Os adoçantes se dividem em três tipos principais: artificiais (como aspartame e sucralose), naturais (como estévia e xilitol), e polióis (como eritritol e sorbitol). O mais saudável tende os naturais, como a estévia, não calórico, e com menor risco de efeitos adversos. Saiba mais.
Atualizado em 07 Set, 2024
O refinamento do açúcar é o processo químico de manipulação da matéria-prima em que há adição de aditivos químicos para branquear o açúcar.
Neste processo, muitas vitaminas e minerais são perdidos e o produto final é mais pobre em nutrientes. Mas é o processo mais barato de produção, por isso, é o tipo de açúcar mais fácil de ser encontrado e mais barato para compra.
Os adoçantes, embora também sejam produzidos a partir de intervenções químicas, representam uma alternativa em que a modificação da composição é intencionalmente pensada para ser mais saudável em comparação ao açúcar tradicional.
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Adoçantes artificiais
Os adoçantes artificiais mais populares são a sacarina, o aspartame, a sucralose e o acessulfame de potássio. Geralmente são vendidos no formato líquido ou em pó e costumam ter quase 0 kcal por porção, o que é um atrativo para pessoas em dietas com rígido controle calórico.
Os adoçantes artificiais não são compostos nutritivos, pois cumprem um papel exclusivo de adocicar o paladar e proporcionar o sabor doce, sem outras funções nutricionais associadas.
Essa categoria costuma conter sódio na composição, o que cria uma restrição de uso para pessoas com hipertensão.
Há uma discussão importante a respeito da associação do desenvolvimento de câncer e outros problemas mais graves relacionados ao consumo de adoçantes artificiais.
No circular mais recente da Organização Mundial da Saúde (OMS), por meio da Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (Iarc), o aspartame foi classificado como “possivelmente cancerígeno”.
A nova classificação não é determinante, pois os estudos ainda estão em desenvolvimento, mas cria um alerta para que a população evite o consumo de adoçantes artificiais e priorize o consumo de naturais.
Sacarina
A sacarina é um adoçante artificial derivado do petróleo. Aproximadamente 300 vezes mais doce que o açúcar (sacarose), não é calórico, por isso amplamente utilizado em bebidas dietéticas, alimentos processados e produtos de higiene pessoal.
Possui um sabor residual doce metálico, o que limita sua aceitação em alguns alimentos e bebidas. A ingestão diária recomendada é de até 5 mg/kg do peso corporal.
Aspartame
O aspartame é composto por dois aminoácidos, ácido aspártico e fenilalanina, que são combinados quimicamente. Por ser feito a partir desses compostos, é considerado um adoçante de baixa caloria, fornecendo 4 kcal.
Cerca de 200 vezes mais doce que o açúcar, é utilizado em m bebidas dietéticas, sobremesas e gomas de mascar.
A recomendação de ingestão diária é de até 40 mg/kg.
Sucralose
Derivada da sacarose, a sucralose é cerca de 600 a 800 vezes mais doce que o açúcar e é zero calorias.
Ao contrário de outros tipos de adoçantes artificiais, ela não deixa sabor residual no paladar, o que a torna popular em bebidas e aliments dietéticos.
A sacarose não é recomendada para pessoas com problemas na tireoide devido ao impacto do cloro na absorção de iodo. O limite de consumo é de até 15 mg/kg.
Acessulfame de potássio, Acessulfame k ou Ace K
O acessulfame K é um sal de potássio sintetizado quimicamente a partir de um ácido orgânico (ácido acetoacético). Esse processo o torna um adoçante de alta intensidade, não metabolizado pelo corpo, portanto, não calórico.
Comumente usado com outros adoçantes para mascarar sabores amargos, ele é 125 vezes mais doce que o açúcar e não é recomendado para consumidores com problemas renais.
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Adoçantes naturais
Extraídos da natureza, de frutas, plantas, grãos e cereais, os adoçantes naturais se tornaram cada vez mais populares por representarem uma alternativa ao açúcar refinado, ao mesmo tempo em que são fontes nutritivas e com benefícios funcionais, além do sabor naturalmente adocicado.
Os principais tipos de adoçantes naturais são o xilitol, taumatina, estévia, sorbitol, eritritol, manitol e maltitol. A frutose pode ser considerada um tipo de “açúcar natural”, mas não necessariamente um tipo de adoçante, pois ela não pode ser manipulada como um ingrediente em separado a ser adicionado aos produtos alimentares.
