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Dióxido de titânio é proibido na Europa e indústria busca alternativas

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A proibição europeia do corante branco dióxido de titânio aumenta a busca por alternativas em todo o mundo.

O aditivo em pó dióxido de titânio, vem sendo usado mundialmente como corante da cor branca nas indústrias de alimentos, bebidas, farmacêuticas e cosméticos. No entanto, agora o TiO2 (também chamado de E171 ou INS 171) está fadado a ficar no passado, pois estudos científicos mais recentes têm mostrado que não é possível comprovar que é seguro consumi-lo. Em agosto deste ano, entra em vigor sua proibição nos países europeus.

Na indústria alimentícia, sua principal função é tornar doces, sorvetes, coberturas, recheios e produtos de confeitaria visualmente mais atraentes. Outra utilidade era conferir mais turbidez a sucos e bebidas em pó.         

Não foi à toa que esse ingrediente se consolidou como um pigmento branco na indústria de alimentos e bebidas: suas pequenas partículas fazem com que seu índice de refração seja alto, resultando em um alto poder de coloração branca. Esse fator, aliado à sua alta estabilidade em condições adversas e baixa interação com outros ingredientes, o colocaram em destaque. 

Porém, análises recentes relacionam o aditivo alimentar à possibilidade de câncer. Assim, o TiO2 foi proibido na indústria de alimentos francesa, já está banido em todos os países europeus, e ainda pode ser vetado em outros mercados, inclusive brasileiro.

Segurança alimentar

Na contramão das tendências de saudabilidade e clen label, o dióxido de titânio é um mineral natural cujo corante é produzido sinteticamente, um ingrediente químico que tem apenas função estética e não agrega nenhum valor nutricional. O uso desse aditivo começou a ser questionado após análises indicarem que partículas da substância podem ficar acumuladas no organismo humano prejudicando a saúde.

Desde 2016, a Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar (European Food Safety Authority) alerta para a necessidade de mais estudos, pois não pode ser descartada a genotoxicidade das partículas de dióxido de titânio e não é possível estabelecer uma ingestão diária aceitável (ADI).

O Instituto Francês de Pesquisa Agrícola divulgou, em janeiro de 2017, um estudo que aponta o desenvolvimento de danos pré-tumorais no cólon de ratos alimentados com nanopartículas de TiO2. Por meio de estudos, a Agência Francesa de Segurança Alimentar indicou efeitos carcinogênicos. O governo francês entendeu, portanto, que há incerteza sobre a segurança alimentar do aditivo. Em abril de 2017, um decreto do governo proibiu a comercialização na França a partir de 1º de janeiro de 2020 de produtos alimentícios que levem o aditivo na composição.

Em maio de 2021, a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA) apontou que o elemento não pode mais ser considerado seguro na composição de alimentos e bebidas. Segundo o comunicado emitido pela EFSA: “Um fator decisivo que levou a essa conclusão foi a impossibilidade de descartar problemas de genotoxicidade após o consumo de partículas de dióxido de titânio. Depois da ingestão oral, a absorção das partículas de dióxido de titânio é baixa, mas podem se acumular no corpo”.

Nesse contexto, a genotoxidade significa o potencial que uma substância química possui de danificar o DNA (o material genético das células). Portanto, nesses estudos, não foi possível garantir que a ingestão de nanopartículas de dióxido de titânio não possa danificar o material genético humano.

A manifestação da EFSA subsidiou a decisão da Comissão Europeia sobre o aditivo alimentar estipulando que o uso do E171, que torna proibido nos países da União Europeia após um período de transição. De acordo com o Regulamento da Comissão (UE) 2022/63, os alimentos e bebidas que contenham dióxido de titânio podem ser colocados no mercado até 7 de agosto de 2022 e podem permanecer no mercado até à sua data de expiração. Após essa data, o aditivo deixará de ser permitido na fabricação de alimentos da União Europeia ou para importações ao mercado europeu.

No Brasil, atualmente, o dióxido de titânio tem sua aplicação como aditivo alimentar regulamentada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgão brasileiro responsável. Entretanto, esse cenário pode mudar em breve.

