Todos os anos, toneladas de alimentos são produzidas para nutrir milhões de pessoas ao redor do mundo. O desperdício acompanha o grande volume dessa produção, seja na obtenção de matéria-prima, distribuição ou destinação final de um produto. Com isso, a preocupação com o desperdício alimentar se torna um assunto cada vez mais discutido, com grande visibilidade à questão.
As indústrias possuem um papel fundamental na diminuição do desperdício. Primeiramente, é importante entendermos a diferença entre perda e desperdício de alimentos em uma produção.
- Perda: ocorre quando o descarte não é intencional, mas se dá por falta de uma estrutura apropriada, problemas na colheita, armazenamento ou transporte dos alimentos. Elas podem acontecer em toda a cadeia produtiva, principalmente em grandes escalas.
- Desperdício: acontece quando os alimentos possuem a data de validade vencida, sobram em hotéis e restaurantes, são utilizados erroneamente, não possuem padrão comercial ou apresentam confusão nos rótulos. A falta de conscientização da população e as condições inadequadas de armazenamento também são uma forma de desperdício.
O relatório The State of Food and Agriculture 2019 informa que a perda de alimentos no mundo é responsável por 14% do total descartado, enquanto o desperdício corresponde a 86%. Na indústria, as perdas ocorrem por motivos que podem ser evitados, como a ausência de tecnologia, falta de adubação, aplicação errada de agroquímicos e embalagens ineficientes para a conservação de alimentos.
Campanhas de conscientização, parcerias com Organizações não Governamentais (ONGs), órgãos governamentais e empresas, são alternativas para aumentar o investimento em tecnologia, com técnicas modernas que evitem a perda e o desperdício de alimentos, água e recursos naturais. O meio ambiente e a sociedade necessitam urgentemente de ações que consigam reverter o quadro atual.
O tema Food Waste será abordado no evento digital Q&A FiSA, em 29 de setembro, faça seu credenciamento gratuito.
O que a indústria tem feito para reduzir o desperdício?
Com as atenções voltadas para o tema, a redução de perdas e resíduos na industrialização de alimentos tem sido de interesse da indústria. Ela também auxilia em pontos como a diminuição de custos e quanto a políticas públicas que enfatizam a necessidade de reduzir as perdas de alimentos e a geração de resíduos, a fim de minimizar os impactos ambientais e garantir a segurança alimentar. Os interesses se alinham a partir do momento em que o ganho é visível em todas as esferas.
Assim, diversas organizações estabelecem metas de redução de perdas de alimentos e disposição de resíduos, com compromissos e realizações. A seguir, veremos algumas delas, divulgadas no portal da Plataforma de Inovação Tecnológica da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Governo do Estado de São Paulo:
- Barilla: parceria internacional com a rede Carrefour, visando a redução de desperdício de alimentos; 92% dos resíduos gerados na produção de molhos, são enviados para reciclagem.
- BRF: o controle de resíduos sólidos tem por objetivo reduzir, reciclar e reusar materiais em toda a cadeia de valor; realiza separação de resíduos orgânicos para seu aproveitamento em compostagem para produção de fertilizantes.
- Danone: a meta para 2025 é reduzir em 50% a intensidade (kg de resíduos de alimentos não recuperados/toneladas de produtos vendidos) de resíduos de alimentos não recuperados (base: 2016).
- Kellogg's: tem como meta para 2025 doar 2,5 bilhões de porções de alimentos em 6 continentes, por meio de centenas de bancos de alimentos e outros programas. Em 2017: 569.950.393 de porções; até 2030, contribuir para a redução pela metade do desperdício global per capita de alimentos no varejo e no consumidor e reduzir as perdas alimentares ao longo das cadeias produtivas e de fornecimento, incluindo pós-colheita (alinhado com o SDG nº 12.3 da ONU).
- Nestlé: mantém compromisso público para reduzir a perda de alimentos e o desperdício, de modo a garantir o suprimento das matérias-primas agrícolas de sua origem, gerar impacto positivo na sociedade, apoiar o desenvolvimento rural, a conservação da água e a segurança alimentar. Esse compromisso estabelece três linhas de atuação: prevenção, minimização e valorização; informação e educação; envolvimento e parcerias com stakeholders. Desde 2008, a empresa cortou pela metade, por tonelada de produto, a quantidade de resíduos descartados gerados em suas fábricas.
- Pepsico: a meta para 2025 é atingir resíduo zero para disposição em aterros nas operações diretas, além de reduzir resíduos de alimentos em 50% também nas operações diretas.
- Unilever: assume o compromisso de seguir os princípios da nutrição sustentável, dentre os quais a redução do desperdício de alimentos e a utilização de embalagens do campo à mesa. De 2008 a 2017, houve redução de 98% dos resíduos enviados para aterros sanitários. Em relação aos resíduos associados ao descarte de seus produtos, a diminuição foi de 29%. No Brasil, toda operação (fábricas, centros de distribuição e escritórios) já atingiu a marca “aterro zero”. A empresa mantém rígida política de fornecimento responsável e exige que seus parceiros tenham uma política de gestão de resíduos. Já para incentivar os consumidores a darem destinação correta aos resíduos, a companhia lançou, em 2001, em conjunto com o Grupo Pão de Açúcar (GPA), o programa pioneiro Estações de Reciclagem Pão de Açúcar Unilever. Em seus 17 anos, o projeto coletou mais de 110 mil toneladas de resíduos.
A lista completa pode ser conferida no portal alimentosprocessados.com.br.
Q&A
Para ter um panorama completo sobre Food Waste, faça seu credenciamento gratuito na Plataforma Digital da Food Ingredients South America e participe do Q&A (question and answer) no dia 29 de setembro, às 10h. Todo mês é realizada uma sessão de bate-papo e "consultoria" exclusiva com especialistas e comunidade científica do Trends to Watch.
Conheça os profissionais do setor que responderão as questões sobre desperdício de alimentos na próxima sessão do Q&A:
- Donir Ribeiro da Costa: Diretor de Engenharia da Nestlé. Trabalha há 31 anos na Nestlé, onde iniciou sua carreira como trainee, posteriormente ingressando na área de Engenharia e Operações. Ocupou posições em vários negócios da companhia no Brasil e no exterior, atuando como gerente de engenharia de fábricas, gerente de projetos, gerente corporativa de Engenharia e diretor de fábrica. Atualmente, ocupa o cargo de Diretor de Engenharia para o mercado brasileiro. Engenheiro mecânico formado pela Unesp, com pós-graduação em Gestão de Produção, Administração, Gestão de Projetos e Transformação Digital.
- Julia Coutinho: Nutricionista especialista em vigilância sanitária, tecnologia industrial farmacêutica e regulatório de alimentos, ingredientes e bebidas – Sócia e Fundadora da Regularium.
- Vicente Ramos: Redator publicitário e conteudista, com pós-graduação em Leitura e Produção de Texto pela Universidade Católica de Brasília. Atua na HQ Content com construção de Narrativa e Storytelling, criação de roteiros, SEO, textos para blog, redes sociais e estratégia de conteúdo e marketing digital.
Prepare-se para esse bate-papo lendo o White Paper completo sobre Food Waste disponível no FiSA BrainBOX, um espaço exclusivo para profissionais que atuam em P&D, Marketing e Regulatório. Acesse aqui e conheça todas as vantagens de fazer parte desta comunidade.
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