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Os desafios para gerar inovação da indústria alimentícia

A inovação da indústria alimentícia é permeada por desafios, que devem ser vencidos com estratégia e tecnologia.

A inovação é um dos caminhos para empresas não apenas lidarem, como também se fortalecerem em momentos difíceis ou de instabilidade. E esse é o cenário atual desencadeado pela pandemia de COVID-19. No entanto, como lembra Carlos Vianna, diretor adjunto de Produção e P&D do Grupo Josapar, a inovação da indústria alimentícia é permeada por diversos desafios.

"Inovar não é algo simples, para inovar e ser bem-sucedido em um país tão grande e diverso quanto o nosso, é preciso muito tempo, investimento em pesquisa, em recursos humanos e, ainda assim, entre os novos produtos lançados, é pequena a parcela que realmente alcança um sucesso mais perene", destaca o especialista. 

E, para adicionar uma camada extra de complexidade a esse desafio, cabe salientar que muitas empresas ainda não conseguiram se adequar totalmente às demandas do século 20, mas estão tendo que acelerar o passo para se preparar para a agenda do século 21. Além disso, é preciso considerar uma pandemia, que torna os desafios para a inovação da indústria alimentícia ainda maiores.

A mudança no paradigma da inovação na indústria de alimentos

Se há uns 20 anos, a inovação da indústria alimentícia se concentrava especialmente em questões como extensões de sabores de produtos consolidados, hoje, ela precisa abarcar uma série de novas demandas, incluindo o bem-estar do consumidor, sua qualidade de vida, alinhamento de valores, sustentabilidade e transparência da cadeia produtiva - e tudo isso abrangendo não somente o produto em si, como também a sua embalagem, os canais de distribuição, entre outras coisas. 

Para Carlos Vianna, hoje "o grande desafio para ter sucesso na inovação da indústria alimentícia é alcançar a qualidade adequada aos reais valores do consumidor, ao que ele, de fato, valoriza e estará disposto a comprar. Inovar por inovar, mesmo que se elevando a qualidade do produto, mas indo em direção a algo diferente do que o cliente busca, não é um caminho eficiente, produtivo ou rentável".

Legislação e cultura organizacional: desafios para a inovação da indústria alimentícia

Além dos novos desafios já citados para a inovação da indústria alimentícia, Vianna destaca, também, que a legislação do nosso país, e a cultura organizacional de muitas empresas que não contemplam a inovação entre seus valores, são entraves para um ecossistema de maior inovação. É preciso que tudo seja feito seguindo os parâmetros estabelecidos por meio de leis e normas técnicas, e um direcionamento à inovação que irradie desde o topo da administração da indústria até seu chão de fábrica. 

"O grande número e o alto grau de complexidade das legislações no Brasil tornam, muitas vezes, a inovação mais difícil, podendo, inclusive, inviabilizar muitas ideias inovadoras. Outro dos desafios encontrados é a própria cultura de algumas empresas, se a inovação não faz parte dela, de seu DNA, o investimento em pesquisa de mercado e desenvolvimento de produtos e outras inovações deverão ser mais difíceis", ressalta o especialista.

Desafios de inovação da indústria alimentícia no "novo normal"

Esse novo cenário trouxe ou acentuou diversos desafios também para a inovação da indústria alimentícia. Em meio a tudo isso, é preciso buscar formas de ajudar a descomplicar a nova rotina dos consumidores, e de reduzir as complexidades relacionadas ao acesso seguro aos produtos alimentícios.

Além disso, saudabilidade, conveniência, praticidade e confiabilidade já apareciam como tendências para nortear a inovação da indústria alimentícia em levantamentos, como o Brasil Food Trends 2020, e foram acentuadas a partir desse cenário de pandemia.

Ainda, produtos alimentícios adequados ao estilo e à fase da vida do consumidor também devem pautar a agenda de inovações daqui para a frente. Nesse contexto, desenvolvimento de soluções em proteínas alternativas, itens adaptados às necessidades nutricionais de crianças, idosos e atletas, entre outros deverão ganhar destaque. E, para viabilizar e acelerar esse processo, a inovação deve permitir níveis cada vez mais sofisticados de cruzamento entre alimentos, tecnologia e big data.

No entanto, como ressalta o especialista, é preciso estar muito atento e extrair aprendizados para lidar com esse momento ímpar e desafiador.

"A pandemia trouxe mudanças de comportamento, algumas por imposição. Tínhamos um grande movimento de alimentação fora do lar, nesse cenário, cozinhar em casa foi a solução encontrada, então itens para a cozinha básica, como o arroz, tiveram um incremento de consumo. No entanto, a inovação da indústria alimentícia, vai além disso, precisando levar em conta um novo grau de segurança que será exigido, mais transparência, saudabilidade, produtos clean label e minimamente processados, uma nova forma de produzir, avaliar o que pode ou não ser remodelado, o que passará agora a agregar mais valor ao cliente nessa nova realidade de novo normal", resume.

Para ajudar a vencer esses desafios, é importante desenvolver um ecossistema de inovação da indústria alimentícia, que pode ser formado por startups, food techs, hackathons para inovação interna, departamento de PD&I, entre outros.

Para finalizar, o diretor afirma que "não é possível prever o futuro, mas, sem dúvida, ele será diferente de como estávamos vivendo, produzindo e consumindo e devemos estar atentos a isso para lidar com os desafios para inovar e fortalecer a indústria"

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