Para fazer a logística de alimentos de maneira adequada, é essencial seguir as boas práticas, como utilizar embalagens adequadas, garantir condições ideais de temperatura e higiene durante o transporte e cumprir os requisitos regulatórios e sanitários brasileiros. Saiba mais a seguir.
A logística de distribuição de alimentos é responsável por garantir que os produtos alimentícios cheguem aos consumidores de maneira segura, oportuna e em condições ideais.
Vamos explorar as melhores práticas e estratégias para realizar uma logística de distribuição de alimentos adequadamente, garantindo a satisfação do cliente e o sucesso do negócio.
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O que significa logística de distribuição de alimentos?
A logística de distribuição de alimentos refere-se ao processo de planejamento, implementação e controle do fluxo eficiente e eficaz de alimentos, desde o ponto de produção até o ponto de consumo final.
Isso envolve atividades como transporte, armazenamento, manuseio e entrega dos alimentos de forma a garantir que alimentos cheguem aos consumidores finais frescos, seguros e no prazo adequado.
Essa logística é essencial para garantir a disponibilidade e a qualidade dos alimentos ao longo da cadeia de suprimentos alimentar.
Como funciona a logística de distribuição de alimentos?
É fundamental ter cuidado e atenção na logística de alimentos para garantir a qualidade, a segurança e a integridade dos produtos ao longo de toda a cadeia de abastecimento.
Para isso, é importante levar em consideração os seguintes aspectos:
Acondicionamento
Primeiramente, os alimentos devem ser embalados em materiais adequados que protejam contra contaminação, umidade e danos físicos.
Além disso, é importante considerar o tamanho e formato das embalagens para otimizar o espaço de armazenamento e facilitar o transporte.
Etiquetas com informações claras sobre o conteúdo, data de validade e manipulação também são fundamentais para garantir a rastreabilidade e segurança dos alimentos.
Embalagens
As embalagens devem ser escolhidas com cuidado, levando em consideração não apenas a proteção dos alimentos, mas também a praticidade, o impacto ambiental e a apresentação do produto.
Embalagens resistentes e adequadas ao tipo de alimento garantem a integridade durante o transporte e armazenamento, evitando vazamentos, contaminações e danos físicos.
É importante também considerar o aspecto sustentável das embalagens. Materiais biodegradáveis, recicláveis ou compostáveis, por exemplo, são algumas das opções disponíveis.
Além disso, embalagens atrativas e bem projetadas contribuem para a valorização do produto e podem influenciar a decisão de compra dos consumidores.
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Armazenamento
É importante contar com instalações e equipamentos adequados, como câmaras frigoríficas e congeladores, que proporcionem as condições ideais de temperatura e umidade para cada tipo de alimento.
Adicionalmente, adotar práticas de rotatividade e organização de estoque garante que os alimentos mais antigos sejam utilizados primeiro, evitando desperdícios e perdas.
O controle de estoque por meio de sistemas informatizados ou manuais também é fundamental para monitorar o fluxo de produtos e garantir que não ocorram falhas na gestão de inventário.
Por fim, treinamentos e capacitações também são essenciais, pois ajudam a garantir o cumprimento das normas de segurança alimentar e o correto manuseio dos alimentos, minimizando os riscos de contaminação e deterioração.
Código de barras
A utilização de códigos de barras é uma prática fundamental na logística de distribuição de alimentos, pois permite a identificação rápida e precisa de cada produto.
Cada item alimentício é atribuído a um código de barras exclusivo, que contém informações como o número de lote, data de validade, origem e outras características relevantes.
Isso facilita o rastreamento dos produtos ao longo de toda a cadeia de distribuição, desde o momento da produção até a entrega ao cliente final.
Paralelamente, os códigos de barras são essenciais para a automação de processos, como o registro de entrada e saída de mercadorias, o controle de estoque e a emissão de notas fiscais.
Dessa forma, empresas conseguem agilizar suas operações logísticas, reduzir erros e garantir maior eficiência em toda a cadeia de abastecimento.
