Vivemos em uma sociedade que está se modernizando de forma rápida e isso vem influenciando até na maneira em que os consumidores veem a origem dos alimentos.
Hoje em dia, a capacidade de rastreabilidade dos alimentos, principalmente aqueles armazenados em embalagens, representam grande preocupação para os consumidores, que começam a “exigir” (mesmo que indiretamente) a forma com que produzimos e comercializamos os alimentos.
Pensando nesta exigência dos consumidores, muitas empresas estão cada vez mais preocupadas em criar ações que garantam maior segurança a seus produtos. E uma inovação que vem ganhando maior atenção relacionam-se com a criação de embalagens rastreáveis.
Para as empresas do ramo alimentício, inserir a rastreabilidade nas embalagens representará um avanço significativo, principalmente na questão da segurança de seus alimentos.
Embalagens rastreáveis: entendendo seu conceito
De maneira direta, promover a rastreabilidade dos alimentos significa saber exatamente a localização de cada um deles na cadeia logística, e as embalagens rastreáveis serão as formas mais recomendadas para conseguir isso, como explica professor do curso de mestrado em Ciência e Tecnologia de Leite e Derivados da Unopar (Universidade do Norte do Paraná), Rafael Fagnani, :
“Uma embalagem dita “rastreável” apenas refletirá um processo logístico bastante avançado que chamamos de “Rastreabilidade de Alimentos”. Fagnani indica ainda que esse recurso permite o monitoramento de um alimento (e/ou de seus insumos) desde a sua produção na fazenda, granja ou lavoura até chegar à mesa do consumidor.
Porém, para que isso seja possível, o professor lembra que toda a cadeia deve estar integrada. “Assim a indústria terá a habilidade de retroceder no tempo e monitorar todo o histórico dos produtos”.
Uma das mais eficientes estratégias de rastreabilidade está nas embalagens, que podem conter algum código numérico estampado, selo ou até mesmo um QR code. Estes irão revelar toda a identidade do alimento.
Principais características das embalagens rastreáveis
Tornar qualquer alimento rastreado via embalagens rastreáveis trará diversos benefícios tanto aos consumidores finais quanto às empresas.
Fagnani cita como exemplo a segurança alimentar na produção e comercialização de um simples hambúrguer:
“Ao promover a rastreabilidade de um hambúrguer poderemos saber de qual fazenda vieram os animais abatidos para fazê-lo, bem como a data do abate, local da sua industrialização, quais funcionários participaram do processo e muitas outras informações”.
Dessa forma, o professor da UNOPAR indica que as embalagens rastreáveis terão como principal característica servir como um dos elementos chaves na garantia de uma maior segurança alimentar, auxiliando na rápida solução de possíveis falhas durante o processo produtivo.
“As embalagens rastreáveis irão viabilizar, por exemplo, um rápido recall de alimentos se necessário, diminuindo a possibilidade de problemas à saúde de consumidores”, explica.
Além da questão ligada à segurança alimentar, as embalagens rastreáveis podem entregar ao consumidor diversas informações de interesse, como por exemplo:
- Origem e trajeto percorrido pelos alimentos;
- Características nutricionais;
- Informações quanto ao armazenamento;
- Certificações e selos de qualidade (que inclusive podem representar ganhos em marketing para a indústria alimentícia);
Outra característica importante citada por Fagnani é que as embalagens rastreáveis podem ser usadas em todos os tipos de alimentos, seja ele proteína animal ou não.
Aliás, o professor diz que a cadeia alimentar não é a única a utilizar a estratégia da rastreabilidade. “Embalagens rastreáveis já se fazem presentes na indústria farmacêutica, na fabricação de eletrônicos e muito mais”.
Uma breve história da rastreabilidade de alimentos
Apesar de ser uma ação fundamental na garantia da qualidade e confiabilidade de alimentos, a rastreabilidade é estratégia de empresas relativamente recente, iniciada com mais afinco somente no final do século passado.
A expansão da rastreabilidade teve início na década de 90 com a crise da vaca louca (Encefalopatia Espongiforme Bovina) na Europa.
“Com a crise da vaca louca, a União Europeia buscou implantar sistemas e normas para fortalecer a segurança alimentar e garantir maior credibilidade da carne por eles produzida”, daí surgiu a rastreabilidade, conta o professor.
Já neste início do século 21, a indústria já começa a usar sistemas ligados à rastreabilidade como estratégia de marketing agregando valor aos alimentos.
“Hoje, é possível saber se o bife consumido veio de animais que foram tratados dentro dos preceitos de bem-estar animal ou se foram alimentados com grãos transgênicos, tudo por meio de suas embalagens rastreáveis”, explica Fagnani.
Na atualidade, legislações no mundo todo já exigem a rastreabilidade dos alimentos para o consumo humano, para os animais e seus ingredientes. E a tendência é que a rastreabilidade esteja presente em praticamente todas as embalagens nos próximos anos.