A preocupação com o bem-estar animal vem se tornando cada vez mais presente na cadeia produtiva da carne, seja por exigência do consumidor, seja por maior conscientização de seus produtores. Assim, para atender essa necessidade, já são muitas as empresas do setor que investem no abate humanitário.
Basicamente o abate humanitário visa realizar todas as práticas de manejo, que se iniciam no embarque nas propriedades rurais e vão até o abate em frigoríficos ou abatedouros, sempre com o máximo padrão de ética e de muito respeito pelo animal.
Por essas e outras razões, o abate humanitário vem se tornando uma regra em frigoríficos e abatedouros, seja qual for a variedade animal doméstica a ser trabalhada (bovinos, suínos, aves ou ovinos).
Saiba mais sobre o que é o abate humanitário e quais são as principais ações que garantem bem-estar animal durante o procedimento de abate.
O que é abate humanitário?
Se pudéssemos definir o abate humanitário em um termo, este seria: “oferecer o menor grau possível de sofrimento ao animal”. Dessa forma, o abate humanitário visa priorizar todas as práticas de manejo de abate baseadas em um padrão de ética e muito respeito.
Vale lembrar que, assim como os seres humanos, os animais domésticos são seres sencientes, ou seja, tem a capacidade de sentir sensações, seja satisfação, felicidade e, claro, dor. Por isso, atividades que visam o seu bem-estar são sempre fundamentais, inclusive no momento do abate.
Neste sentido, faz parte dessa ideologia humanitária de abate garantir o máximo bem-estar ao animal, onde, por meio de um conjunto de procedimentos técnicos e científicos, prioriza-se a garantia do abate com o mínimo sofrimento.
Diversas são as leis do Ministério da Agricultura que visam assegurar, entre outras finalidades, o cumprimento de todas as normas de abate e bem-estar animal no manejo pré-abate, priorizando também o abate humanitário.
Diretrizes internacionais do abate humanitário
Para priorizar o máximo de bem-estar aos animais domésticos durante o abate, o Ministério da Agricultura, em seu Manual de Abate Humanitário de Bovinos. apresenta algumas diretrizes de bem-estar bastante importantes.
Estas são elaboradas com base nas recomendações da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) e abordam a necessidade de que os animais de produção não sofram durante o período de pré-abate e abate.
Essas diretrizes envolvem desde o transporte até o momento do abate. Veja algumas das diretrizes mais significativas:
- Os animais devem ser transportados apenas se estiverem em boas condições físicas;
- Animais machucados ou sem condições de moverem-se devem ser abatidos de forma humanitária imediatamente;
- Os animais não devem ser forçados a andar além da sua capacidade natural, procurando-se evitar quedas e escorregões;
- Não é permitido o uso de objetos que possam causar dor ou injúrias aos animais;
- No transporte, os veículos deverão estar em bom estado de conservação, com respeito à densidade adequada de animais;
- O ambiente da área de descanso deve ser iluminado e apresentar piso bem drenado;
- Na sala de espera, deve-se supri-los com suas necessidades básicas, como fornecimento de água, espaço e condições favoráveis de conforto térmico;
- O abate deverá ser realizado de forma humanitária, com equipamentos adequados para cada espécie;
- Equipamento de emergência deve estar sempre disponível, em caso de falha do primeiro método de insensibilização.
Além disso, a chefe de bem-estar animal e equideocultura do Ministério da Agricultura Liziè Buss, explica que o sucesso do abate humanitário também depende do treinamento de todas as pessoas que participam do abate.
“Esse treinamento depende tanto da indústria quanto do serviço veterinário oficial. Na indústria devem sempre existir pessoas capacitadas para identificar falhas, resolver problemas e fazer treinamento interno constante. Já o serviço veterinário oficial também deve estar treinado e capacitado para identificar as falhas da indústria e tomar as ações/medidas fiscais condizentes”, explica Liziè.
Exigências internacionais por maior bem-estar animal
Além das diretrizes nacionais, há também diversas exigências internacionais que precisam ser respeitadas para que o Brasil possa exportar seus produtos. Estas exigências também estão embasadas em boas práticas de manejo que minimizem o estresse dos animais no momento do abate.
Um conjunto dessas exigências internacionais é apresentado no Regulamento EC 1099/2009. Este regulamento estabelece regras mínimas para a proteção dos animais durante o abate na União Europeia (UE), medida essa que também é ampliada aos países fornecedores de carne aos países da EU, caso do Brasil.
Dentre os requisitos dessa diretiva, os mais importantes são:
- Obriga que todo estabelecimento de abate tenha o responsável pelo bem-estar dos animais. Ele deve, além de fiscalizar, possuir autoridade direta, a fim de identificar as prioridades na rotina e determinar ações que supram as necessidades de bem-estar animal;
- Qualificação da mão de obra, exigindo treinamentos em bem-estar animal, seus registros e seus respectivos treinamentos de reciclagem;
- Manutenção periódica de todos os equipamentos e registros contínuos de monitoramento.
Como visto, a principal finalidade do abate humanitário é reduzir, ao máximo, quaisquer problemas ocasionados pelo manejo de abate incorreto. Com isso será possível fornecer à mesa do consumidor um produto de qualidade e que seja produzido de forma que respeite o animal.
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