Pesquisas recentes indicam que os consumidores estão cada dia mais preocupados com a forma com que os animais são tratados, dando preferência a produtos que tenham maior respeito à qualidade de vida de bovinos, suínos e aves.
Neste cenário, reduzir o sofrimento animal vem se configurando como a preocupação número um, que está forçando a adoção de boas práticas de bem-estar animal em fazendas, granjas, abatedouros e indústrias de beneficiamento dos alimentos de origem animal. Pois responsáveis pelos hipermercados e grandes redes de fastfood começam a repensar suas estratégias, afim de atender essa necessidade - e tudo isso decairá sobre os produtores.
Estes, por sua vez terão que atender todas as normas de bem-estar e reduzir o sofrimento animal, caso contrário, não poderão negociar seus produtos para essas redes e terão seus lucros reduzidos drasticamente.
O consumidor moderno está mais consciente
Quando discutimos o comportamento do consumidor da atualidade, entendemos que a consciência é a palavra do momento.
O presidente do Instituto Certified Humane Brasil, Luiz Mazzon, afirma que o consumidor tem mais conhecimento sobre o impacto dos alimentos industrializados na sua saúde. “O consumidor está mais interessado em saber de onde vem o alimento que consome, e como este é produzido. Em vários casos, ele está até mesmo disposto a pagar mais se percebe um valor agregado em determinado produto em função da forma como ele foi produzido”, comenta.
Há ainda maior facilidade da difusão das informações na era das redes sociais, que aliada ao trabalho mais atuante de organizações dedicadas à defesa dos animais, fizeram com que um maior número de pessoas buscasse conhecer as condições de vida dos animais nas fazendas e granjas de onde sai o seu alimento. Por isso, reduzir o sofrimento animal é passo obrigatório na concepção do consumidor.
Benefícios para o produtor e para a indústria ao reduzir o sofrimento animal
A adoção do bem-estar animal resulta em intermináveis benefícios aos animais que recebem este tipo de manejo, como qualidade de vida, redução do estresse e maior produtividade. Mas, segundo Mazzon, há também muitos benefícios aos produtores e à indústria.
Para o produtor, o presidente do Instituto Certified Humane Brasil explica que o benefício mais imediato é a percepção que os animais respondem positivamente ao manejo diferenciado, com um comportamento sem stress e boa produtividade.
Além disso, ao reduzir o sofrimento animal, conseguem atingir mercados mais exigentes quanto ao bem-estar. Já para a indústria os resultados mais claros são os produtos com maior qualidade. Uma vez que os animais apresentarão menores níveis de stress, impactando positivamente na qualidade do produto final.
Papel da indústria e dos varejistas neste processo
Em todo esse processo de mudança de comportamento visando reduzir o sofrimento animal, tanto a indústria quanto os varejistas terão papel de suma importância.
Na concepção de Mazzon, o principal papel da indústria - que concentra a criação dos animais e o processamento dos alimentos - é começar a investir em sistemas de criação com normas estritas de bem-estar animal.
O presidente do Instituto Certified Humane Brasil sugere que todas as indústrias devam esclarecer nos rótulos dos produtos que os animais que deram origem ao alimento foram criados de forma diferenciada.
“Não se estabelece uma relação e confiança com os consumidores anunciando que seus produtos respeitaram regras de bem-estar animal sem nenhuma evidência de que realmente o fizeram”, explica.
O consumidor será muito atento aos rótulos neste sentido. Desse modo, é fundamental que as indústrias busquem a certificação em organismos especializados e independentes, “provando” ao consumidor que priorizam o bem-estar animal.
“Produtos certificados com bem-estar animal estão cada vez mais presentes na América do Norte e Europa, e começam a se multiplicar pela América Latina também!”, ratifica Mazzon.