Impactos ambientais aliados à causa animal estão alavancando a demanda por produtos veganos no Brasil. Segundo a Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), uma pesquisa de 2021 do Instituto Paulista de Educação Continuada (Ipec) informou que mais de 32% dos brasileiros escolhem uma opção vegana nos estabelecimentos que tem essa oferta, e 46% escolhem não consumir proteína cárnea pelo menos uma vez na semana.
A entidade afirma que, nos últimos anos, esse número não só cresceu como tem sido um multiplicador de mercado, que demanda cada vez mais de produtos veganos. A última pesquisa do IBOPE, de 2018, aponta que aproximadamente 30 milhões de brasileiros (14% da população) se declararam vegetarianos, um crescimento de 75% em relação a 2012.
O veganismo vai além de não consumir proteína animal, ele exclui qualquer produto de origem animal na alimentação (como mel, ovo e leite), vestuário, cosméticos, entre outros. Para incentivar a ampliação da oferta de produtos veganos no mercado, a SVB atua com a certificação para a indústria.
No food service, a entidade oferece consultoria gratuita para quem pretende implementar opções veganas no cardápio. Os projetos da SVB estão sendo apresentados na Fispal Food Service, o principal evento de alimentação da América Latina, que vai até o dia 10 de junho.
Certificação vegana
O selo vegano da Sociedade Vegetariana Brasileira foi criada em 2013 e atende as indústrias de alimentos, cosméticos, produtos de higiene pessoal, limpeza, produtos para pets, calçados e diversos outros ramos.
“Quando um produto leva o nosso selo, garantimos que toda a cadeia de produção é vegana. Ou seja, não envolveu nenhum tipo de sofrimento animal, não tem nada de origem animal, nem foi testado em nenhum animal”, afirma Maria Eduarda Lemos, gerente de certificação da SVB.
Segundo ela, hoje cerca de 3,8 mil produtos já foram certificados com o selo e mais de 200 empresas têm pelo menos um produto vegano. “Nosso maior portfólio ainda é de alimentos, eles são cerca de 80% dos produtos com o nosso selo. Estamos muito contentes em saber que o programa está crescendo e as indústrias estão olhando para esse mercado cada vez mais atentas e os produtos veganos estão ganhando competitividade no mercado”, declara Lemos.
De olho na tendência e contrariando o estereótipo de que comida vegana é ruim e tem uma textura duvidosa, os fabricantes de alimentos plant-based estão investindo em pesquisa para oferecer produtos cada vez melhores. E, para quem não pode consumir ingredientes de origem animal, como os intolerantes à lactose, há soluções à base de plantas que se assemelham ao gosto de produtos que levam leite, por exemplo.
“Após um ano de muita pesquisa e desenvolvimento, conseguimos uma reformulação dos nossos produtos, melhorando textura, aparência e sabor. Lançamos o crema di chèvre, produto fermentado à base de castanha, que se assemelha bastante ao queijo de cabra, e tem sido um sucesso na feira. O interesse tem aumentado muito e o retorno tem sido positivo”, assinalou Tobias Biselli, CEO do Galpão Cucina.
Consultoria 'Opção Vegana'
Já a consultoria "Opção Vegana" tem como objetivo incentivar e auxiliar os estabelecimentos de food service a adicionarem opções veganas ao cardápio. A SVB avalia os insumos e realiza uma pesquisa do que é interessante para o público-alvo do restaurante, dando suporte para a estratégia de venda. Ao final do programa, o prato ganha o selo da sociedade no cardápio.
A fisioterapeuta Regina Costa Corrêa visitou o stand da SVB na Fispal Food Service pois prioriza as opções veganas em seu trabalho. Todos os cosméticos utilizados por ela são certificados pela entidade. “Sou vegetariana há sete anos e muitas coisas vêm mudando. Isso é ótimo. Antigamente era muito difícil encontrar produtos livres de crueldade animal e hoje temos uma leva de produtos vegetarianos e veganos que chama a atenção de empresas que não tinham oferta para essa demanda. Hoje até os mais novos estão começando a consumir já com essa preocupação. Conheço crianças vegetarianas e os pais também passam a se preocupar com o que consomem, por conta dos filhos”, afirma.
Com o crescimento do setor, a SVB já auditou 610 fornecedores e analisou 4,5 mil ingredientes. O espaço da sociedade na Fispal Food Service, entre os dias 7 e 10 de junho, no Expo Center Norte, para quem quiser saber mais sobre o programa de consultoria "Opção Vegana" ou solicitar a certificação dos seus produtos.
“Ter um espaço para falar sobre produtos veganos é importante, tanto para o público conhecer as novidades do setor, quanto para os empreendedores verem quais são as demandas do setor para planejar novos produtos. Este é um mercado crescente que deve estar no radar dos empresários”, afirmou Ricardo Laurino, presidente da SVB (Sociedade Vegetariana Brasileira).
LEIA MAIS
Mercado vegano para não veganos
1 em cada 5 crianças e adolescentes do Reino Unido são veganos ou gostariam de ser
O mercado de cosméticos e a "descoberta" do veganismo
Brasileiros reduzem consumo de carne e estabelecimentos se adaptam
