A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) realizou uma nova pesquisa sobre a situação do setor de food service no país. Após uma virada de ano otimista, houve leve deterioração em janeiro, com muitas empresas ainda patinando para se recuperar dos prejuízos causados pela pandemia de covid-19.
A pesquisa “Situação Econômica – Alimentação Fora do Lar” ouviu 1.477 empresas de todo o país, entre 16 e 27 de fevereiro, e revelou que quase um quarto delas (23%) registraram prejuízo em janeiro, um crescimento de 4 pontos percentuais em relação ao resultado de dezembro. Outros 43% trabalharam com lucro (queda de 4 pontos) e 34% ficaram em estabilidade.
Além disso, o estudo revelou que 55% das empresas não estão conseguindo reajustar os preços conforme a média de inflação (que foi de 5,77% no período), sendo que 29% fizeram reajustes abaixo do índice e 26% não conseguiram fazer reajuste algum. Outros 35% aumentaram conforme a média e apenas 10% aumentaram o cardápio acima deste índice.
Relacionado: Retrospectiva: O que 2022 ensinou às empresas de Food Service
O presidente-executivo da Abrasel, Paulo Solmucci, destaca a importância de o governo federal atentar para a piora do quadro, principalmente quanto às empresas que ainda sofrem os efeitos devastadores do período de restrições, com alto endividamento e pagamentos em atraso.
A pesquisa mostra que 66% das empresas têm hoje empréstimos bancários contratados. A inadimplência é de 21% entre os que tomaram dinheiro de linhas regulares e de 13% entre os que aderiram ao Pronampe (a média do programa no Brasil é de 5,2%).
“Em média, 10% do faturamento das empresas que tomaram empréstimos está sendo aplicado em pagar dívidas bancárias, um índice muito alto. Não à toa, a inadimplência em relação a empréstimos de linhas regulares já atinge uma em cada cinco destas empresas”, analisa Solmucci.
Os números revelam que 24% das empresas que têm empréstimos está com 11% a 20% do faturamento empenhados em pagar as parcelas, e para 9% o percentual está acima de 20%.
Violência contra a mulher
Por fim, a pesquisa também abordou o tema do assédio e violência contra mulheres nos estabelecimentos de alimentação fora do lar, um tema importante para a sociedade que está conquistando projetos de lei e decretos em estados e municípios.
De acordo com a pesquisa, 80% dos estabelecimentos já implantaram ou pretendem implantar sinalização sobre canais de denúncia ao assédio contra mulheres (13% já implantaram e 67% pretendem implantar em breve).
Outras medidas que têm ampla adesão são o treinamento dos funcionários para lidar com as situações de assédio/violência (78%) e protocolo para acionamento imediato de autoridades (74%).
Entre as medidas consideradas menos viáveis estão vigilância especial em áreas isoladas ou com pouca iluminação (52% creem não ser viável para o estabelecimento) e espaço físico reservado para o acolhimento (58% não veem viabilidade na implantação em seu estabelecimento).
LEIA MAIS