A pergunta recorrente que tenho recebido de profissionais nas redes sociais, colaboradores de instituições e alunos de MBA e graduação é como se destacar na organização em que atua. O interessante é que essa dúvida engloba iniciantes e profissionais que já contam com anos de experiência, além de diversos níveis da hierarquia organizacional e os mais variados portes e mercados de empresas. Como minha resposta tem obedecido a um padrão e pode ser útil a outras pessoas, seguem minhas recomendações enxutas, mas um pouco mais elaboradas e fundamentadas que as mensagens usuais via internet.
1: Seja proativo
Há alguns dias já em junho, em uma participação no CEO fórum que comemorou o 100º aniversário da AMCHAN em Campinas, o guru dos negócios Ram Charan proporcionou aos presentes (dentre eles eu) uma reflexão ao retratar que as corporações têm que fazer da mudança um hábito e transformar-se em uma companhia digital. Para termos uma corporação habituada a mudanças e digital, certamente precisaremos de pessoas proativas, igualmente preparadas para mudanças constantes.
Aqui vale um esclarecimento e uma dica, ser proativo significa assumir algum risco ao voluntariar-se ou propor novas ideias, portanto primeiramente faz-se necessário montar uma conta emocional, ampliando, assim sua zona de influência em detrimento da zona de preocupação.
2: Comece com um objetivo em mente
Identifique claramente o seu propósito e os de sua organização (assunto das minhas últimas duas publicações na Fispal Tec), de forma a alinhá-los para o atendimento de ambos.
Independente desse alinhamento, é muito fácil entender se você está agindo no sentido de seu propósito – basta prestar atenção em sua reação quando o despertador toca, se você sentir um peso te segurando na cama você não está caminhando para o seu.
Jeff Bezos largou uma carreira bem-sucedida no mercado financeiro ao aventurar-se no que viria a ser a Amazon(1). A partir de um objetivo claro em mente, vender pela internet, ele conseguiu o impulso necessário para abandonar sua zona de conforto (emprego e até moradia). Passou por dificuldades financeiras precisando recorrer até a investimentos de familiares para criar uma instituição inicialmente baseada na venda de livros, mas que já tinha o propósito de ser o maior de todos – conta ainda o livro que o nome Amazon deve-se a este ser o maior rio do mundo, e muito maior que o segundo colocado.
3: Encontre terceiras alternativas quando aparecerem os obstáculos aparentemente intransponíveis
Pense no ganha-ganha e monte soluções onde aparentemente não é possível. Há alguns anos, tínhamos que importar 35 máquinas da Austrália e, cada uma desmontada caberia em dois contêineres, um de 40 pés HC (High Cube) e um de 20. A máquina não era transportada em apenas um, pois passava 15 cm da largura do maior contentor. Colocamos o desafio para uma equipe da organização sem dizer do histórico, pois em algumas décadas de exportações a empresa australiana sempre havia feito o transporte conforme sugerido. A solução veio com a inclinação do equipamento com um calço, o que possibilitou ganhar os centímetros preciosos devido às características da máquina. Essa solução proporcionou ganhos financeiros para a corporação e reconhecimento para seus idealizadores.
Poderia continuar com outras sugestões, mas consolido e resumo o acima com a grande indicação (todas acima estão contidas aqui): leia, releia, anote e torne de cabeceira o livro Os 7 Hábitos das pessoas altamente eficazes, de Stephen Covey. Ser proativo, começar com um objetivo em mente, fazer primeiro o mais importante, pensar ganha-ganha, primeiro compreender para depois ser compreendido, criar sinergia e buscar o equilíbrio entre corpo, mente, espírito e o sócio-emocional.
Diversas pessoas sugerem boas leituras em suas publicações nas redes profissionais, tornando a lista exaustiva para se seguir, embora gerem insights interessantes. Leio cerca de 20 livros por ano, intercalando técnicos e de literatura, se existe um único transformador a sugerir para a vida profissional e pessoal é o citado de Covey, que, quando trabalhado em equipe, permite inclusive o estabelecimento de um contrato tácito de com agir e pensar. Neste sentido, muitos gestores tratam seus capítulos mensalmente em discussões para desenvolvimento e integração de seus colaboradores, no conhecido método da Cumbuca criado pelo professor Vicente Falconi na década de 90.
Voltando à questão que motivou o artigo, é comum a pessoa acrescentar à pergunta quais habilidades que precisa desenvolver, e reflito que a questão não é desenvolver habilidades e sim ter a "ousadia" e assumir riscos "calculados" gerando valor para o cliente, seja este interno ou externo. As organizações geralmente reconhecem quem faz o trabalho de forma inovadora, quem sabe assumir riscos e, consequentemente se expõe um pouco mais. Mas para correr um risco você deve conhecer muito bem a cultura organizacional (o que ela tolera ou não) e ter uma conta positiva de influência na organização. Destaca-se quem identifica terceiras alternativas, quem tem sentimento de dono do negócio e que, consequentemente, amplia sua área de influência dentro da organização. Ah, networking e participação em grupos são sempre bem-vindos, suprindo a impessoalidade que as relações profissionais estão assumindo devido aos contatos cada vez mais remotos (home office, grupos a distância etc.), o que tem tornado o trabalho impessoal gerando superficialidade nas interações entre as pessoas, e isso não é apenas nos escritórios.
Como conclusão, além do exposto acima lanço um desafio para os interessados deixarem nos comentários qual seu único livro transformador, aquele que recomenda para leitura e reflexão.
Em tempo, aproveito para reforçar que ler é sempre benéfico e os livros nos elevam por suas histórias, conteúdos e até inquietações que provocam nosso intelecto e, por consequência, agregam conhecimento. Poderia sim citar diversos escritos como já o fiz em publicações anteriores, mas a provocação consiste justamente no pensamento enxuto de buscar aquele que tenha se destacado para você. Terei prazer em compilar os mais pontuados numa próxima publicação!
Referências:
- Stone, B. (2019). A Loja de Tudo – Jeff Bezos e a era da Amazon. Intrínseca.