Por se tratar de um alimento altamente perecível, as carnes são alimentos que podem rapidamente sofrer deterioração. Por essa razão, é fundamental que empresas se atentem para a escolha das embalagens, haja visto que uma boa embalagem irá contribuir para a manutenção da qualidade do produto, além de uma melhor experiência ao consumidor.
Neste cenário, muitas são as tendências dentro do setor de embalagens para carnes, levando em consideração alguns pré-requisitos que ajudam a garantir um produto de qualidade e que seja mais apresentável.
Para conhecer as principais tendências deste setor, o Food Connection entrevistou Fiorella Dantas, pesquisadora do Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL) e especialista em embalagens.
Com sua experiência na área, a pesquisadora apresenta as principais tendências em embalagens para carnes, assim como o papel da tecnologia neste sentido.
Tendências em embalagens para carnes: sustentabilidade, conveniência e praticidade
Na atualidade, as inovações em embalagens para carnes vão nortear a operação dos frigoríficos e demais empresas do setor e impulsionar o seu desenvolvimento. Neste cenário, Fiorella Dantas ressalta que as propriedades das embalagens que visam atender aos requisitos dos produtos cárneos estão relacionadas à:
- Barreiras a gases, vapor d’água e luz para a conservação de propriedades sensoriais:
- Hermeticidade para evitar recontaminação;
- Resistência química para minimizar interação com o produto; e
- Resistência mecânica para ter bom desempenho no ambiente de produção, transporte e comercialização.
“Essas funções primárias devem sempre pautar as tendências e os novos desenvolvimentos de embalagens para carnes. Mas, no mercado altamente competitivo que temos atualmente, devem ser levados em consideração ainda os aspectos relacionados às tendências atuais de consumo, especialmente conveniência, saudabilidade, personalização, experiência, funcionalidade e sustentabilidade”, cita a pesquisadora.
Outra tendência em embalagens para carnes relaciona-se à digitalização das cadeias de valor que se acelerou em decorrência da pandemia, com cada vez mais emprego de inteligência artificial para otimização dos processos e integração por tecnologias de rastreio de embalagens (identificação por radiofrequência (RFID) e comunicação de campo próximo (NFC).
“As grandes oportunidades e tendências do setor residem em conectar tecnologias para gerar soluções, ou seja, manter a embalagem como o ativo essencial da marca a partir de tecnologias embarcadas”, salienta Fiorella Dantas.
No entanto, a pesquisadora ressalta que um dos principais desafios do setor está na sustentabilidade da produção:
“É preciso que as empresas garantam a qualidade e a segurança dos produtos acondicionados enquanto adequar as embalagens aos compromissos globais assumidos para redução do uso de materiais virgens e cumprimento das metas de sustentabilidade, o que inclui a adoção do conceito de economia circular”.
O que já mudou e ainda irá mudar nas embalagens para carnes?
Funcionalidades relacionadas à conveniência e praticidade continuam em alta e vão guiar as tendências em embalagens para carnes para os próximos anos. Além disso, embalagens para preparação ou aquecimento em forno de micro-ondas e para consumo on-the-go serão tendências.
No entanto, para Fiorella Dantas, a mudança mais recente está relacionada às embalagens serem reconhecidas por cuidar do meio ambiente.
“As embalagens para carnes devem promover impacto social positivo e adotar uma cultura coorporativa ética, o que é conhecido pela sigla ESG (Environmental, Social and Corporate Governance)”, explica.
Segundo Fiorella, o compromisso com a ESG mantém o foco nas embalagens principalmente nas questões de sustentabilidade.
“Fechar o ciclo da circularidade é o grande desafio das empresas que têm unido esforços, trabalhado com startups e assumido compromissos ousados para nortear o fluxo de capital para a construção de uma sociedade mais sustentável”, indica.
Já para os próximos anos, o ponto focal do segmento de embalagens para carnes será seu menor impacto ambiental por meio da redução de perdas de alimentos, envolvendo redução do consumo de material de embalagem, de energia e de água, além de possibilidades de reciclagem e reuso. “Essas tendências continuarão em pauta para os próximos anos”, opina Fiorella.
Além disso, a tecnologia será uma grande aliada para alcançar essas tendências. Ela permitirá cada vez mais a utilização de embalagens inteligentes que contribuem para a redução de perdas na cadeia, como a utilização de:
- Data logger - Mede a jornada de temperatura do produto e indica se ele está apto para consumo;
- Sistemas que permitem a rastreabilidade;
- Impressão digital em embalagens menores para garantir precisão e dificultar falsificação;
- Selos ativos que indicam o limite de qualidade aceitável do produto (deterioração) etc.
A pesquisadora do ITAL salienta que é essencial que as empresas do setor se mantenham sempre atualizadas quanto às tendências de mercado.
“É necessário que exista muito estudo de mercado, considerando o comportamento do consumidor, leitura de relatórios, participação em eventos nacionais e internacionais, inclusive feiras”, completa.
Por fim, acompanhar newsletters internacionais e revistas da área também são importantes ferramentas, geralmente gratuitas.
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