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Como equilibrar a demanda de proteína animal com os altos custos

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Um bate-papo com especialista do setor abordou os desafios na produção de proteína animal e como enfrentar esse cenário; confira.

Nos últimos dois anos, o produtor de proteína animal brasileiro vem enfrentando dificuldades para administrar seus custos de produção, principalmente em decorrência da alta das commodities no cenário internacional.

Mas, com a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, recentemente deflagrada, e os efeitos da pandemia, o cenário ficou ainda mais agravado, resultando em uma galopante elevação dos preços.

Assim, para entender as consequências e o que pode ser feito para enfrentar este cenário desafiador, a TecnoCarne convidou Jorge Zaidan, apresentador e jornalista do Canal do Boi, para mediar um painel durante o evento digital Warm Up, que contou com dois especialistas da área: Luis Renato de Alcântara Rua, diretor de mercados da ABPA, e José Antonio Ribas Junior, diretor de ESG da Seara Alimentos.

Como enfrentar os impactos das altas das commodities

Jorge Zaidan iniciou o webnar explicando que há cerca de 2 anos a escalada de preços das principais commodities, principalmente soja, milho e petróleo, exigia do setor a adoção de medidas para controlar ou ao menos mitigar os riscos.

Porém, ele ressaltou que nos últimos meses os problemas aumentaram significativamente com alto custo do petróleo, o aumento de 100% nos fertilizantes e o crescimento constante do preço da soja e do milho. “Como administrar tudo isso?”, perguntou Zaidan.

Para Luis Rua essa é uma questão bastante complexa. Ele afirmou que nos últimos meses o mundo se transformou muito, afetando também os custos de produção de aves e suínos.

“Os custos dos grãos, por exemplo, atingiram altas históricas neste período, tornando a situação muito mais complicada para a granja. Os demais custos de produção também foram elevados na indústria, principalmente para enfrentar um ambiente de COVID-19 para garantir alimentos seguros para o consumidor”, disse o diretor de mercados da ABPA.

Como solução para ao menos amortizar estes custos, Rua cita a importância das exportações: “Passar todo o custo ao consumidor do mercado interno é impossível, então a exportação funciona como uma excelente alternativa dentro do atual momento”.

O setor já superou muitos desafios

José Antonio Ribas Junior, diretor de ESG da Seara Alimentos, ressaltou que o setor de aves e suínos vem enfrentando sistematicamente muitos desafios, mas que todos foram devidamente superados.

“Passamos pela carne fraca em 2017, greve de caminhoneiros em 2018, pandemia em 2020 e demais problemas, mas superamos, ou estamos superando, todos. Costumo dizer que o agronegócio é o Brasil que deu certo”, disse o executivo da Seara.

Para Ribas, o enfrentamento de toda essa complexidade da cadeia passa pela gestão eficiente de entidades, empresas e produtores que trabalham para oferecer um produto seguro ao consumidor.

Neste contexto, Luis Renato Rua tem certeza de que sobreviveremos também aos efeitos da pandemia e da recente guerra entre a Rússia e a Ucrânia. “Trabalhamos muito duro para isso e de forma unida vamos superar mais esse desafio. Para isso, precisamos criar claras políticas de estado para atender o mercado consumidor”, complementa o diretor de mercados da ABPA.

Na mesma conjuntura, Ribas explica que o Brasil parte de uma condição superior diante de seus grandes concorrentes no enfrentamento dos problemas mundiais. “Somos grandes produtores, mas precisamos perseverar na competitividade quanto aos custos de produção. Para isso, devemos resolver questões estruturais internas relevantes, como logística, biossegurança, segurança jurídica e afins.”

Mas, independentemente destes muitos desafios, José Ribas está certo de que o agronegócio brasileiro tem toda a capacidade de ser a alternativa para suprir a demanda mundial de alimentos.

Questão internacional em pauta

Outra pauta discutida no webnar do Warm Up foi a questão internacional, principalmente a China. Jorge Zaidan ressaltou que o país asiático ainda não se recuperou da última peste suína africana e ainda vai continuar tendo que importar muita carne suína brasileira.

Neste contexto, Luis Renato Rua explica que o próprio governo chinês entende que 5% do consumo do país deve vir das exportações e o Brasil vai continuar sendo um grande fornecedor.

“Em uma população que consumirá cerca de 60 milhões de toneladas, pouco mais de 3 milhões dessa demanda será importada. Ou seja, a China deve continuar comprando e o Brasil vem se mostrando como um parceiro muito sólido e relevante”, salientou.

No caso das aves, o especialista da ABPA ressaltou que os preços internacionais estão aquecidos por algumas questões, como a saída da Ucrânia do mercado fornecedor e a valorização do real. Essa valorização pode fazer com que as cotações das commodities sejam levemente reduzidas, mesmo estando em patamares ainda muito elevados.

Por fim, apesar dos números expressivos da nossa exportação, José Ribas ressaltou a importância de conquistar o mercado interno. “Temos um mercado interno gigantesco que ainda precisa ser explorado pela carne de aves e suínos, principalmente diante da escalada de preços da carne bovina. Precisamos acessar todas as classes de consumidor, da classe A até as classes D e E”, concluiu.

Neste painel do Warm Up uma mensagem ficou clara: em toda crise há oportunidades, basta ter organização e gestão para aproveitá-la. O agronegócio brasileiro tem capacidade para superar mais este desafio.

O evento digital Warm Up abriu a Jornada Fispal Tecnologia & TecnoCarne 2022 com uma programação especial para aquecer as indústrias de alimentos, bebidas, proteínas e embalagens. O conteúdo completo fica disponível na Plataforma Digital. Faça aqui seu credenciamento, confira o bate-papo completo entre os especialistas e prepare-se para o maior encontro de negócios do setor: de 21 a 24 de junho, a Fispal Tecnologia & TecnoCarne estarão juntas na São Paulo Expo e na Plataforma Digital. Não perca!

 

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