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Como podem ser de fonte vegetal, esses adoçantes agregam em valores nutritivos e até com benefícios preventivos para a saúde, como o caso do xilitol, com indícios de que atua contra cáries.
O potencial de adocicar desses adoçantes é igual ou bastante superior ao do açúcar e o sabor varia de acordo com a matéria-prima, mas costumam ser substâncias com alguma medida de refrescância e poucas notas de amargor.
Xilitol
O xilitol é um adoçante natural obtido pela hidrogenação da xilose, encontrada nas fibras de diversos vegetais e frutas, como milho, framboesas, ameixas, e também em cogumelos.
Ele possui um sabor muito semelhante ao do açúcar, com a vantagem de ser cerca de 40% menos calórico, oferecendo aproximadamente 2 kcal.
O xilitol é amplamente utilizado na fabricação de produtos dietéticos, como gomas de mascar, e proporciona uma sensação de frescor ao ser consumido, o que o diferencia de outros adoçantes.
No entanto, o consumo em grandes quantidades pode causar efeitos laxativos, como diarreia.
Taumatina
A taumatina é um adoçante natural extraído de uma fruta africana. Este tipo de edulcorante é intensamente doce, sendo até 3 mil vezes mais doce que o açúcar comum, mas com a vantagem de ser não calórico.
Além de seu uso como adoçante, a taumatina é frequentemente utilizada como intensificador de sabor em alimentos processados. Ela é considerada segura e estável em várias condições de temperatura e pH, tornando-a versátil para uso em uma ampla gama de produtos.
Estévia, Stévia ou Esteviosídeo
A estévia, ou esteviosídeo, é extraída das folhas da planta Stevia rebaudiana e tem um poder adoçante significativamente maior que o açúcar, podendo ser até 300 vezes mais doce.
Com zero calorias, é uma excelente opção para pessoas que procuram adoçantes naturais para dietas restritivas.
A estévia é amplamente utilizada em alimentos e bebidas, pois pode ser aquecida e congelada sem perder suas propriedades adoçantes.
No entanto, ela tem um sabor residual amargo que pode não agradar a todos os paladares. A dose diária recomendada é de até 5,5 mg/kg.
Sorbitol
O sorbitol é um álcool de açúcar naturalmente presente em frutas e vegetais. Ele possui um leve sabor refrescante e adoça cerca de 0,5 vez menos que o açúcar, com 4 kcal. O sorbitol é frequentemente utilizado em produtos dietéticos e gomas de mascar, mas seu consumo em grandes quantidades pode causar desconfortos gastrointestinais, como diarreia.
Eritritol
O eritritol é um adoçante obtido pela fermentação de glicose proveniente de alimentos como milho e trigo. Ele possui 0,24 kcal, o que o torna praticamente isento de calorias.
Esse edulcorante adoça cerca de 70% da doçura do açúcar comum, tem uma sensação de frescor ao ser consumido e é bem tolerado pelo organismo, sendo uma escolha popular para adoçantes em produtos dietéticos e para diabéticos.
Manitol
O manitol é um edulcorante natural encontrado em vegetais, com um leve efeito laxante quando ingerido em doses elevadas. Ele possui 2,4 kcal e adoça de forma semelhante ao sorbitol, com um sabor suave e refrescante. A dose diária recomendada de manitol varia entre 30g e 50g.
Devido aos seus efeitos colaterais gastrointestinais, seu uso é controlado em produtos alimentares.
Maltitol
O maltitol é outro tipo de álcool de açúcar usado como adoçante em alimentos dietéticos. Ele adoça cerca de 90% do açúcar comum, com 2,1 kcal. O maltitol é amplamente utilizado em produtos como chocolates, gomas de mascar e alimentos com baixo teor de açúcar. Em doses elevadas, também pode causar desconforto gastrointestinal.
Aplicações na indústria alimentar
Dentro da indústria alimentícia, os produtos dietéticos, como os adoçantes, apareceram pela primeira vez como substitutos ao açúcar dos refrigerantes e dos snacks, no final do século XIX e início do século XX. Era o momento dos rótulos diet, indicados para pacientes diabéticos e para o tratamento da obesidade.
