Tornar a fábrica sustentável é uma maneira de não apenas contribuir com o meio ambiente, mas, também, de diminuir custos na indústria e, assim, aumentar a sua produtividade e lucratividade.
Apesar de muitas empresas já estarem se movimentando para esse cenário, o tema ainda levanta muitas dúvidas. Afinal, é preciso encontrar o equilíbrio entre tornar a fábrica sustentável, reduzir custos e manter a qualidade de produção.
Siga com a leitura e conheça alguns âmbitos que podem ser priorizados nessa jornada, além de um caso de sucesso na área!
A importância da fábrica sustentável
A indústria de alimentos e bebidas está se esforçando para adotar práticas mais sustentáveis nos últimos anos. Afinal, as projeções indicam um crescimento populacional e um aumento no padrão de consumo de alimentos.
Por isso, é fundamental a adoção de boas práticas para que seja possível produzir para todos de forma sustentável e de qualidade.
O Brasil, por ser um grande produtor e fornecedor global de alimentos, tem uma importante participação nessa mudança. Assim, é preciso pensar dentro e fora dos portões da fábrica para que toda a cadeira atue de forma sustentável - e isso vale tanto para os impactos no meio ambiente quanto na sociedade de forma em geral.
Vale dizer, também, que há uma forte tendência global em aumentar a conscientização ambiental. Com isso, os próprios consumidores estão mais interessados e informados a respeito da procedência dos alimentos que consomem, exigindo, assim, que as indústrias comecem a prestar mais atenção nesses aspectos.
Pontos a serem considerados
A fábrica sustentável engloba pontos como a saúde e segurança do consumidor, mão de obra usada, rotulagem de produtos, sanidade animal, gestão da cadeia de suprimentos e logística reversa, entre outros.
Conheça, a seguir, o que pode ser mudado em alguns desses pontos para tornar a fábrica sustentável:
1 - Política Nacional de Resíduos Sólidos
A Política Nacional de Resíduos Sólidos está fazendo com que a gestão de todo o ciclo de vida do produto vá para outro patamar. Assim, todos os envolvidos precisam assumir as suas responsabilidades na logística reversa para que os resíduos sejam destinados de forma correta.
O grande desafio, aqui, está em encontrar tecnologias e políticas que permitam reaproveitar os resíduos de forma correta e, ainda, manter o valor econômico do material após a reciclagem.
Para tanto, indústrias estão adotando iniciativas diretas com os consumidores e parcerias com cooperativas, poder público, fabricantes de embalagens e o varejo.
Além disso, já é possível destacar um caso de sucesso no recolhimento do óleo de cozinha para produzir biodiesel. Assim, mesmo depois de utilizado com fins alimentícios, o óleo pode ser destinado à produção de biocombustível.
O mais interessante de iniciativas assim é que o biocombustível pode ser usado para a geração de energia. Dessa forma, a biomassa do bagaço da cana-de-açúcar, dos dejetos de aves e suínos e da casca de arroz se transformam em eletricidade e vapor.
Além de abastecerem a indústria, essas formas de energia podem se transformar em rendas adicionais.
2 - Logística reversa
A indústria de alimentos e bebidas não está na lista inicial dos produtos com logística reversa obrigatória. Ainda assim, o setor já está se movimentando com os demais elos da cadeia para fortalecer a atividade no âmbito das embalagens.
O sistema para implementar uma logística reversa de embalagens pós-consumo é bastante complexo. Há um grande esforço para que as embalagens se tornem recicláveis e, assim, o processo seja facilitado.
Outro ponto que vale ser destacado são as embalagens plásticas. Para ter uma ideia, o uso de pet incolor aumenta o preço do produto coletado em 30% para os catadores. Com isso, o valor do item é mais interessante para eles, se tornando prioridade.
O Brasil ainda está liderando mundialmente a migração da petroquímica para a alcoolquímica. Assim, abrem-se novas portas para as embalagens biodegradáveis, como o plástico de cana-de-açúcar. Este, além de ser mais facilmente degradável, emite cerca de 25% menos dióxido de carbono no seu processo produtivo.
3 - Reuso de água
A água é um insumo fundamental na indústria de alimentos e bebidas. Em uma fábrica sustentável, é preciso aplicar os esforços para diminuir o seu consumo e garantir a qualidade da água que é devolvida ao meio ambiente.
As exigências e normas para operação de fábricas são extremamente rigorosas em relação à qualidade da água. Por isso, elas ajudam a estimular o reuso e a economia da captação do recurso.
Para ter uma ideia, algumas indústrias reutilizam até a água extraída das próprias matérias-primas para aumentar a sua eficiência. Com isso, elas chegam a devolver para o meio ambiente até 1,5 litro para cada litro de água captada.
Conheça o case da fábrica sustentável da Nestlé
Em 2018, a Nestlé renovou o seu certificado de Impacto Ambiental Neutro em 3 dimensões: água, resíduos e emissões de carbono.
A fábrica sustentável em questão é a de cápsulas de café NESCAFÉ® Dolce Gusto®, em Monte Claros (MG). "Pelo fato de a unidade estar localizada em uma região de grande escassez hídrica, na Bacia do Rio São Francisco, a Nestlé implementou iniciativas inovadoras para garantir a captação neutra de recursos hídricos, como a reutilização da água extraída do leite condensado fabricado em sua instalação vizinha", explica a assessoria de imprensa da empresa.
Com isso, a fábrica de Leite Moça® fornece 100% da água que é usada no processo de produção das cápsulas de café. De acordo com a assessoria de imprensa, o projeto evita a captura de 68 mil m³ de água por ano: "com outras iniciativas, a companhia também evitou que 883 toneladas de lixo fossem para aterros no ano passado, uma vez que 100% dos resíduos industriais são devidamente destinados por meio de processos de reciclagem, coprocessamento e compostagem".
Além disso, toda a energia elétrica da fábrica é obtida por meio de fontes renováveis, e mais de 180 toneladas de gases de efeito estufa gerados pela planta em 2017 foram compensadas por créditos de carbono.
Os desafios para conquistar a fábrica sustentável ainda são muitos. No entanto, essa é uma mudança vital ser realizada, afinal, as leis estão cada vez mais focadas nesse âmbito e o consumidor tem exigido uma postura mais consciente das marcas. E a sua indústria, está pronta para essa realidade?