Para equilibrar impactos, a indústria de alimentos precisa adotar práticas sustentáveis, como a gestão de resíduos e a preservação de áreas naturais conforme a legislação. A seguir, veja detalhes sobre como o setor pode se adaptar ao Código Florestal em prol de um futuro responsável.
As regulamentações influenciam diretamente o setor alimentício. E, por isso, entender a relação entre o Código Florestal e a indústria de alimentos é fundamental. Confira abaixo como práticas sustentáveis podem ser tão benéficas para o meio ambiente quanto para a sua empresa.
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Quais são os impactos ambientais causados pela indústria alimentícia?
O Código Florestal, abordado pela Lei nº 12.651/2012, tem como objetivo proteger a vegetação nativa do Brasil. Ele visa a preservação da biodiversidade e do bem-estar das gerações presentes e futuras.
E, uma vez que a indústria alimentícia é uma das atividades que mais utiliza recursos naturais no mundo, ela está essencialmente ligada a essa legislação.
A produção de alimentos necessita de uma quantidade considerável de água, terra, energia e minerais. Segundo o WWF Brasil, além de ser responsável por quase 70% do consumo de água, um terço da superfície terrestre é ocupado por essa atividade.
É, também, a segunda maior emissora de gases do efeito estufa e a principal causa de remoção da vegetação nativa, o que leva à perda da biodiversidade.
Dito isso, toda a cadeia de produção de alimentos (da agricultura ao processamento industrial), gera diferentes riscos e impactos ao meio ambiente. Alguns deles são:
- desmatamento;
- emissão de gases;
- acidentes ou vazamentos;
- contaminação de alimentos;
- desperdícios;
- poluição da água.
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Consequências dos problemas ambientais
Além dos problemas ambientais, os impactos ocasionados pela indústria alimentícia podem ser prejudiciais às próprias empresas.
A negligência com o compromisso ambiental pode gerar punições legais e judiciais, multas onerosas e indenizações, dispêndios com medidas reparadoras e, principalmente, deterioração da imagem da marca.
Além disso, com a sociedade cada vez mais consciente sobre as questões ambientais, é de extrema importância priorizar a sustentabilidade em toda a cadeia industrial.
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Requisitos e normas do Código Florestal para a indústria de alimentos
Em geral, o Código Florestal Brasileiro determina normas específicas para a proteção da vegetação nativa em todo o Brasil. Como a indústria de alimentos é um dos setores que mais impacta o meio ambiente, o cumprimento do Código Florestal é fundamental para garantir a sustentabilidade da produção de alimentos.
Entre alguns requisitos estão:
Áreas de Preservação Permanente (APPs)
Estas são áreas amparadas por lei que visam a preservação de recursos hídricos, além da biodiversidade e solo. Locais como margens de rios, topos de morros e encostas íngremes, por exemplo, não podem ser utilizadas para agricultura.
Reservas legais
Estas são áreas de mata nativa que devem ser mantidas em propriedade rural. Sua porcentagem preservada varia de acordo com a localização e o bioma em que se encontra.
É papel da indústria de alimentos regularizar suas reservas legais e garantir que elas sejam manejadas de forma sustentável.
Licenciamento ambiental
Empresas do setor alimentício que desenvolvem atividades que impactam o meio ambiente, com a construção de fábricas ou a abertura de novas áreas de produção, precisam obter licença ambiental. Assim, os impactos ao meio ambiente podem ser minimizados e as atividades realizadas conscientemente.
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Quais são as principais práticas sustentáveis na indústria de alimentos?
Para diminuir impactos, garantir a sustentabilidade da produção e cumprir as exigências do Código Florestal, é necessário adotar práticas sustentáveis, como a implementação de técnicas agrícolas responsáveis, o uso consciente de recursos naturais, ter maior rigor na gestão de resíduos e investir em energias renováveis.
Integrar os interesses ecológicos, econômicos e sociais é fundamental para garantir a eficiência do setor.
Algumas empresas, como Bunge e Cargill, são referência em ações para assegurar a sustentabilidade da produção de alimentos industrializados. Uma das práticas estabelecidas é oferecer uma cadeia transparente e rastreável, que esteja comprometida a não desmatar áreas com alto índice de preservação (HCV) ou alto estoque de carbono (HCS).
Outra medida utilizada é o estabelecimento de planos de ação com prazos definidos em políticas internas que priorizam a sustentabilidade. A partir disso, o compromisso com o meio ambiente se torna uma perspectiva palpável e concreta.
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Perspectivas para o futuro na indústria alimentícia
Manter-se consoante ao Código Florestal é apenas a mola propulsora para uma indústria de alimentos sustentável.
Essas práticas, além de cruciais para o futuro do setor, representam uma oportunidade para empresas se destacarem e prosperarem em um cenário cada vez mais exigente.
Existe uma urgência: a biocapacidade da Terra – ou seja, a capacidade do planeta de suportar a demanda humana por recursos – está em declínio constante. Com isso, as organizações que têm como responsabilidade contribuir para a preservação dos recursos naturais se colocam na vanguarda da mudança, gerando impactos positivos nas comunidades locais e no meio ambiente como um todo.
Por fim, ao abraçar a sustentabilidade como pilar fundamental dos negócios, a indústria de alimentos não apenas garante sua longevidade, mas também contribui para a construção de um futuro mais próspero e equitativo para todos.
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