Com o passar do tempo e o aumento da conscientização da população sobre alimentação saudável e o desenvolvimento de um estilo de vida mais preocupado com a origem dos ingredientes, um selo de light ou diet não é mais suficiente para que o produto faça parte da cesta dos consumidores.
A indústria de dietéticos se expandiu para outros grupos de interesse, como praticantes de atividades física, atletas amadores e pessoas que querem seguir uma dieta com menos açúcar artificial. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres (ABIAD), em 2022 o consumo de bebidas dietéticas teve aumento de 13,4% e 11,5% nos adoçantes comparado à 2021.
Na composição do refrigerante zero há adoçantes como o aspartame, por exemplo. Mas há produtos industrializados que optam por receitas com adoçantes naturais, principalmente da família dos edulcorantes como o sorbitol.
O que preferem os consumidores?
Em estudo publicado no Journal of the Academy of Nutrition and Dietetics, constatou-se um aumento do consumo de adoçantes em 200% entre o público infantil e de 54% entre o público adulto.
A entrada do público mais jovem chama atenção porque a obesidade infantil acomete pelo menos 12% das crianças brasileiras, segundo dados da OMS. Portanto, o consumo de adoçantes em substituição aos açúcares refinados é um ponto de partida interessante para pensar a saúde alimentar desde a infância.
Já para o grupo adulto, a tendência de aumento de consumo dos adoçantes certamente está relacionada à mudança dos hábitos alimentares e de estilo de vida vividos desde a pandemia, em 2020. A população ficou mais preocupada em retomar ou iniciar cuidados com a saúde física e mental após o período pandêmico.
Isso inclui novas rotinas alimentares, com a redução do consumo de açúcares, gorduras saturadas, sódio e produtos ultraprocessados.
Seja para adoçar o cafezinho ou para saborizar receitas de sobremesa mais populares, o açúcar é um produto da rotina dos consumidores.
Apesar de adocicar o paladar e provocar boas sensações, o consumo de açúcar também está associado ao desenvolvimento de problemas de saúde como a diabetes, obesidade, hipertensão e outras problemáticas associadas a dietas com excesso de carboidratos.
É por isso que a incorporação do adoçante está crescendo. Segundo relatório da pesquisa “Utilização de adoçantes no Brasil: uma abordagem a partir de um inquérito domiciliar”, produto da união de pesquisadores de diferentes regiões e instituições brasileiras, o uso de adoçantes entre a população adulta brasileira foi de 13,4%.
Legislação e regulamentação dos adoçantes no Brasil
Como qualquer outro produto alimentício, os adoçantes passam por diferentes processos de regulamentação e de indicação do consumo diário adequado. Mesmo que sejam substitutos interessantes ao açúcar refinado, não significa que podem ser consumidos em qualquer quantidade. Exagerar nos ingredientes adoçantes pode causar prejuízos à saúde.
Nesse sentido, a OMS, em nível mundial, e a Anvisa, em nível nacional, são os órgãos responsáveis por determinar os critérios de qualidade para produção e circulação dos adoçantes no mercado.
Os requisitos sanitários, de composição e de finalidade de uso são propostos pela RDC 715/2022 (para adoçantes dietéticos) e pela RDC 723/2022 (para os adoçantes de mesa.
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Dietas para emagrecimento e reeducação alimentar
Em diretriz mais recente, a OMS avaliou resultados científicos mais recentes e estipulou que os edulcorantes ou adoçantes sem açúcar, não podem ser utilizados como controladores de peso corporal ou como redutores de doenças como a diabetes.
Isso significa dizer que o consumo dos adoçantes não está atrelado diretamente a reduzir gordura corporal ou evitar o desenvolvimento de diabetes. O novo critério trata apenas de esclarecer os reais efeitos da utilização do adoçante e não indica que os consumidores tenham que parar de utilizar ou que outros possíveis benefícios do ingrediente adoçante não existam.
Para o Brasil, a Anvisa está avaliando o novo critério em conjunto com o Ministério da Saúde, para decidir sobre a decisão dentro do contexto da indústria nacional.
A produção e distribuição dos tipos de adoçantes no Brasil deve sempre passar pela autorização da agência e passa pela avaliação que segue à risca as orientações do Comitê de Especialistas em Avaliação de Segurança de Aditivos Alimentares da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e da OMS.
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