A carne de frango é um dos alimentos mais presentes na dieta do brasileiro devido a sua qualidade nutricional, facilidade de preparo, disponibilidade e custo. Esses são alguns dos motivos pelos quais o consumo de frango no Brasil é significativamente alto. De acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o consumo médio de carne de frango per capita foi de 45,2 kg em 2022, o que equivale a aproximadamente 3,7 kg por mês.
Este é um número bastante significativo, principalmente se compararmos com um dado histórico. Também de acordo com a ABPA, o consumo médio per capita era de 10 kg em 1986, ou seja, o aumento foi de mais de 350% em 36 anos.
É possível atribuir esse crescimento a vários motivos, como o fato de ser uma proteína animal geralmente mais barata que a bovina ou suína, além de ser versátil e saudável. Porém, não há como deixar de considerar também o desenvolvimento do setor no Brasil.
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Panorama do mercado de aves brasileiro
Segundo o relatório anual da ABPA, o país é o maior exportador e segundo maior produtor de carne de frango do mundo, tendo produzido 14.524 milhões de toneladas em 2022. O Brasil perde apenas para os Estados Unidos, que produziram 21.005 milhões de toneladas no mesmo período.
Além disso, em 2022, foram exportadas 4,8 milhões de toneladas (ou 4,8 bilhões de kg) da proteína para mais de 150 países — 66,8% da carne de frango produzida no país é destinada ao mercado interno, enquanto 33,2% é voltada para exportações.
Este panorama evidencia a importância do mercado de aves no Brasil, tanto em consumo como em produção. Porém, não deixa de haver desafios que precisam ser conhecidos e encarados pelos produtores e outros envolvidos na indústria.
Quais são os maiores desafios do setor avícola no Brasil?
Mesmo com números significativos, especialmente ao se considerar o grande aumento no consumo de frango no Brasil nos últimos anos, há pontos críticos que devem estar no radar da indústria pelos próximos anos.
Aumento nos custos de produção
É fato que o frango é uma proteína acessível, mas houve um aumento significativo nos custos de produção nos últimos anos, o que, consequentemente, eleva o preço para o consumidor final.
Dados da Produção Agrícola Municipal (PAM), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostraram que o valor de produção das principais culturas agrícolas do Brasil atingiu o valor recorde de R$ 830,1 bilhões em 2022, alta de 11,8% em relação ao ano anterior.
Considerando que o milho e a soja são correspondentes a aproximadamente 70% da composição da ração animal, os custos produtivos devem estar no radar da indústria. No entanto, o aumento de produtividade do setor avícola gerou uma economia de tempo e quantidade de ração para o ganho de peso do animal.
Antigamente, era preciso aguardar 105 dias para que o frango chegasse ao peso de abate, sendo necessários 3,5 kg de ração para o ganho de 1 kg de peso. Atualmente, o ciclo de crescimento é de 40 dias (redução de 62%) e a proporção é de 1,6 kg de ração consumida para 1 kg de ganho de peso (aumento de 55%).
Hoje, portanto, leva-se menos tempo e ração para que a ave chegue ao peso de abate, o que contribui para a produtividade de toda a cadeia.
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Barreiras comerciais impostas pelos países importadores
Ainda de acordo com a ABPA, estima-se que o Brasil termine 2023 como o maior exportador de carne de frango do mundo, com 37,8% de todos os embarques. Dos 13,606 milhões de toneladas que devem ser exportadas no ano, 5,15 milhões de toneladas serão de carne de frango do Brasil.
Mesmo tendo ocupado a liderança em 2022 e, ao que tudo indica, o fazendo também em 2023, é preciso estar atento às barreiras que podem ser impostas pelos países importadores. Isso demanda um nível de qualidade e segurança alimentar ainda maiores por parte dos produtores.
Alguns países, como a União Europeia, a Argentina, o México, a Índia e a Arábia Saudita, exigem licenciamento de importação, testes laboratoriais, certificados sanitários ou impõem tarifas de importação para o frango brasileiro, alegando questões de saúde pública.
O Brasil, por sua vez, argumenta que essas medidas são desproporcionais e injustificadas, e que visam proteger os produtores locais da concorrência do frango brasileiro. O país também já recorreu à Organização Mundial do Comércio (OMC) para contestar algumas dessas barreiras, mas ainda enfrenta dificuldades para acessar alguns mercados.
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Adaptação às novas demandas dos consumidores
As tendências e perspectivas para o mercado de proteínas alternativas indicam que o consumo deste tipo de alimento deve aumentar cada vez mais. Dados da pesquisa Grains of Truth 2022, elaborada pela GlobeScan e pelo EAT, indicam que 42% dos consumidores em todo o mundo acreditam que estarão consumindo alimentos baseados em plantas ao invés de carne.
Ainda existem alguns desafios para esta indústria, como os altos custos de produção e a oferta ainda limitada de produtos, mas a tendência é de crescimento do mercado. A pesquisa “O Consumidor Brasileiro e o Mercado Plant-Based 2022”, feita pelo instituto GFI Brasil, mostrou que 67% dos brasileiros diminuíram o consumo de carne bovina nos últimos 12 meses, 17 pontos percentuais a mais que em 2020.
Um dos motivos que leva a esta decisão é o bem-estar animal, e uma das formas de manter o consumo de frango no Brasil tão alto quanto possível, bem como de outras proteínas animais, é investir no bem-estar animal em todas as fases de sua vida até o momento do abate.
Consumo de frango no Brasil: uma potência a ser preservada
Manter-se entre os líderes do mercado de aves é muito positivo, tanto pelo mercado de aves no Brasil quanto pelas exportações, mas há caminhos a serem trilhados para superar esses obstáculos.
O consumo de frango no país deve continuar em alta pela versatilidade, acessibilidade e pela qualidade desta proteína. A indústria brasileira tem tudo para superar os novos desafios do mercado, com seu desenvolvimento, tecnologia e robustez.
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