As indústrias de alimentos, ingredientes e suplementos estão engajadas na tarefa de atender um consumidor cada vez mais exigente e com demandas variadas, mas que, basicamente, cobram das marcas que consomem produtos com maior saudabilidade, segurança e eficácia.
Nesse sentido, alimentos, bebidas e suplementos têm sido apresentados aos consumidores com a promessa de melhorar a saúde de cada um deles, começando pela saúde gastrointestinal, por meio dos bióticos e suas diferentes versões: probióticos, pré-bióticos, simbióticos e pós-bióticos.
Suplementos em alta
O mercado de suplementação teve um crescimento enorme principalmente após a pandemia, com os consumidores querendo aumentar a imunidade e melhorar a função cognitiva. “E nessa estrita conexão do intestino com o cérebro, os probióticos têm bastante participação. Hoje, temos bastante probióticos aprovados para melhorar essa função e aplicados a suplementos”, diz Ary Bucione, consultor, fundador da NutriConnection e diretor da BCBioconnectionBrasil.
Ele diz que o mundo que vem pela frente terá os probióticos atuando especialmente na suplementação, mas também terá espaço para implementação em alimentos e bebidas. Portanto, além da suplementação, as aplicações de bióticos também serão, cada vez mais, feitas em alimentos e bebidas. “Temos visto aparecimento de produtos que não são suplementos, mas que possuem probióticos”, ressalta Bucione.
O consultor participou do Q&A "Bióticos e saúde gastrointestinal: oportunidades e desafios”, que contou com outros especialistas do setor. O evento foi organizado pela FiSA (Food ingredients South America) e discutiu, além da utilização dos bióticos, os desafios da indústria e a atuação da Anvisa no desenvolvimento desse segmento.
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Chocolates e sorvetes
Durante o Q&A, Bucione disse ainda que, antes, a atuação dos bióticos estava relacionada apenas aos leites fermentados, que ganharam fama com a marca Yakult. Mas, hoje, são vários os esforços para que outros alimentos à base de microrganismos vivos ou que já viveram (caso dos pós-bióticos) ganhem a tração que o leite fermentado obteve.
“Temos que estender esse conceito para outros produtos. Dentro da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), temos projetos de chocolates e sorvetes contendo probióticos”, diz o consultor.
Suporte nutricional
Para Fúvia Biazotto, pesquisadora sênior da Sanavita, que também participou do Q&A, a utilização de bióticos de todos os tipos estará estritamente relacionada à atuação de profissionais da área da saúde, que enxergam a alimentação como o ponto de partida do bem-estar.
“Não adianta suplementar probióticos sem que o consumidor tenha o devido suporte. A nutrição entra com todo o aporte nesse momento. Se você acrescentar pré-biótico, junta, literalmente, a fome com a vontade de comer porque são produtos que se complementam. Mas os bióticos não fazem milagre sozinhos, alimentação e modo de vida vão ajudar muito no aproveitamento dos microrganismos pelo organismo humano”, destaca Fúvia.
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Qualidade das cápsulas é fundamental
Os bióticos podem sofrem agressões durante seu trânsito dentro do corpo e cada cepa de probiótico tem seus desafios diferentes. Mas existem artifícios como embalagens para garantir que, ao chegar no trato gastrointestinal, o produto esteja numa qualidade mínima suficiente para o efeito desejado.
“As embalagens têm que oferecer barreira de proteção. Tem empresas que fazem probióticos em cápsulas, mas, como essas cápsulas são demasiadamente porosas, pode entrar umidade, o que pode agredir os probióticos. É preciso usar a cápsula adequada”, diz Sergio Roberg, empresário e CEO da O Roberg, laboratório especializado no assunto. O especialista também esteve presente no Q&A.
Fúvia recomenda as cápsulas gastrorresistentes. “A gente traz uma capsula gastrorresistente vegetal, que ajudam com que os microrganismos vivos cheguem vivos ao trato intestinal, caso contrário, eles não cumprem seus benefícios.”
Sobrevivendo às intempéries
A qualidade da cápsula é fundamental até para aprovação do produto. “Quando a gente passa pela Anvisa, a gente precisa comprovar que o biótico sobreviveu aos elementos gástricos. Ao menos, 95% do material tem que chegar vivos”, diz Roberg.
“Hoje, a gente já tem fornecedores que oferecem capsulas apropriadas para probióticos, que permitem ao produto passar pelo estômago, com todos os seus ácidos, e abrir apenas quando chegar ao intestino. São camadas de qualidade que vão dar mais garantia que o biótico chegará ao destino mantendo sua segurança e eficácia”, complementa o executivo.
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