As grandes marcas do século 20 que chegaram ao século 21 com a robustez anterior têm um aspecto em comum: a adaptação a um novo cenário, mais digital e democrático. São os casos de Mondelez e Unilever, que entenderam a importância de transcender o papel de detentoras de grandes marcas, atuando em prol de todo o ecossistema do mercado de alimentos.
No painel “Comércio Digital para indústrias: ecossistemas como aliados para escalar o seu negócio” da Fispal Tecnologia & TecnoCarne, Guido Carelli, vice-presidente de B2B da Infracommerce, empresa de tecnologia para a indústria, mencionou o case das duas gigantes como exemplo de construção de um ecossistema digital no setor de alimentos.
A Infracommerce é uma das empresas de tecnologia que tem permitido essa conexão entre diferentes membros da cadeia. A companhia oferece soluções para que a indústria consiga escalar suas soluções de maneira mais simples e engajar seus produtos com negócios digitais.
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A empresa tem plataformas B2B e B2C, omnichannel (online casado com o off-line), trabalha com tecnologia de pagamento e até crédito para pequenas empresas, cria algoritmos para análise de ruptura de estoques, entre outras soluções ao longo da cadeia.
Carelli diz que, hoje, o consumidor quer ser atendido com ofertas direcionadas especificamente para ele, e, por isso a chamada omnicanalidade (presença em todos os canais) é essencial. “Para isso, é necessário um apoio de ecossistema que integre tudo, e não só internamente, mas com parceiros variados. Todos se juntando em um único espaço para trazer a melhor solução”, explica.
Pequenos e médios também ganham
Para a grande empresa, a construção de ecossistema no ambiente digital significa aumentar a possibilidade de receitas. E para o pequeno e médio, a maior contribuição é o aumento da exposição em um ambiente digital que tem a força de atração de grandes marcas, levando fluxo e aumento de receitas para essas empresas menores. “O Mercado Livre, por exemplo, pé uma referência, oferecendo não só o canal de venda, mas meios de pagamento, canais de logística e outras soluções”, destaca.
Redução no valor de taxas de cartão
Para as empresas de alimentação de portes médio e pequeno, além do ganho de escala, é possível negociar também taxas menores para recebimento de vendas feitas por cartão de crédito, que costumam custar entre 2% e 3% do total do valor para empresas que operam sozinhas. “Num ecossistema, a grande escala de negócios pode derrubar as taxas para algo próximo de 0,9%”, diz o executivo da Infracommerce.
Utilização de centros de distribuição
A construção de ecossistemas também tende a apresentar benefícios aos seus membros no âmbito da logística. Levando em conta que apenas grandes empresas podem optar por ter uma vasta rede de centros de distribuição (CDs), o acesso compartilhado a essas estruturas tende a ser a única maneira possível de reduzir a distância da planta fabril para a mesa do consumidor para a maior parte dos envolvidos na indústria de alimentos.
Vale lembrar que, mesmo para grandes marcas, os centros de distribuição compartilhados podem ser interessantes para reduzir custos e aumentar a capilaridade. “A capacidade logística também é habilitada por ecossistemas, que permitem, por exemplo, que as empresas cheguem em qualquer lugar do Brasil em apenas 2 dias. Além da redução do tempo, o custo do frete por pedido também cai”, explica Carelli.
Case Unilever
A Infracommerce tem parceria com a Unilever no projeto da gigante de bens de consumo de se aproximar dos seus parceiros do food service. As empresas desenvolveram juntas um marketplace para que os distribuidores consigam se conectar com os operadores, incrementando canais, lançando serviços de casback e até mesmo linhas de crédito. Também neste caso, o resultado foi um ticket médio maior. “Ecossistemas costumam se converter em resultados reais para essas gigantes de bens de consumo, mas também para as empresas que circulam em sua órbita”, garante o executivo da Infracommerce.
O marketplace Compra Food Service, que pertence à Unilever, funciona como um shopping center online, reunindo lojas de todo o país. A solução busca ajudar restaurantes, bares, lanchonetes, padarias e pizzarias a abastecerem seus estoques. Com o marketplace é possível também comprar acessórios, embalagens e utensílios além de acessar serviços de manutenção, financeiro e de contratação de mão de obra.
A operação é 100% digital, oferece consultoria técnica com acompanhamento e desenvolvimento dos negócios dos membros do marketplace, tem um núcleo de relacionamento com parceiros e ainda oferece vendas por WhatsApp e telefone.
Case Mondelez
A Mondelez é outra entre as empresas globais que optou por ser o centro de um ecossistema, assumindo a função de ser responsável por organizar a cadeia. “A empresa juntou seus distribuidores embaixo de um marketpalce que ela criou com a Infracommerce para atender o varejo. A solução começou em 2019 e depois trouxe aplicativo, assistente virtual, canal via WhatsApp e agora está trazendo serviços diferentes conforme a empresa vai entendendo necessidades e incrementando serviços”, diz Carelli.
O ganho de eficiência ao longo da cadeia não é a única maneira de a empresa incrementar seus resultados financeiros. Com o ecossistema, é possível vender um espaço no seu marketplace, além de soluções variadas. Hoje, é comum em todos os setores as empresas mais tradicionais inserirem no seu balanço importantes retornos com serviços para outras empresas do mesmo setor.
Para a Mondelez, ser o centro do ecossistema significou um tíquete médio incremental e, hoje, o digital se torna relevante para a gigante, com receitas oriundas de meios de pagamento, crédito, aplicativos, CRM que conecta o vendedor, varejo e indústria, entre várias outras soluções.
Na páscoa de 2022, a empresa fechou uma parceria com a Americanas para potencializar suas vendas de chocolate aumentando a exposição dos produtos na loja física e no mundo virtual. “Em uma estratégia omnichannel baseada em três pilares, o principal desafio da ação foi manter o consumidor no foco e fortalecer a marca através dos próprios produtos, mantendo em equilíbrio a experiência do consumidor e a geração de resultados”, disse a Americanas.
As empresas se uniram para articular campanhas com antecedência, com foco em gerar lembrança dos produtos da marca e onde encontrar os produtos de forma fácil. Durante a Páscoa houve aumento de volume de mídia e, posteriormente, de vendas. “Assim, conseguimos somar com a Mondelez para todo mundo ver e ter facilidade para comprar os chocolates”, explica a Americanas.
Para isso, as empresas uniram estrutura online to off-line (O2O), integraram as vendas do site com as das lojas físicas, aplicaram agilidade com os ovos de páscoa armazenados nos estoques das 1.800 lojas em todos os estados do Brasil, e liberdade de escolha, com os clientes podendo escolher entre retirar na loja ou receber o produto em até 3 horas. Tudo isso, graças à união de empresas de diferentes etapas da cadeia atuando em conjunto com a ajuda das tecnologias digitais.
Acesse a Plataforma Digital Fispal Tec e assista a palestra “Comércio Digital para indústrias: ecossistemas como aliados para escalar o seu negócio” da Fispal Tecnologia & TecnoCarne, com Guido Carelli, vice-presidente de B2B da Infracommerce, empresa de tecnologia para a indústria.
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