O acordo comercial entre Brasil e EUA firmado em agosto já produz efeito, com o processo de habilitação dos frigoríficos concluído e algumas empresas enviando seus contêineres de carne in natura. O mercado norte-americano é um importador tradicional da carne industrializada brasileira e, agora, estados livres de febre aftosa com vacinação também podem exportar carne in natura para o país.
Antônio Jorge Camardelli, presidente da ABIEC (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne), analisa que essa abertura vai além da possibilidade de simplesmente vender mais. Trata-se de uma estratégia que pode ajudar a equilibrar vendas internas e externas, cativar novos mercados e fornecer cortes de valor mais alto. A seguir, Camardelli traça um panorama da abertura das carnes brasileira in natura para os EUA.
Como aproveitar a abertura
A demanda dos Estados Unidos é, principalmente, por cortes de dianteiro para processamento, em especial para a produção de hambúrguer. Além desses cortes, existe também a possibilidade de exportarmos cortes mais caros. “Para o Brasil, ter acesso a um mercado que demanda dianteiro é mais do que uma oportunidade, trata-se de uma estratégia. ” O especialista diz que por o mercado interno brasileiro apresentar maior demanda por cortes de traseiro, com mais uma opção para escoamento de dianteiro, as empresas conseguirão equilibrar melhor as suas vendas, se adequando aos mercados conforme os preços mais interessantes.
Boas expectativas
“Os primeiros embarques de carne in natura brasileira aconteceram em setembro, portanto ainda estamos contatando os importadores e ajustando os embarques. Inicialmente, o Brasil entrará em uma cota de 64 mil toneladas – que inclui também outros países, portanto, vamos focar no atendimento da cota a que temos direito, e sentir o mercado para sabermos as possibilidades de share.” É importante ressaltar que a abertura do mercado norte-americano abre precedentes para que o Brasil também negocie com países do NAFTA e da América Central. Apesar de não ser um processo automático, diversos países usam o sistema norte-americano como referência para negociações internacionais e podem mudar sua visão em relação ao nosso produto, explica Camardelli.
Condições estabelecidas
O Brasil já exporta carne industrializada para os EUA, que é um importante parceiro comercial e lidera o ranking de importadores nessa categoria de carne brasileira. O presidente da ABIEC considera que o que muda, é que a partir de agora, frigoríficos de 14 Estados (Bahia, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe e Tocantins) e do Distrito Federal estão habilitados a exportar carne in natura. O Brasil tem plenas condições de atender esse mercado.