O Summit Future of Nutrition, tradicional atração da Food Ingredientes South America – FiSA, trouxe nesta terça-feira, 9, a palestra “Qual o melhor caminho para a coexistência de alimentos ultraprocessados versus saudabilidade?”. Esse casamento entre um alimento ultraprocessado com ingredientes naturais parece uma ligação impossível num primeiro momento. Porém, a indústria de alimentos encontra saídas para oferecer produtos saudáveis para o consumidor que busca essas opções. O painel contou com a participação de Juliana Paes, Engenheira de Alimentos da Superbom, e Roberta Lopes, Engenheira de Alimentos da empresa Döhler.
A primeira questão é justamente como enxergar a coexistência entre os alimentos naturais e os ultraprocessados. A Engenheira de Alimentos da Superbom, Juliana Paes, vê uma discussão que ainda vai longe. Hoje é impossível ficar sem os industrializados, que trazem facilidades para o dia a dia. A indústria de alimentos vem crescendo e pede novas soluções aos fornecedores de ingredientes.
E o consumidor tem se interessado mais por produtos naturais, busca saudabilidade, principalmente após a pandemia de covid-19. Mas como fazer isso? “Hoje temos tecnologia para o processamento, com soluções diferenciadas, a substituição de ingredientes caros importados por produtos nacionais. Precisamos buscar inovação para ter essa integração. Fazer alterações no alimento ultraprocessado para que tenha maior aceitação pelo consumidor. Existem inúmeros produtos novos que estão aparecendo no mercado”, constata.
A Superbom, empresa que está há 97 anos no mercado, oferece produtos livres de origem animal, como sucos, geleias, salsichas, proteínas e pratos prontos, entre muitas opções voltadas ao consumidor vegetariano, vegano e flexitariano. A empresa preza pela alimentação saudável e procura levar esses valores para o consumidor.
Segundo Roberta Lopes, Engenheira de Alimentos da empresa Döehler, o consumidor procura um produto seguro, com menos processos. O apelo do ultraprocessado é de que é um alimento pronto para consumo imediato. Para Juliana, o que é interessante é ver o que traz a prática e se o consumidor vai aceitar o produto. “A gente consegue, através da indústria de ingredientes, um produto para atender a necessidade do consumidor. É possível desde que tenhamos pesquisas na área, com soluções diferenciadas”, explica. E as inovações andando de mãos dadas com a empresa produtora, com bons ingredientes e bons processos. “É de extrema importância que tenhamos essa ligação”, afirma.
Quando se fala de inovação, a indústria apresenta soluções. A preocupação da Döehler, empresa de ingredientes fundada na Alemanha, é oferecer, por exemplo, corantes naturais, aditivos e trabalhar com biotecnologia e processos para atender parceiros ao redor do mundo. “O grande desafio é reformular: além da praticidade, o consumidor não abre mão da nutrição”, diz Roberta.
Adequação para a nova rotulagem
A Superbom também vem trabalhando na substituição dos insumos por corantes e aromas naturais e na diminuição da lista de ingredientes para ficar mais acessível para o consumidor. É uma tendência de oferecer um ultraprocessado com ingredientes naturais e que mostra no rótulo os benefícios para a saúde. Por conta da nova rotulagem, que começa a entrar em vigor em outubro, a empresa está reformulando seus produtos do zero por conta da lupa, que vai destacar na embalagem os alertas de altas quantidades de sódio, açúcar adicionado e gordura saturada.
Essa reformulação abrange produtos que estão há mais de 80 anos no mercado. Serão colocados ingredientes funcionais e até os processos estão sendo modificados, trazendo modernidade, e reduzindo custo na receita, consequentemente trazendo preço melhor para o consumidor. Segundo Juliana, é necessário fazer essa mudança nos processos.
Ela dá como exemplo os queijos veganos, reformulados do zero, com redução de sódio. Foram testados diferentes tipos de gordura associando ingredientes que reduzem essa porcentagem. Quem procura o alimento vegano também quer saudabilidade. “Não queremos ter a lupa para esses produtos. E hoje quem quiser produzir vai ter que ver isso. O sabor é essencial também. A gente precisa fazer produtos saudáveis e gostosos”, afirma.