Além das questões regulatórias, é cada vez maior a busca dos consumidores por uma alimentação mais consciente. Assim, se tornam mais relevantes os produtos que têm "rótulos limpos" ou "clean label", ou seja, produzidos a partir de itens saudáveis e facilmente reconhecíveis pelos clientes, sem corantes artificiais ou aditivos químicos. De acordo com levantamento da New Food Magazine, o mercado global de ingredientes clean label deve ser avaliado em mais de US $51 bilhões até 2024.

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Alternativa clean label e nutritiva

A demanda trouxe para o mercado alternativas de ingredientes saudáveis, seguros e com benefícios nutricionais, como é o caso do White Diamond, da Döhler, que permite o aporte de cálcio em determinadas dosagens ou em combinação com outras fontes de cálcio.

Outra demanda ascendente dos consumidores é por uma alimentação à base de plantas. O White Diamond também atende a esse público, no qual se enquadram veganos, vegetarianos e flexitarianos, pois é natural e não possui componentes de origem animal.

"Já tivemos aplicações muito bacanas em alternativas cárneas e lácteas — o que torna uma ótima opção para produtos à base de plantas", confirmou o head de marketing e business Units NPI da Döhler, Norbert Goldberg.

"A ação mais importante que podemos tomar é oferecer alternativas ao mercado para que ele, rapidamente, possa se adaptar a essa transição e que o impacto de custo seja mínimo ou até neutro. No entanto, para que isso funcione, e os alimentos sejam otimizados, essas soluções precisam estar disponíveis muito antes da mudança", explicou Goldberg, que alerta para a alta possibilidade do Brasil em breve proibir o dióxido de titânio, seguindo as tendências legais de órgãos internacionais.

Aumento da procura de amido de arroz

O carbonato de cálcio é uma opção que está disponível há muitos anos, enquanto as opções mais recentes incluem amido de arroz e combinações de amidos e minerais.

Diante da proibição do TiO2 na Europa, a Beneo expandiu em 50% a capacidade na sua fábrica de amido de arroz na Bélgica. "O crescente interesse dos consumidores por ingredientes clean label, juntamente com avanços recentes, como a proposta da EFSA de proibir o dióxido de titânio como aditivo alimentar, estão levando a indústria a adaptar as suas formulações. Como resultado, a procura de ingredientes funcionais naturais, como o amido de arroz, em confeitaria está aumentando", afirmou Benoit Tavernier, diretor de produto de especialidades de arroz da Beneo, em entrevista à Fi-Global.

Segundo o especialista, o ingrediente é particularmente adequado para coberturas de confeitaria e balas, sendo capaz de preencher microporos superficiais devido ao seu tamanho de partícula muito pequeno. Também proporciona um acabamento branco brilhante e estável ao longo do tempo. O amido de arroz também pode ser utilizado em outras aplicações, tais como lacticínios, sopas e molhos.

Além da Europa, Tavernier afirma que outras regiões também estão à procura de alternativas ao TiO2. "Embora a proibição do dióxido de titânio diga respeito apenas à Europa, estamos recebendo cada vez mais pedidos em todo o mundo", disse ele à Fi-Global. "Com as exigências dos clientes e consumidores por mais ingredientes naturais em seus produtos de confeitaria, a popularidade de ingredientes funcionais como o amido de arroz parece estar a aumentar ainda mais, à medida que os produtores procuram enfrentar desafios de reformulação de rótulos limpos."

Outros fornecedores estão a combinando amidos com minerais, como carbonato de cálcio, para otimizar a funcionalidade, particularmente porque os amidos podem ser mais volumosos do que o dióxido de titânio, e tendem a reter a umidade.

Congresso aborda o futuro do alimento

Qual o futuro do setor alimentício, e como indústrias e órgãos oficiais podem se preparar para atender o consumidor de hoje e amanhã? Em busca dessas respostas, o Summit of Nutrition 2022 traz à São Paulo, de 9 a 11 de agosto, alguns dos principais nomes desse universo. O evento acontece durante a FiSA - Food ingredients South America, e tem como norte a sustentabilidade e a tecnologia para criar alimentos cada vez mais nutritivos e com capacidade de escala. 

 

Serviço:
Summit of Nutrition 2022

Data e local do evento físico: 09 a 11 de agosto, no São Paulo Expo (Rodovia dos Imigrantes, km 1,5 – Vila Água Funda – São Paulo, SP)
Mais informações, credenciamento e inscrição: clique aqui.

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