Depois de duas intensas décadas de negociações, os países do Mercosul e da União Europeia enfim entraram em um acordo para formar uma das maiores áreas de livre comércio do planeta. Este acordo está provocando esperanças e apreensões em várias cadeias produtivas de todo o Mercosul, caso do setor industrial e comercial. Mas, essencialmente para o Brasil, o setor ligado ao processamento de carnes tende a sofrer grandes influências.
Ainda não se pode dizer quando as regras do acordo entrarão em vigor, nem se suas influencias para o setor de carnes serão positivas ou negativas para o Brasil. Mas de acordo com Thiago Bernardino de Carvalho, pesquisador da área de pecuária do Cepea, as expectativas preliminares são ótimas:
“O acordo comercial significa um avanço no estreitamento do comércio entre os dois blocos e por isso pode ser bastante vantajoso para ambos os lados”.
Veja então mais informações sobre esse acordo e acompanhe quais são as expectativas que para o setor ligados ao processamento de carne exportação de Frango e carne bovina tendem a ser beneficiados.
Segundo o que foi divulgado, o setor de carnes será um dos grandes beneficiados desse tratado comercial assinado entre os 2 blocos. Tereza Cristina, Ministra da Agricultura do Brasil, diz que “os ganhos serão sentidos por europeus e sul-americanos, em aumento de vendas ou com redução de tarifas, que ocorrerão de forma gradual”.
O acordo prevê cotas que limitam o acesso dos produtos agropecuários do Mercosul ao mercado europeu. Para carne bovina, por exemplo, haverá um limite anual de 99 mil toneladas (45% delas congeladas), que terão alíquota reduzida de 7,5% por seis anos.
Já no caso das exportações de frango, a cota é de 180 mil toneladas livres de tarifa, metade delas para carne desossada, por seis anos. O imposto sobre suínos será de 83 euros por tonelada de carne suína, também por seis anos.
As expectativas para o setor de carnes são as melhores possíveis
O acordo entre os países da união europeia e dos países do Mercosul marcam um importante momento para o setor de proteína animal do Brasil, principalmente em razão da possibilidade de embarcar um fluxo maior para um dos mais relevantes mercados consumidores globais, como explica Thiago de Carvalho.
“A expectativa de abertura de mercado, seja o quão grande ele for, é de extrema importância para produtos brasileiros, tendo, entre eles a carne, caracterizada como uma grande protagonista do nosso país”.
O pesquisador do CEPEA indica ainda que a União Europeia é um mercado bastante exigente e com grande poder econômico, por isso o acordo comercial significa um importante avanço no estreitamento do comércio entre os dois blocos.
Dessa forma, a expectativa é que o acordo pontue critérios mais justos e transparentes nos negócios entre estes dois blocos. Mas para isso, Carvalho explica que o sucesso do acordo irá depender das cotas estipuladas para os países.
Aumento de divisas, mais empregos e maior credibilidade
Vale ressaltar que, antes que seja devidamente ratificado e entre em vigor, o acordo não produzirá efeitos imediatos para que sejam sentidos no curto prazo pelas empresas produtoras de carnes e derivados.
Para o pesquisador do CEPEA, a expectativa é que os efeitos mais concretos do acordo de livre comércio sejam sentidos pela população somente a médio prazo.
“A expectativa do governo brasileiro é que o acordo entre em vigor em, no máximo, dois ou três anos, sendo o impacto na indústria processadora da carne da mesma magnitude”.
Entre os efeitos mais diretos, pode-se citar as eventuais quedas no preço de produtos importados e maior potencial de exportação de nossos produtos. Além disso, Thiago de Carvalho acredita que essencialmente para toda a cadeia da carne brasileira, o acordo trará:
- Aumento das divisas, com nossa proteína animal podendo chegar a todo o bloco da união europeia com maior potencial de competitividade;
- Maior geração de empregos em toda a cadeia, desde fazendas até os setores logísticos;
- Maior credibilidade frente aos compradores mundiais, mostrando ao mundo todo nosso potencial na produção de proteínas animais, sempre baseada na qualidade, na sustentabilidade e na produtividade.
Com todos esses efeitos, a tendência é que haverá aumento de investimentos que trarão um crescimento mais alicerçado da economia.
Ainda sobre esse contexto, Carvalho finaliza: “Os impactos positivos devem ser sentidos pelo Brasil em relação a outros países, que olham o acordo Mercosul/UE com bons olhos e irão buscar se aproximar dos países do continente americano”.