Você sabia que o Brasil é um dos grandes produtores e exportadores de carne de frango em todo o mundo? Para manter (ou aumentar) toda essa participação no mercado mundial, diversas empresas estão buscando aperfeiçoar suas técnicas de abate que envolvem desde a melhora da insensibilização até a desossa.
Um dos avanços mais representativos vem ocorrendo no processo de insensibilização das aves. Esse processo normalmente ocorria por meio da imersão da ave em água salina com corrente elétrica, insensibilizando-a. Mas com o avanço tecnológico, a insensibilização começa a ser mais eficaz, sendo realizada com o uso de gás. Sem dúvidas, esse processo de insensibilização a gás representa um importante avanço na avicultura brasileira, principalmente na promoção da qualidade da carcaça e do bem-estar dos frangos de corte. Para saber como funciona esse processo, além de seus principais benefícios, confira o texto de hoje.
O uso do gás: solução para uma melhor insensibilização
No Brasil - e em todo o mundo - a produção de frangos de corte convencional faz uso da insensibilização elétrica, também conhecida como eletronarcose.
Esse método consiste em realizar a imersão da cabeça do frango em água salina, onde uma corrente elétrica passa para o corpo da ave da cabeça para os pés, que são presos a uma nória de condução, que funciona como terra.
Com isso, a ave irá passar para um estado de inconsciência à dor da sangria, que é o processo seguinte. O que ocorre, porém, é que esse processo costuma ser de difícil padronização e controle, possibilitando que os animais cheguem conscientes à sangria, ou que, em outros casos, cheguem já mortos, o que não é desejado.
Para ajudar a resolver essa dificuldade, diversos pesquisadores ponderaram a substituição da imersão em água pelo uso do gás (geralmente CO²) no processo de insensibilização. Assim muitas pesquisas vêm sendo desenvolvidas para maior validação e calibração desse método, visando a máxima eficácia.
Funcionamento da insensibilização a gás
Sem dúvidas, quando falamos em abate de frangos de corte, a insensibilização a gás é uma das inovações mais recentes, inclusive com diversas pesquisas brasileiras sendo constantemente realizadas.
No Brasil, a insensibilização a gás inicia-se assim que as aves são penduradas na nória, dentro da linha de abate. Estas, então, passam através de um túnel, cuja extensão e concentração interna do gás variam em função das características de cada processo adotado.
Nesta variação da insensibilização, a perda de consciência das aves deve ser gradual e acompanhar o avanço da linha.
Assim evita-se que o efeito aversivo do gás cause sufocamento da ave, que pode se debater bastante, trazendo prejuízo à qualidade da carcaça como um todo, em decorrência de possíveis fraturas, hematomas e hemorragias.
Benefícios deste método
O uso da insensibilização de aves com o uso de gás pode ser vantajoso sob diversos aspectos, mas a parte operacional, qualitativa e de bem-estar animal são as mais significativas.
Na parte operacional pesquisadores ressaltam que os equipamentos destinados a esse processo são de fácil operação, com controles relativamente simples, ocorrendo por meio de painéis de leitura com todos os dados necessários, fazendo com que a operação ocorra sem maiores problemas.
Já a qualidade da carcaça representa um benefício bastante significativo da substituição da eletronarcose pela insensibilização a gás. Estudos realizados com a adoção deste método têm constatado baixa incidência de defeitos na carcaça, como lesões de pele, petéquias, fraturas e contusões.
Ainda sobre a questão qualitativa essa forma de insensibilização visa a anestesia do frango, assim são eliminadas as intensas contrações musculares, preservando totalmente a qualidade da carcaça, principalmente dos músculos peitorais, que permanecem livres de sanguinolência, após a desossa, evitando perdas.
Estudos indicam que essa técnica também vem reduzindo a ocorrência, nada desejada, de carnes PSE (sigla inglesa de Pale, Soft e Exudative, ou seja, Pálida, Macia e Exsudativa), pela diminuição do estresse pré-abate.
Por fim, vale lembra que o gás utilizado – geralmente o CO² - é bastante eficiente na insensibilização, devido ao seu efeito anestésico, proporcionando maior confiabilidade no atordoamento, redução do sofrimento e consequentemente, gerando maior bem-estar.
Essa, inclusive, vem sendo uma exigência cada dia mais recorrente da grande maioria dos mercados internacionais.
Em razão de todos esses benefícios para a indústria da carne de frango, inclusive os já comprovados em inúmeros estudos, é praticamente impossível não pensarmos que, mais cedo ou mais tarde, a insensibilização a gás substituirá completamente o processo convencional de insensibilização.