Durante a fase mais grave da pandemia de coronavírus, grandes e pequenas empresas de todos os segmentos sofreram com problemas ao longo de toda a cadeia de produção dos alimentos e bebidas. As soluções para amortizar as perdas precisaram ser empregadas do recolhimento da matéria prima até a entrega ao cliente. Para isso, inovações que já estavam no planejamento de grandes players tiveram que ser aceleradas.
Conheça oito soluções que permitiram reduzir custos ou aumentar o lucro ao longo da cadeia de produção em o momento de crise.
1. Redistribuição da produção
A Camil, por exemplo, aprimorou seus processos ao longo da cadeia distribuindo melhor os produtos por fábrica para facilitar a entrega nos pontos de venda, reduzindo custos operacionais e logísticos e maximizando as margens de lucro. Segundo Renato Accessor, diretor executivo de Operações da Camil, houve a necessidade de fazer um estudo aprimorado para entender quais das 15 plantas da Camil estavam mais bem habilitadas para receber cada SKU.
Esse trabalho de maximização de margem começou bem antes da pandemia, há 5 anos, quando a Camil fechou seis plantas e abriu outras quatro para reorganizar a produção tendo em vista a maneira mais prática e barata de chegar ao consumidor. Naquele momento, a produção começou a ser adaptada ao tipo de máquina de cada fábrica e outras variáveis.
2. Barateamento do frete
Essa otimização da cadeia foi acelerada durante a pandemia e, inclui o barateamento do frete. "Melhoramos a roteirização para ocupar os caminhões, que antes tinham uma taxa de ocupação de 40%. Hoje, estamos com mais de 90%”, conta o executivo. Além disso, o tracking das cargas e negociação com parceiros significou uma otimização dos custos.
3. Mapeamento de toda a cadeia
A Marfrig também teve a otimização de custos como grande desafio durante a pandemia, que ficaram ainda maiores com o encarecimento dos fretes marítimos, que quase dobraram de preço no período. A saída foi buscar soluções em etapas anteriores. “Mapeamos desde a fazenda, com foco também na questão ambiental, e na indústria usamos sensores para medir desde o embalamento até a produtividade do trabalhador”, explica Leandro Augusto, gerente de Supply Chain da Marfrig.
4. Automação de compras menores
Na parte de compras, também houve melhoria dos processos para reduzir custos. As compras menores passaram a ser feitas com robôs, liberando os vendedores para compras maiores. A empresa também deve contar com o uso de Inteligência Artificial na parte de aprovação das compras.
5. Otimização da pesagem e embalamento
Na parte final da produção, a maneira que a Aplipack, empresa de maquinário industrial, entendeu como mais eficiente para reduzir custo e tempo de processo foi colocando pesagem e embalamento na mesma máquina. “A gente consegue fazer pesagem e aplicação de uma etiqueta de dados variáveis, com peso e já com o preço também, muito parecida com as de mercado, mas em escala industrial”, explica Rafael Paiola, desenvolvedor de software da empresa.
O software, de propriedade da própria Aplipack, permite que o próprio operador desenvolva as etiquetas por meio de uma interface instalada na própria máquina, encurtando o tempo de processo e os custos com uma impressora à parte.
Além de registrar preço e quantidade, a máquina permite registrar movimentação de estoques e produzir relatórios com as informações que o equipamento sobe no banco de dados. “A gente usa essas informações ao acessar o dashboard, que mostra na tela (do equipamento) as informações referentes à produção”, explica o desenvolvedor.
6. Uso de IA para melhorar a estratégia de distribuição
Novas tecnologias, como inteligência artificial e data analytics, estiveram no centro da estratégia da General Mills para otimizar custos e ampliar o lucro. Essas soluções serviram para associar melhor a produção com a distribuição. “Agora, produzimos o produto correto no local correto. Concentramos itens em determinadas fábricas e revimos nossa malha logística”, explica Thiago Macedo, diretor de Logística da General Mills.
7. Ouvir as necessidades dos distribuidores
Atendendo 20 mil pontos no Brasil, a General Mills resolveu fazer uma pesquisa com seus parceiros para ver quais os pontos mais críticos da operação e melhorar a eficiência nesse ponto da cadeia. Melhora do nível de serviço, com entregas pontuais e na quantidade certa, foram os pontos mais valorizados pelos distribuidores, ponto que está sendo otimizado pela empresa com a implementação de sistemas de tracking e torre de controle.
8. Não trocar de tecnologia só pelo apelo da inovação
Para inovar, Macedo diz que é preciso ter cuidado na escolha da tecnologia e paciência para que a solução traga resultados, caso contrário, existem riscos de a empresa trocar excessivamente de solução sem que a tecnologia tenha tempo para mostrar resultado e otimizar os processos. “Fizemos muito piloto (de novas tecnologias), investimentos muito, mas é preciso aguardar resultados e não ceder à pressão por mudanças frequentes de tecnologia. E se mudar de uma vez, pode ter ruptura nos processos”, alerta o executivo.