A tecnologia agropecuária avançou muito nas últimas décadas. Se fizermos um panorama, em 1996 a tecnologia respondia por 50,6% do total da produção do agro. Uma década depois, esse percentual passou para 56,8%, e, em 2017, saltou para 60,6%. Os dados são do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
O avanço é a prova de que a tecnologia agropecuária nos últimos anos tem disponibilizado diversas soluções inovadoras que estão sendo responsáveis por melhorar a eficiência do processo.
Essa evolução também vem refletindo positivamente na eficiência do processo e na qualidade do produto na etapa “fora da porteira”, aumentando a disponibilidade e o padrão de qualidade das mercadorias.
Para entender melhor sobre este cenário, conversamos com Fernando Kunzel, e Diego Maurell, economistas e sócios na L6 Capital Partners, e Giampaolo Busu, CEO da Paripassu.
Com experiência na área, eles nos mostram quais são as tecnologias agropecuárias utilizadas e como elas estão impactando o setor de alimentos como um todo.
A tecnologia agropecuária dobrou a produção em duas décadas
Nos últimos 20 anos, o impacto da tecnologia e da inovação praticamente ajudaram a dobrar a produção agropecuária no Brasil. GPS, sistema integrados, drones, sensores, agricultura de precisão e softwares de gestão agrícola são algumas das principais tecnologias que têm facilitado a gestão e diminuído os custos.
Segundo Fernando Kunzel, os sistemas integrados também representaram uma importante inovação dos últimos anos. “Hoje é muito fácil acessar todos os dados através da tela do computador ou smartphone. Os gestores têm acesso e controle total de toda a plantação”, explica o economista.
Diego Maurell cita os softwares de gestão agrícola como outra tecnologia agropecuária presente na administração rural. “O gestor consegue realizar toda a gestão da fazenda por meio dos softwares. Na prática, o sistema beneficia vários aspectos do negócio, como a gestão financeira, das máquinas, livro caixa, nota fiscal eletrônica, entre outros”.
A tecnologia agropecuária tem refletido na eficiência do processo, na qualidade e disponibilidade do produto, além de influenciar no padrão dessa mercadoria que chega até o mercado, seja ele in natura ou processado, com benefícios que vão além da porteira.
Giampaolo Busu acredita que a adoção de tecnologia, dentro dos processos produtivos de manipulação ou de preparação desses alimentos, até o mercado e o consumidor final, deve seguir numa velocidade muito grande. “A eficiência é a palavra de ordem que vai reger a produção e a comercialização de alimentos in natura ou processados, para o consumidor final”, analisa.
O CEO da Paripassu ressalta que o grande benefício para a indústria de alimentos e bebidas é ter um processo de fábrica com uma capacidade de abastecimento mais estruturada e alinhada às demandas de sustentabilidade que a sociedade pede.
Transparência na relação entre a tecnologia agropecuária e o setor de alimentos
Com a adoção das tecnologias agropecuárias, a indústria de alimentos e bebidas alcançou e seguirá conquistando ganhos de produtividade, redução de custos, agilidade na gestão, segurança e garantia de qualidade dos produtos, melhorias que impactam toda a cadeia.
Segundo Giampaolo Busu, a transparência é um ponto que irá alinhar os objetivos da atividade agropecuária e da indústria de alimentos.
Via transparência, as tecnologias agropecuárias permitem que a indústria tenha um controle de registro mais assertivo e organizado e com a evidência do que acontece em cada uma das etapas.
“A relação campo/indústria vai se beneficiar por conta dessas evidências que são os registros, os processos para cada uma das etapas, no sentido realmente de compartilhar, para que se discuta de forma evolutiva o benefício equilibrado entre as partes”, diz o CEO da Paripassu.
Sustentabilidade como guia na relação entre agropecuária e indústria alimentícia
Os especialistas concordam que a tecnologia agropecuária é um dos fatores que promoverá maior sustentabilidade, tanto no campo, quanto na indústria de alimentos e bebidas.
“Sem dúvida, nos próximos anos o foco vai estar na sustentabilidade da agropecuária e consequentemente da indústria de alimentos. O destaque para o futuro próximo está nas tecnologias relacionadas à sustentabilidade, portanto a questão da água e redução de carbono são tendências do futuro”, afirma Diego Maurell.
Giampaolo Busu acredita que a adoção de tecnologia para minimizar os impactos ambientais e o comportamento da empresa é fundamental para que nós tenhamos de fato uma contribuição positiva nesse caminho.
Outro ponto que também está revolucionando o setor, segundo Fernando Kunzel, são as startups de tecnologia agropecuária. “A quantidade de startups tem crescido muito, e trabalham no desenvolvimento de inovações no setor de agronegócio através de novas tecnologias”, diz o economista da L6 Capital Partners.
Assim, indústria e o campo precisam dialogar sobre como os avanços podem acontecer, também em uma área ainda pouco explorada, que é a comunicação mais efetiva com o consumidor final.
“A possibilidade de se comunicar e colocar estratégias de esclarecimentos conjuntas no mercado pode ser um divisor de águas, junto a maior representatividade dessa cadeia de abastecimento, que é o consumidor final”, finaliza Giampaolo Busu.
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