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Apesar do custo, automação na indústria de carnes é questão de sobrevivência

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Especialistas do setor reconheceram que o acesso a novas tecnologia pode ser custoso, mas, no longo prazo, significa a permanência de produtores e frigoríficos no circuito

O mercado de carnes e de produtos cárneos tem ganhado novas empresas e países participando da produção e industrialização. Com o aumento da concorrência, a implementação de novas tecnologias de automação para melhorar e acelerar processos tem se tornado cada vez mais importante.

Dentre essas novas tecnologias, destaque para a inteligência artificial, que permite aperfeiçoar processos ao longo do tempo por meio de processos chamados conhecidos como machine learning, que permitem às máquinas aprenderem sobre aquilo que elas fazem por meio da repetição e do acúmulo de dados em seus processadores.

Diante disso, tecnologias de automação e inteligência artificial têm um valor amplo porque abrangem desde inteligência de mercado a processos de produção e indústrias, que têm como ponto de partida exatamente a coleta e o tratamento de dados.

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É com esse tipo de solução que a Ecotrace Solutions tem trabalhado para melhorar a eficiência da cadeia de produção de proteínas. “Hoje, a gente atua com bovinos e aves. Com mão de obra humana, é impossível classificar 100% das aves, mas é possível realizar esse processo integralmente com tecnologia de automação para detecção de determinadas condições dos animais, como dermatite, dermatose, entre outras”, conta Flavio Redi, CEO da empresa.

O executivo explica que o algoritmo analisa, uma a uma, 180 aves por dia para encontrar problemas de variados tipos. Sem a máquina, o trabalho pode ser feito por uma pessoa, que olha para a carcaça e dá uma nota para ela depois de identificar eventuais contusões ou doenças. “Todo dia o algoritmo aprende. Quando a gente coloca a câmera, mas tira a inteligência artificial e deixa as pessoas fazendo a análise, dá uma diferença de 40% (na precisão do diagnóstico)”, explica.

“Quando você junta tudo isso e a indústria vê valor, você viabiliza o projeto. Mas, hoje, o custo ainda é alto por conta dos equipamentos. Uma câmera especial é cara, e, dentro da indústria, tudo precisa ser de inox por causa do padrão alimentício, inclusive as câmeras e sensores. Além disso, tem que funcionar um servidor local na planta porque a gente não tem conectividade o suficiente para manter na nuvem”, diz o CEO da Ecotrace Solutions.

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Ele admite que, diante disso tudo, acaba sendo um projeto de alto custo, mas, na linha todo tempo, isso tende a oferecer retornos relativamente rápidos, segundo ele, a partir já do primeiro ano de operação. E, no longo prazo, pode significar a sobrevivência.

Carne que agrega valor

Todas essas possibilidades ainda são relativamente novas para a pecuária brasileira, que é composta por um número grande de pequenas empresas. Ainda assim, as novidades tendem a ser cada vez mais frequentes em frigoríficos e produtores de variados tamanhos, e, talvez mais rapidamente, naqueles que têm por objetivo agregar valor aos seus produtos, ou seja, apostam em produtos premium.

Segundo Marcelo Coutinho, CEO da Brasil Beef Quality, quem mais tem trabalhado com as novas tecnologias são aqueles que precisam oferecer algo fora da curva para seus clientes. “Eles têm a necessidade de agregar valor porque vendem mais caro e precisam disso para fidelizar o cliente. Quem consome a carne cinco estrelas, por exemplo, está disposto a pagar até 25% a mais do que o valor de uma carne quatro estrelas, e 50% a mais do que no produto três estrelas. Mas a empresa precisa garantir essa qualidade”, diz Coutinho.

Os processos mais automatizados e especializados não servem somente para melhorar a qualidade do produto, mas, também, para comprovar junto ao consumidor que aquela proteína é realmente diferente da maioria dos produtos disponíveis no mercado. “Nesse processo, entra também a inteligência artificial. Eu tenho 50 mil observações no banco de dados de consumidores que levaram carne e deram a nota, e eu sei a nota por conta da análise feita por inteligência artificial”, explica.

Custo tende a melhorar ao longo da cadeia

Para Coutinho, da Brasil Beef Quality, “o custo das novas tecnologias tende sempre a melhorar. A tecnologia vai ficando escalando e ficando barata”, o que facilita naturalmente o acesso dos frigoríficos menores. Mas ele destaca que, não apenas a pequena e média indústria precisa recorrer a essas soluções, mas também os pequenos e médios produtores.

“A fazenda precisa também recorrer às novas tecnologias, porque anotar dados na caderneta não funciona mais. É preciso registrar de modo digital para o sistema organizar esses dados e lançar as informações no software”, explica Coutinho. “Mais caro que a tecnologia é permanecer sem dados para saber de onde você vem e para onde está indo”, destaca.

Na fazenda, a grande questão é ter dados do animal. Cerca de 80% dos produtores não pesam os animais por questão de custo e falta de balança. Coutinho destaca que o produtor deve aderir a tecnologias, ainda que sejam as mais acessíveis e não exatamente as de ponta, para, ao menos, acompanhar o desenvolvimento do animal e calcular o ponto ótimo de venda. “Hoje, isso é feito ‘no olho’, e é muito subjetivo. Então, coletar dados e ter tecnologias que te orientem sobre desenvolvimento é o melhor para efetuar a melhor venda”, destaca.

“Hoje, com os custos de produção, se o produtor não iniciar um projeto de automação, dificilmente ele vai conseguir se manter na pecuária no longo prazo, diz Redi, da Ecotrace Solutions. “Por mais que seja caro, tem que aderir para melhorar o rendimento”, avalia.

Redi conta que, para integrar toda a cadeia nesse processo de automação, grandes empresas de nutrição estão se dedicando a não apenas vender aditivos, mas também prestar serviço no desenvolvimento de softwares ao produtor. “Isso proporciona coletas de dados mais eficientes para medir o desempenho dos produtos. Tem companhias que tiveram essa visão (de otimizar a cadeia) e estão tentando disseminar isso, da fazenda à gôndola”, conclui.

 

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