* Autor: Fernando Caprioli, diretor de Serviços da Tetra Pak Brasil
Já sabemos que a pandemia de coronavírus impôs uma nova realidade às nossas vidas em diferentes âmbitos: pessoal, profissional, social e mais. O necessário distanciamento social criou uma demanda por novos modelos de comunicação e trabalho, especialmente para a indústria, tradicionalmente muito calcada no formato presencial.
Capacitação e retenção de talentos, manutenção da produtividade e oferta de novas tecnologias que viabilizem um modelo remoto de trabalho são apenas alguns dos tantos desafios enfrentados por empresas do mundo todo neste cenário.
Os modelos remotos ou híbridos vieram para ficar. Para citar alguns dados, o número de ofertas de trabalho no modelo home office cresceu mais de 300% durante a pandemia, de acordo com um estudo realizado pelo Vagas.com, site especializado em recrutamento. As vagas remotas correspondem hoje a cerca de 41% das oportunidades abertas na plataforma.
De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), hoje cerca de 11% de todos os trabalhadores do país (8 milhões de pessoas) atuam de forma exclusivamente remota, índice expressivo em um país em que a maior parte das oportunidades compõem a chamada economia de base e são presenciais, como o trabalho doméstico, varejo, obras e a própria indústria.
Nesses dois anos de pandemia, a indústria foi particularmente impactada, atravessada por desafios específicos que até recentemente eram endereçados por dinâmicas presenciais, por exemplo, os treinamentos e capacitações necessários aos operadores e manutentores dos maquinários.
A importância destes processos para a continuidade da atividade industrial está mais relevante do que nunca e, como tudo no mercado, está tendo de se adaptar à nova realidade: como garantir a qualidade e segurança da operação industrial remotamente?
Neste contexto, muitas indústrias têm investido em formatos remotos de capacitação profissional. Diferentes ferramentas têm sido colocadas em prática como forma de viabilizar sessões online ou virtuais de capacitação. E isso tem ocorrido por meio de ferramentas digitais em que é possível a realização de treinamentos virtuais ao vivo, gravados ou ainda de maneira híbrida, onde uma parte do treinamento é feita online e a outra parte presencial.
Os benefícios das novas ferramentas de treinamento
Os benefícios dessas novas ferramentas são evidentes, especialmente para a indústria de alimentos e bebidas, cujas fábricas muitas vezes se localizam em lugares distantes, o que demanda uma logística complexa, aumentando o tempo necessário de todos os envolvidos para a realização dos treinamentos, sejam eles os instrutores ou “alunos”.
O treinamento virtual otimiza, de maneira eficaz, o tempo do operador e/ou manutentor da fábrica, que pode aprender sem ter que se deslocar, e de acordo com a sua necessidade, visto que a customização é uma das vantagens dessa ferramenta.
Além disso, quando pensamos que as máquinas instaladas na indústria exigem um conhecimento aprofundado e especializado, temos nas ferramentas de capacitação remota uma forma de acelerar a curva de aprendizado dos profissionais, minimizando impactos na produtividade das plantas, especialmente nas fábricas que possuem altos índices de turnover - e que a partir das ferramentas remotas podem capacitar seus novos times com mais agilidade e eficiência.
Fato é que, cada vez mais, as empresas precisarão se adaptar – e seus colaboradores também – a um cenário em constante transformação, criando processos, serviços e tecnologias otimizadas, que alcancem remotamente um público amplo, permitindo reduzir custos e contribuindo para a autonomia e produtividade dos colaboradores, muitas vezes espalhados em diferentes praças.
Podemos ser mais produtivos e manter relações profissionais construtivas e saudáveis trabalhando remotamente. Para isso, precisamos estar dispostos a aprender com as novas tecnologias para aumentarmos nosso nível de conhecimento e diminuir distâncias.
*Fernando Caprioli é diretor de Serviços da Tetra Pak Brasil. O executivo acumula mais de 20 anos de experiência no setor de alimentos e bebidas, sempre trabalhando com tecnologias que melhorem a eficiência de fabricantes. Caprioli é formado em Engenharia Mecânica pela Unicamp, com MBA em General Management pelo Ibmec-SP.
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