Higienização do estoque
Antes de armazenar os produtos, é essencial realizar a limpeza completa do ambiente, removendo qualquer resíduo ou sujeira que possa contaminar os alimentos.
Prateleiras, paletes e recipientes de armazenamento devem ser regularmente higienizados com produtos adequados, garantindo que estejam livres de germes e bactérias.
Durante o armazenamento, é importante manter o estoque organizado e etiquetado, facilitando a identificação dos produtos e evitando possíveis contaminações cruzadas.
Implementar protocolos rigorosos de higienização do estoque ajuda a proteger a saúde dos consumidores e a preservar a integridade dos alimentos até chegarem ao seu destino final.
Além disso, está na lei. O Decreto-Lei nº 986/1969 estabelece todos os critérios básicos para dificultar contaminações em ambientes de produção. É necessário estar em conformidade às normas para evitar qualquer tipo de problema.
Iluminação
A exposição à luz excessiva pode acelerar a deterioração dos alimentos, reduzindo sua vida útil e comprometendo sua frescura.
Além disso, a questão da iluminação adequada é prevista na NBR ISO 8995-1, relacionada a iluminação de interiores.
O documento funciona como um guia que regula e detalha como essa iluminação deve ser em diferentes setores da indústria, do varejo e das instalações comerciais.
Uma iluminação adequada no estoque não apenas preserva a qualidade dos alimentos, mas também facilita a identificação e o manuseio dos produtos, contribuindo para uma logística de distribuição mais eficiente.
Organização
Uma organização eficiente no estoque de alimentos é fundamental para garantir a segurança dos produtos e facilitar o processo de distribuição.
Para isso, é importante estabelecer um sistema de categorização e etiquetagem claro e intuitivo, que permita identificar rapidamente cada item armazenado.
Utilizar prateleiras, paletes e contêineres adequados para cada tipo de alimento também ajuda a otimizar o espaço e facilitar o acesso aos produtos.
Perceba que, ao manter uma organização eficiente no estoque, também é possível agilizar o processo de distribuição e reduzir o risco de erros e perdas de produtos.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é a responsável por determinar os requisitos que devem constar nos rótulos dos alimentos, com o objetivo de assegurar a qualidade dos produtos e proteger a saúde da população.
Estas normas desempenham um papel crucial ao garantir que as empresas forneçam informações essenciais aos consumidores, além de contribuir para a organização do estoque.
Ventilação
Manter o ar circulando de forma adequada ajuda a controlar a umidade e a temperatura, evitando condições propícias para o desenvolvimento de mofo, fungos e bactérias.
Para isso, é importante contar com sistemas de ventilação adequados, que proporcionem uma circulação de ar constante e uniforme em todo o espaço de armazenamento.
A Resolução N° 216, de 15 de setembro de 2004, estabelece o Regulamento Técnico de Boas Práticas para Serviços de Alimentação.
Esta normativa, emitida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), tem como objetivo definir os padrões a serem seguidos por estabelecimentos que manipulam alimentos, incluindo questões relacionadas à ventilação e refrigeração.
Além disso, é essencial realizar uma manutenção regular nos equipamentos de ventilação, garantindo seu funcionamento eficiente e evitando falhas que possam comprometer a qualidade dos alimentos.
Transporte
De acordo com a legislação referente ao transporte de alimentos perecíveis (Portaria CVS-15), é exigido que esses produtos sejam transportados em condições que previnam contaminação ou perda durante o trajeto.
Para garantir isso, é fundamental manter um controle rigoroso da higiene, temperatura e tempo de transporte.
Em primeiro lugar, um dos principais cuidados no transporte de alimentos envolve o uso de veículos refrigerados ou equipados com sistemas de refrigeração que mantenham os produtos na temperatura adequada durante todo o percurso.
Além disso, é importante monitorar constantemente a temperatura durante o transporte e tomar medidas imediatas em caso de variações fora do padrão, como ajustar o sistema de refrigeração ou fazer paradas para reabastecer gelo seco.
