Durante muitos anos, a agroindústria brasileira teve questionada a qualidade de seus produtos de origem animal. Mas isso já ficou no passado e hoje o setor atua em outro patamar, principalmente devido aos diferentes tipos de certificação sanitária para frigoríficos que garantem a segurança alimentar do consumidor nacional e internacional.
Porém, diante de um cenário de exportações crescentes, acentua-se ainda mais a necessidade de as empresas brasileiras do agronegócio buscarem certificações específicas para atender aos rumos que acenam para o setor, principalmente no atendimento de comunidades específicas ou para atestar características relacionadas ao produto e ou rastreabilidade deste.
Listamos quais os tipos de certificação para frigoríficos que permitem que o setor atenda o mercado consumidor de diferentes comunidades ou que ateste características específicas de um produto.
1: SISBOV
O Sistema Brasileiro de identificação individual de bovinos e búfalos foi criado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), para que seja utilizado como uma ferramenta de controle sanitário para fiscalizar as propriedades rurais que querem produzir e comercializar suas carnes para o mercado mundial.
Francine Sampietro, Coordenadora de operações de Carnes da Sanity Consultoria & Treinamento, explica que o SISBOV é o sistema oficial de identificação individual de bovinos e búfalos. “Sua adesão, pelos produtores rurais, é voluntária, exceto quando definida sua obrigatoriedade em ato normativo próprio, ou exigida por controles ou programas sanitários oficiais”.
Atualmente, a Instrução Normativa MAPA nº 51, de 1 de outubro de 2018, aprova a norma operacional que é utilizada para embasar a certificação oficial brasileira para países que exijam a rastreabilidade individual de bovinos e búfalos.
2: Certificação Halal
Antes de falarmos da certificação para frigoríficos Halal, cabe citar o significado dessa palavra. Francine Sampietro explica que Halal ( حلال ) no idioma árabe significa permitido, autorizado, lícito, legal, dentro da lei. “O certificado para frigoríficos Halal está de acordo com as regras estabelecidas pela Lei Islâmica (Shariah) que rege os costumes e à vida diária dos muçulmanos”.
Assim, o Certificado Halal é um documento fiel de garantia emitido por uma instituição certificadora Halal reconhecida por países islâmicos, para atestar que a empresas, processo e produtos seguem os requisitos legais e critérios determinados pela jurisprudência islâmica (Sharia).
Para frigoríficos, a Certificação Halal atesta que determinado produto respeitou um conjunto de regras em todas as suas etapas de produção e industrialização. Com isso, quando um consumidor islâmico adquire um produto cárneo com a certificação Halal, saberá que ele foi produzido respeitando as regras estabelecidas por sua religião.
3: Certificação Kosher
De forma literal, Kosher significa ”próprio ou correto”. Francine explica que o termo é usado para descrever o alimento permitido de acordo com as leis alimentares judaicas, que são bem específicas. “Os detalhes de kashrut (o conjunto de leis relativos a comidas e bebidas) são muito extensos”, lembra a especialista.
Esse certificado para frigoríficos (ou qualquer outra indústria de alimentos e bebidas) é mundialmente reconhecido e atribuído como sinônimo de controle máximo de qualidade e representa um documento emitido para atestar que os produtos fabricados por uma determinada empresa obedecem às normas específicas que regem a dieta judaica ortodoxa.
Por essa razão, o processo de emissão para um Certificado Kosher depende da colaboração e total transparência nas informações que serão permutadas entre a empresa que fabrica o produto e a entidade judaica que emitirá o documento.
A modo de curiosidade, vale citar que a comida que não estiver de acordo com a lei judaica é chamada de treif ou treyf.
4: Certificado Angus
Saindo das exigências de comunidades específicas, há também aqueles certificados para frigoríficos que vão atestar a qualidade ou a rastreabilidade de produtos cárneos. Esse é o caso do Programa Carne Angus Certificada.
Francine Sanpietro explica que o Programa Carne Angus Certificada foi criado em 2003 pela Associação Brasileira de Angus, inspirado no Certified Angus Beef ® dos Estados Unidos da América. “O projeto foi idealizado com o objetivo de valorizar o produtor rural e ofertar ao consumidor uma carne com garantia de qualidade. No ano de 2007, o programa tornou todo o processo de certificação auditável em nível internacional, sendo o primeiro programa de carnes do Brasil a atender este nível de excelência”, explica Francine.
Na atualidade, o programa é um sucesso. Mais de 40 unidades frigoríficas de 13 frigoríficos são parceiros do programa, incluindo os principais frigoríficos do país, em 12 estados brasileiros, que conta com mais de 5 mil produtores beneficiados.
Os pré-requisitos para o animal ser certificado como Angus são claros: mínimo de 50% de genética Angus, animais jovens, com cobertura de gordura mínima mediana e conformação de carcaça adequada.
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Colaboraram: Ricardo Fernandes, Alexandre Panov Momesso, Daniel Bertuzzi Vilela e Cleober Fazani