Uma pesquisa realizada em 2022 com operadores do food service apontou que a maior parte dos pedidos em restaurantes, lanchonetes e estabelecimentos semelhantes são feitos pelo aplicativo de mensagens WhatsApp.
A pesquisa Fispal Food Digital, realizada pela Fispal Food Service e Fispal Sorvetes em parceria com a EJFGV (agência Jr. da FGV), apontou que a plataforma de mensageria que pertence ao Grupo Meta, mesmo dono do Facebook e do Instagram, é responsável por 30% dos pedidos.
O iFood, que é a grande marca hoje do setor de entrega de comidas no Brasil, ficou com a segunda colocação entre os aplicativos mais utilizados para comprar e vender refeições, com 28% do total de pedidos.
O destaque do WhatsApp pode estar relacionado ao custo, já que os estabelecimentos encontraram na plataforma uma maneira barata de vender, ainda que tenha que arcar com os custos do entregador.
“O WhatsApp não possui taxas de entrega, e a nossa teoria é a de que esse seja um motivo para uma participação mais robusta do WhatsApp em relação ao iFood entre os aplicativos utilizados para a entrega”, explica Iago Peinado, membro do EJFGV e um dos coordenadores da pesquisa.
Já os aplicativos de entrega de comida, como o Rappi, além do já citado iFood, têm a incidência de um preço médio de 12%, segundo pesquisa do Santander voltada para pequenas e médias empresas do setor.
A pesquisa Fispal Food Digital indica que mais de dois terços dos estabelecimentos de food service utilizam serviço de delivery. E entre os demais, um dos motivos que inviabiliza a oferta de delivery é o alto custo que os aplicativos impõem às empresas.
No caso dos aplicativos dedicados exclusivamente à entrega, o valor contempla não só o entregador, mas também o lucro da plataforma, o que encarece o serviço.
Os pedidos via telefone, bastante comuns em pizzarias e lanchonetes, continuam com importante participação no mercado, respondem por 18,4% do total dos pedidos, segundo o estudo da Fispal.
Há ainda os aplicativos que pertencem aos próprios restaurantes e respondem por 14,8% das solicitações de comida para entrega.
Apenas 7,9% dos pedidos de delivery acontecem em outras plataformas, como o Rappi ou demais canais de atendimento.
Delivery pós-pandemia
O fenômeno dos pedidos via WhatsApp pode ser uma decorrência da migração dos serviços presenciais para o aplicativo de mensagens durante a pandemia e os momentos de isolamento social, e isso pode se prolongar, já que os empreendedores que aderiram ao aplicativo de mensagens identificaram uma boa possibilidade de seguir aderindo ao delivery tendo um custo menor, e aqueles que ainda não aderiram, devem, ao longo do tempo, identificar o potencial da plataforma.
“O microempreendedor, em especial, não consegue investir em delivery por conta do custo, embora os que invistam percebam uma taxa grande de participação desse serviço em seu faturamento. Nesse cenário, o WhatsApp aparece como possível solução para receber pedidos e fazer a entrega contratando um serviço à parte via motoboy, por exemplo, e reduzindo custos para viabilizar esse serviço”, detalha Valentina Costa, da EJFGV, que também coordenou os trabalhos da pesquisa Fispal Food Digital.
Embora o meio de pagamento fosse um impeditivo para viabilizar o serviço de delivery por fora dos aplicativos de entrega tempos atrás, o advento do Pix parece ter derrubado mais uma barreira para que os empreendedores menores viabilizem o serviço de delivery. O Pix foi uma das formas de pagamento mais utilizadas para serviços de entrega de alimentos durante a pandemia, atrás apenas de cartões de crédito e de débito, segundo pesquisa de 2021 realizada pela agência Edelman e divulgada pela Agência Brasil.
Retorno à normalidade
Com o retorno gradual à normalidade, o delivery segue sendo importante, e não só pelo WhatsApp, mas pelos diversos canais disponíveis. Em 48,6% dos estabelecimentos respondentes da pesquisa Fispal Food Digital, os pedidos via delivery permaneceram constantes.
Em 36,2%, houve diminuição dos pedidos de entrega de comida e, por fim, em 15,2% dos estabelecimentos existiu aumento no número de pedidos.
“A diminuição dos pedidos via delivery pode ser apontada pela volta do consumo no próprio restaurante, o qual era proibido durante a pandemia”, diz o relatório da FiSA e do grupo de estudos da FGV.
A pesquisa completa Fispal Food Digital está disponível para download gratuito; veja aqui.
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