Outro aspecto importante é a proteção contra impactos, especialmente para alimentos perecíveis que são sensíveis a danos físicos.
Para isso, os produtos devem ser adequadamente embalados e acondicionados em recipientes resistentes a impactos, como caixas de isopor ou embalagens acolchoadas.
Adicionalmente, é importante evitar o empilhamento excessivo de mercadorias e garantir que estas estejam devidamente fixadas no veículo para evitar movimentações bruscas durante o transporte.
O acondicionamento dos alimentos também merece atenção especial para garantir sua integridade durante o transporte.
Os produtos devem ser colocados em embalagens adequadas, que protejam contra contaminações externas e vazamentos.
Por fim, é importante garantir que as embalagens estejam devidamente fechadas e seladas para evitar a entrada de ar, umidade e agentes contaminantes.
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Desperdício de alimentos no Brasil: números que justificam a importância da logística de distribuição
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil descarta aproximadamente 27 milhões de toneladas de alimentos anualmente.
Aproximadamente 80% desse desperdício ocorre durante o manuseio, transporte e nos centros de distribuição, conforme divulgado pelo G1.
Esse desperdício tem impactos significativos não apenas na economia, estimado em 61,3 bilhões de reais por ano, mas também no meio ambiente e na sociedade, colocando o Brasil como o 10º país que mais desperdiça comida, de acordo com dados da ONU.
As causas deste desperdício são diversas e ocorrem em várias etapas da cadeia alimentar. Na produção, problemas como planejamento inadequado, infraestrutura precária e condições climáticas adversas contribuem para as perdas.
Já na distribuição e comercialização, os alimentos são descartados devido a critérios rigorosos de aparência e qualidade, além de desafios logísticos.
Dito isso, é possível perceber o porquê da importância de cada um dos aspectos anteriormente elencados no que diz respeito à logística adequada de distribuição de alimentos.
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Cuidado redobrado com alimentos perecíveis e refrigerados
Vale reforçar que quando se trata de alimentos perecíveis e refrigerados, é crucial adotar cuidado redobrado em todas as etapas da cadeia de distribuição.
O transporte de alimentos requer cuidados específicos quanto ao manuseio, higiene, desinfecção dos veículos e armazenamento, entre outros aspectos cruciais.
Essas orientações estão detalhadas na Portaria nº 326 da Secretaria de Vigilância Sanitária, a qual estabelece diretrizes e boas práticas referentes à higiene, fabricação e manipulação de alimentos.
Adicionalmente, a Resolução nº 275 da ANVISA oferece um regulamento técnico com procedimentos padronizados que devem ser observados pelas empresas responsáveis pela manipulação de alimentos.
Desde o momento da embalagem até a entrega final ao cliente, cada passo deve ser meticulosamente planejado e executado para garantir a qualidade e a segurança dos produtos.
Embalagens
Isso inclui a seleção de embalagens adequadas que ofereçam proteção contra variações de temperatura e danos físicos durante o transporte.
Por exemplo, ao transportar carnes, laticínios e produtos congelados, é essencial utilizar embalagens isoladas e refrigeradas para manter a temperatura dentro dos limites seguros.
Manuseio
Além disso, é importante estabelecer procedimentos claros para o manuseio e armazenamento desses alimentos durante o transporte.
Os alimentos perecíveis devem ser manuseados com cuidado para evitar danos físicos que possam comprometer sua qualidade.
Por exemplo, ao carregar e descarregar os produtos dos veículos de transporte, os trabalhadores devem ser treinados para manipulá-los com cuidado e evitar quedas ou impactos que possam causar danos.
Higienização
Outro ponto é garantir que os veículos de transporte estejam devidamente equipados e mantidos para garantir condições adequadas de temperatura e higiene.
Isso inclui a realização regular de inspeções e manutenções nos sistemas de refrigeração dos veículos, bem como a limpeza e desinfecção adequadas dos compartimentos de carga.
