredientes naturais, receitas veganas e sem lactose, por exemplo).
A premiunização da produção é outra característica marcante. O lançamento de produtos com ingredientes premium e com processamento diferenciado, com menor quantidade de aeração, redução de gorduras e ingredientes de altíssima qualidade.
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Panorama da indústria nacional de sorvetes
Segundo a pesquisa “O sorvete quer falar”, elaborada pela Fispal Sorvetes em parceria com a ABRASORVETES e AGAGEL, e apoio do Food Connection, o Brasil tem um cenário promissor pela frente.
Os profissionais do setor estão animados. Do total de entrevistados, 74% relataram aumento na produção em 2023, em comparação a 2022. Por isso, para os próximos cinco anos, os principais investimentos das empresas serão marketing (52,6%), aumento da eficiência na produção (52%) e inovação (49,1%).
Entre as principais inovações, os respondentes pretendem realizar mudanças na linha de produtos, investindo no mercado vegano, vegetariano e/ou zero lactose, e no mercado de funcionais. Diante dessas mudanças, espera-se crescimento anual do setor, especialmente via aumento da penetração de sorvetes em diferentes classes sociais.
Tendências para a produção de sorvete no Brasil
Para o mercado brasileiro, as principais tendências estão relacionadas ao lançamento de novos sabores e uso de ingredientes naturais.
Os pontos de venda (PDV) personalizados e com forte comunicação de marca são outra tendência para o mercado brasileiro. O PDV se transforma cada vez mais em uma experiência de consumo, com ambiente “instagramável” e que pode ser atrativo para mais clientes.
A indústria também passa a ser mais cobrada por transparência, demonstrando que o processamento é sustentável, ingredientes selecionados e respeita ao meio ambiente e aos trabalhadores envolvidos.
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Desafios para as indústrias brasileiras de sorvete
Com números tão promissores, crescimento e ampliação se destacam no segmento. Com a superação das barreiras atuais, a expectativa é de forte consolidação e faturamento do mercado sorveteiro.
Maquinário
O equipamento para produção de sorvetes deve ser intuitivo para que seja de fácil operação, mas sem deixar de lado a tecnologia necessária para um processo de alta qualidade.
A questão aqui é garantir que diferentes operadores possam executar os processos, com uma troca rápida de postos e sem perder o ritmo do trabalho de produção. A otimização das máquinas é uma via de redução de custos e de garantia de boa manutenção da mão de obra contratada.
Adaptação dos consumidores
O consumidor brasileiro está em processo de transição para vislumbrar que o sorvete pode fazer parte de mais refeições e não precisa ser visto apenas como sobremesa.
Estimular o consumo de sorvete em outras estações também é uma barreira que o setor sorveteiro trabalha para superar. De modo que a sensação de consumir sorvete não esteja atrelada apenas com refrescância, mas também como doces para ocasiões casuais e até como comfort food, tipo de alimento que provoca acolhimento.
Qualificação profissional
Profissionais qualificados e bem preparados com os processos de digitalização são requisitados em diferentes nichos da indústria de produção de sorvetes.
Não basta apenas executar, mas é importante oferecer uma visão mais estratégica para a análise de mercado, decisões de marketing e até na operação da fábrica.
As últimas inovações nos maquinários exigem conhecimento técnico qualificado para manusear novos sensores de produção e outros equipamentos que sejam capazes de suprir o aumento da demanda.
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