Dados recentes do instituto de pesquisa Euromonitor apontam que o segmento de snacks apresenta uma projeção de crescimento de 9% ao ano no Brasil, saltando de 9 bilhões em 2022 para 13,4 bilhões de dólares em 2027. Isso significa uma oportunidade de crescimento para a indústria de alimentos em biscoitos doces, barras e snacks de frutas, além de snacks salgados.
Alessandra Mattar, gerente de marketing da ADM, explica esse fenômeno. “Hoje, vemos que a famosa hora do lanche está mais presente na vida do consumidor. São aqueles momentos em que as pessoas dão uma pausa para escolher algo rápido para comer entre as refeições e até mesmo para substituir um almoço em dias agitados.”
Segundo ela, existe o desejo do consumidor por produtos mais personalizados, suprindo necessidades específicas e se distanciando dos produtos mainstream. “Por serem pausas rápidas, o consumidor está mais atento à qualidade dos produtos. Além de nutritivo e saboroso, há uma maior demanda por um alimento que se encaixe aos seus desejos durante o dia”, afirma, citando o exemplo de lanches salgados e rápidos como produtos ricos em proteínas que vem crescendo e impulsionando a inovação no setor.
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Segundo dados de pesquisa do relatório Snacking Report 2020, gerado pela Hartman´s Group , a nova rotina do consumidor gera ocasiões de consumo que explicam o crescimento da demanda por lanches mais saudáveis, completos e complexos.
Além da necessidade de se alimentar com praticidade no dia a dia devido à rotina cada vez mais acelerada, existe uma variedade de estados de necessidade para o consumo de snacks, como indulgência, saúde e conforto.
Snacks saudáveis: uma tendência em evolução
Outro padrão que está se firmando nos hábitos dos brasileiros é a procura por lanches com foco em saudabilidade e bem-estar. Segundo Alessandra, inovar ainda é um desafio. “Anos atrás, víamos que a indústria começou a avançar com produtos que tivessem o foco na saudabilidade, como os biscoitos integrais, por exemplo, passando por pães, utilização de grãos ancestrais, etc., e isso abriu uma porta enorme no mercado brasileiro”, comenta.
No Brasil, a concorrência com o consumo de frutas na hora do lanche também é um fator importante no desenvolvimento deste tipo de produto, aponta a executiva da ADM. “Diferentemente de outros países, no Brasil o consumo de frutas é muito popular e esta é uma opção importante quando se fala em pausas para o lanche. Mas sabemos que o consumidor também busca outras opções para sair do básico e do que já se conhece por lanches com saudabilidade e bem-estar, opções mais convenientes, com maior conteúdo proteico e apelo indulgente”, completa.
A popularização de lanches saudáveis se deu com maior foco em produtos doces. “Hoje, já encontramos no mercado uma grande variedade de opções com perfil focado em doce, como as barras proteicas, os shakes e biscoitos. No entanto, para os consumidores que possuem um paladar mais salgado, as opções de snacks funcionais ainda são escassas. Mas, muito pode ser explorado, especialmente quando se trata em produtos plant-based que trazem vitaminas e proteínas em sua composição”, afirma. “Em nosso centro de inovação, por exemplo, desenvolvemos um snack salgado que substitui a tradicional granola doce, uma versão de granola salgada rica em proteínas, fibras, plant-based, uma opção para a pausa no trabalho com baixa caloria”, completa Alessandra Mattar.
Snacks de proteína: uma solução promissora
A indústria tem apostado nos snacks como uma das maneiras de aumentar o consumo de proteína. Os snacks nada mais são que lanches rápidos, geralmente processados e que possuem tempo de vida mais longo, como biscoitos, torradas e outros tipos de alimentos que, em geral, são enriquecidos com micronutrientes.
Durval Ribas, presidente da Associação Brasileira de Nutrologia, afirma que a indústria de alimentos tem em mãos a possibilidade de entregar ao público aportes proteicos em refeições menores e seguras, mas, para isso, precisa acrescentar mais nutrição aos snacks, tendo em vista que, em média, a saciedade com esse tipo de refeição dura apenas 30 minutos.
“Uma orientação para que a indústria, dentro do possível, torne esses snacks mais nutritivos é colocar elementos como fibras solúveis e insolúveis, que dão mais saciedade e, certamente, contribuam para que as pessoas tenham uma ingestão alta de proteína sem que tenham que repetir a refeição excessivamente para que se sintam saciadas”, avalia o especialista, durante participação no Q&A FiSA BrainBox.
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Hoje, a utilização de barras ou bebidas lácteas com alto teor de proteína, para citar apenas algumas soluções, podem ser utilizadas em substituição aos doces e lanches calóricos. A Athletica Nutrition, empresa focada em soluções à base de proteína, inclui de 5g a 15g de aporte proteico em seus snacks.
Além disso, a empresa vem colocando micronutrientes nos alimentos para fazer uma composição que combine aporte proteico e saciedade. “A goma é uma realidade no mercado americano e europeu e está chegando forte ao Brasil. E se a indústria conseguir colocar cada vez mais vitaminas e minerais nesse tipo de produto, ela poderá substituir até mesmo balas e chicletes comuns por produtos que garantam aportes de proteínas, reduzindo o déficit de proteínas e alcançado públicos diferentes, como idosos e crianças”, explica Jefferson Silva, diretor nacional de Vendas da Athletica, durante o Q&A.
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