Para superar os desafios da indústria de carne suína, o Brasil precisa investir cada vez mais em biossegurança e tecnologia no setor, ampliando a capacidade produtiva e competitividade mundial. Saiba mais detalhes!
Atualmente, o agronegócio brasileiro alimenta mais de 1,5 bilhões de pessoas em todo o mundo. E a indústria de carne suína no Brasil é promissora, colocando o país na 4ª posição entre os maiores produtores e exportadores dessa proteína animal.
Porém, há alguns desafios que precisam ser enfrentados, como a ideia de que a carne suína faz mal à saúde, adoção de práticas de biossegurança, além da tecnologia para aumentar a qualidade dos produtos e competitividade no mercado.
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Como está o mercado de carne suína no Brasil?
Segundo a Pesquisa da Pecuária Municipal realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2022 o rebanho cresceu 4,3%, somando 44,4 milhões de animais.
Esse aumento aconteceu devido à Peste Suína Africana (PSA), que afetou a produção suína da China, maior produtor e consumidor dessa proteína animal.
Apesar disso, o país continua sendo o maior importador de carne suína do Brasil, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Só em 2023, 388,6 mil toneladas do alimento foram exportados para lá.
Para 2024, a expectativa é que o consumo de carne suína cresça 4% em relação a 2023, segundo uma projeção feita pela Cogo, consultoria de inteligência em agronegócio. No próximo ano, espera-se que o consumo alcance o patamar de 21 kg por habitante.
Com relação ao custo de produção, o Brasil está entre os menores quando comparado a outros 17 países, entre eles os Estados Unidos. O custo menor é explicado pela eficiência produtiva, excelentes coeficientes zootécnicos e competitivos, além do investimento em biossegurança.
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Principais desafios enfrentados na indústria atualmente
Mundialmente, o mercado de suínos enfrenta alguns desafios, conforme a localização. Por exemplo, em países da União Europeia, o alto custo de ração, energia e questões ambientais é um impasse na produção da carne.
Já no Brasil e no México, o principal percalço está relacionado ao aumento da demanda interna e externa, impulsionada pelo aumento do preço da carne bovina. Ou seja, a necessidade de ter maior capacidade produtiva para atender o mercado consumidor.
Outro fator está relacionado a percepções culturais. A ideia de que a carne suína faz mal à saúde ainda persiste e desmistificar esse mito é um dos grandes impasses para a indústria.
Vale salientar que a carne de porco é uma das mais saudáveis do mundo, com baixo índice de gordura, além de saborosa.
Para conscientizar as pessoas sobre os benefícios dessa proteína animal, é necessário muito investimento em campanhas que esclareçam e demonstrem a qualidade da carne
Biossegurança na indústria de carne suína
A biossegurança é o conjunto de ações e procedimentos que visa impedir o surgimento de doenças no plantel.
Programas vacinais, protocolos sanitários e farmacológicos, além da higiene do processo e qualidade da água, devem ser realizados para melhorar a eficiência e qualidade da carne suína.
No Brasil, temos a Lei da Biossegurança Alimentar n.º 11.105 de 2005. Nela estão contidas normas de segurança e mecanismos de fiscalização de atividades relacionadas à produção de alimentos.
Conforme a lei, cada etapa do processo produtivo deve ser realizada de modo a preservar a saúde humana e proteger o meio ambiente, desde o cultivo até a mesa do consumidor.
O Brasil, apesar de sua eficiência produtiva, precisa evoluir na implementação de medidas de biossegurança em toda a cadeia produtiva, pois ainda há indústrias que seguem protocolos e métodos antigos de higiene, como a soda (hidróxido de sódio).
Das fazendas aos frigoríficos, é essencial adotar boas práticas que garantam a segurança dos alimentos, cumprindo as normas estabelecidas pela Lei da Biossegurança Alimentar e regulamentos técnicos, como as diretrizes da Agência Nacional de Vigilância em Saúde (ANVISA).
Por meio da Resolução n.º 215, de 15 de setembro de 2004, a ANVISA estabelece o regulamento técnico das boas práticas para os serviços de alimentação. São diretrizes que garantem as condições básicas, sanitárias e de higiene.
Investir em tecnologia e inovação também é essencial para melhorar a eficiência e a qualidade dos processos de produção, principalmente no abate, industrialização e consumo.
Boas práticas de biossegurança alimentar
Instalações e condições dos equipamentos
Iluminação, dimensão e local de instalação devem garantir fluxo ordenado de atividades, facilitando a limpeza, manutenção e desinfecção regular.
Higiene ambiental
Organização dos ambientes e áreas críticas da indústria alimentícia é fundamental para garantir a qualidade dos alimentos.
Essa limpeza deve ser realizada em todo o ambiente, desde os utensílios a serem utilizados até os colaboradores, por meio do uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs).
Escassez de mão de obra especializada na indústria
O setor de alimentos é um dos menos automatizados do mundo, por isso, necessita de mão de obra especializada – o que faz com que o preço dos alimentos aumente mundialmente.
A pandemia de covid-19, por exemplo, ampliou os desafios de mão de obra especializada na indústria de carne suína, destacando a necessidade de atrair e reter talentos especializados, que exigem maior remuneração.
Os trabalhadores perceberam que é mais importante trabalhar visando crescimento profissional e financeiro. Por isso, a remuneração alta passou a ser uma exigência para a indústria no mundo todo, afetando ainda mais o setor.
Baixa adoção de tecnologia e inovação na indústria de alimentos
A escassez de mão de obra qualificada e os baixos salários são obstáculos para a modernização e automação.
Investir em treinamento e desenvolvimento profissional, bem como em infraestrutura adequada, é fundamental para impulsionar a eficiência e a competitividade da indústria.
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A automação é essencial para que os negócios possam sobreviver no mercado. Além de reduzir custos, aumenta a produtividade e garante qualidade aos alimentos, principalmente carnes.
É possível ter também:
- maior controle sobre a produção, conforme a demanda;
- menos desperdício de insumos, matéria-prima e carne;
- maior produtividade e custo operacional menor;
- maior vantagem competitiva.
A importância do bem-estar animal na indústria de carne suína
É crucial garantir que o processo de abate dos suínos seja realizado com atenção, visando assegurar a qualidade e segurança da carne. Os animais devem ser manuseados com cuidado, evitando ao máximo situações que possam causar estresse.
A nutrição adequada também é fundamental para garantir a qualidade do abate e da carne. Isso pode ser impulsionado pela tecnologia, que vem atuando no desenvolvimento de rações balanceadas para o crescimento saudável dos animais.
Também é fundamental permitir que os animais tenham um período para descansarem, o qual deve ser conduzido de forma humanitária, antes do momento de abate.
A utilização de equipamentos apropriados e o manejo dos animais sem causar estresse são medidas cruciais para assegurar a excelência do produto final.
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Competição no mercado interno
A carne suína tem ganhado espaço no mercado, se tornando mais competitiva em relação à carne bovina e de frango.
Conforme dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a diminuição do preço da carne suína é impulsionada pelo início do ano, quando as pessoas tendem a comprar menos.
Apesar dos desafios enfrentados, há oportunidades significativas para o crescimento e a inovação. Investir em biossegurança, tecnologia e bem-estar animal é fundamental para superar os desafios atuais e garantir um futuro sustentável para a indústria.
Ao adotar práticas de produção responsáveis e centradas no consumidor, o Brasil pode continuar a fortalecer sua posição como um dos principais produtores do mercado de carne suína.
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