Monitoramento
Também é fundamental estabelecer protocolos de monitoramento e rastreamento para acompanhar o transporte de alimentos perecíveis e refrigerados em tempo real.
Assim, é possível que os responsáveis pela distribuição identifiquem e intervenham rapidamente em caso de problemas, como desvios de temperatura ou atrasos na entrega.
Por exemplo, o uso de sistemas de monitoramento por GPS e sensores de temperatura pode fornecer dados em tempo real sobre a localização e as condições de transporte dos produtos, permitindo uma resposta imediata a qualquer anomalia.
O que diz a legislação
Os órgãos responsáveis pelo controle e fiscalização do transporte de alimentos, especialmente carne, baseiam suas ações na Resolução 275, que estabelece os procedimentos operacionais para empresas que lidam com cargas perecíveis.
Além disso, em todo o Brasil, a Portaria SVS/MS 326/1997 permanece em vigor, delineando as diretrizes para fabricação, manipulação, transporte e armazenamento de alimentos perecíveis.
Essas regulamentações também especificam os requisitos de higiene, manipulação e preservação durante o transporte desses alimentos.
A fiscalização do transporte de carne é realizada por órgãos federais, estaduais e municipais, que verificam a documentação necessária e garantem que a carga esteja em conformidade com a legislação, incluindo o controle adequado de temperatura.
Requisitos regulatórios e sanitários na distribuição de alimentos
O Brasil possui uma legislação robusta que visa garantir a segurança alimentar e proteger a saúde dos consumidores.
Isso inclui regulamentações específicas para cada etapa da cadeia de distribuição, desde a produção até a venda final dos alimentos.
Os órgãos reguladores, como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), estabelecem normas e padrões que devem ser seguidos pelos estabelecimentos comerciais, distribuidores e transportadores de alimentos.
Uma das principais preocupações dos órgãos reguladores é garantir a qualidade higiênico-sanitária dos alimentos ao longo de toda a cadeia de distribuição.
Isso envolve a implementação de boas práticas de manipulação, armazenamento e transporte, bem como o cumprimento de padrões de higiene pessoal e de instalações para evitar a deterioração dos alimentos e outros problemas.
Os estabelecimentos que lidam com alimentos devem atender a requisitos específicos de infraestrutura, como ter instalações adequadas para lavagem e higienização de utensílios, controle de pragas e condições de armazenamento que garantam a integridade dos produtos.
Além das questões relacionadas à higiene e segurança dos alimentos, também existem requisitos específicos relacionados à rotulagem e rastreabilidade dos produtos.
Os alimentos devem ser corretamente rotulados, contendo informações obrigatórias como data de validade, lista de ingredientes, informações nutricionais e origem do produto.
Além disso, os estabelecimentos devem manter registros detalhados sobre a procedência dos alimentos, facilitando a rastreabilidade em caso de recall ou identificação de problemas de segurança alimentar.
É importante ressaltar que o descumprimento dos requisitos regulatórios e sanitários pode acarretar em penalidades severas, incluindo multas, interdição do estabelecimento e até mesmo processos judiciais.
Portanto, os responsáveis pela distribuição de alimentos devem estar sempre atualizados sobre a legislação vigente e adotar medidas proativas para garantir o cumprimento de todas as exigências.
Investir em treinamento e capacitação da equipe, manter registros detalhados e realizar auditorias internas regulares são algumas das práticas recomendadas para assegurar a conformidade com os requisitos regulatórios e sanitários na distribuição de alimentos.
Conclusão
Conforme você acabou de conferir, a logística de distribuição de alimentos é um processo complexo que exige cuidado e atenção em todas as etapas, desde o acondicionamento e armazenamento até o transporte e entrega final dos produtos.
Ao seguir as boas práticas e atender aos requisitos regulatórios e sanitários estabelecidos pelas autoridades competentes, os distribuidores de alimentos podem garantir a qualidade, segurança e integridade dos produtos, proporcionando aos consumidores uma experiência satisfatória.
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