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Café em cápsulas aumenta renda e gera valor agregado para produtores

Caso as expectativas da pesquisa da Euromonitor para a ABIC (Associação Brasileira da Indústria de Café) se confirmem, o mercado do segmento de café em cápsulas vai crescer 21% até 2019, representando um salto de faturamento dos atuais R$ 1 bilhão para R$ 2,9 bilhões. Dois fatores colaboram para isso: o café ser “uma bebida de hábito diário, de custo baixo”, segundo o diretor executivo da Associação, Nathan Herszkowicz, e a popularização das máquinas monodose.

Produtores apontam a queda das patentes da Nespresso como mola propulsora desse crescimento. Muitas fazendas que já cultivavam café e os vendiam moídos e torrados, enxergaram ali uma oportunidade de aumentar rentabilidade com produto industrializado - mesmo que no começo tivessem que encapsular por conta própria, como fez Sergio Meirelles Filho, proprietário da fazenda Alvorada, que produz o Cafés Aranãs, usando máquina e cápsulas chinesas, depois trocadas pela prestação de serviço da portuguesa Kaffa, instalada em Ribeirão Preto (SP), principal fornecedora para marcas nacionais, produzindo mensalmente dois milhões de cápsulas.

Quem quer comercializar café em cápsulas com a Kaffa, precisa fazer um pedido inicial de “aproximadamente” 20 mil cápsulas.

De acordo com Filho, cada saco de 60 quilos de café rende até 10 mil cápsulas, “se cada cápsula custa R$1,60, temos R$ 16 mil por saco”, calcula. O produtor afirma que o público consumidor de café paga esse preço, pois faz questão da bebida por entender que se trata de um item diferenciado. A opinião é compartilhada pelo diretor da fazenda Iracema, que produz o Café Vista da Fazenda, José Roberto Levy: “quem toma esse café está na classe social A e B”; aproximadamente 2% e 12,6%, respectivamente, da população brasileira segundo informações do Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio).

Há, no entanto, desafios a serem superados, segundo Levy: o parque industrial brasileiro ainda está longe do ideal, pois locais para encapsular são distantes de onde se torra ou mói o café, por exemplo. Além disso, faltam opções de materiais e cores das cápsulas que normalmente são plásticas em tons verdes, azuis, amarelos, vermelhos e pretos. A “presença de ‘aventureiros’ no segmento” e uma melhor integração dos canais de venda, também são dois entraves a serem vencidos, já que boa parte dos cafés monodose é vendida pela Internet.

O diretor da fazenda Iracema acredita, no entanto, que dois fatores vão mudar - e muito - o mercado:

  1. A participação de grandes players, como supermercados comercializando suas próprias linhas de cafés em cápsulas. “Isso vai, obviamente, baixar os preços”.
  2. Consumo desses produtos pela classe C. Embora máquinas para preparar esses cafés já sejam vendidas em grandes magazines, quando esse público começar a realmente beber esse café: “o mercado vai ficar interessante”.

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