Pensar em inovação não significa apenas investir em tecnologia e em equipamentos de última geração. É ter ideias, ser criativo, refletir sobre processos, desenvolver novos modelos de negócio e gerar valor ao consumidor, algo que a BRF já faz há algumas décadas no mercado. Eleita pelo segundo ano consecutivo uma das empresas de alimentos mais inovadoras do Brasil, de acordo com levantamento realizado pela consultoria de estratégia da PWC, Strategy&, a companhia investiu mais de R$ 570 milhões em pesquisa, desenvolvimento e inovação de seu portfólio, que reúne Sadia, Perdigão e Qualy.
No ranking global, ela avançou 21 posições e passou a ocupar o 24º lugar. A pesquisa classificou as 150 empresas mais inovadoras de um total de 215 inscritas. Foram considerados diferentes setores e investimentos em inovação, melhores práticas, criação de novos produtos, soluções e estratégias, entre outros indicadores.
Diante desse resultado, convidamos a diretora global de inovação e CMI da BRF, Pethra Ferraz, para um bate-papo especial sobre como as empresas do setor de Alimentos e Bebidas podem se inspirar no exemplo da organização para desenvolver a habilidade de se reinventar e manter-se à frente de um mercado cada vez mais competitivo. Confira!
Fispal Tecnologia - A capacidade de uma empresa se reinventar no mercado foi um dos critérios do levantamento. Qual a importância de entender a movimentação do mercado e do consumo para se manter à frente?
Pethra Ferraz - Nosso setor convive com uma série de desafios ligados à inovação e ao desenvolvimento de novos produtos. É de suma importância que o setor esteja atento à melhoria do perfil nutricional dos alimentos industrializados, aspectos como praticidade, sabor, preço acessível e origem dos ingredientes. Esses fatores têm se mostrado cada vez mais importantes para o consumidor e o mercado, o que exige de empresas um investimento amplo em inovação, abrangendo centros de pesquisa e divisões regionais e a cadeia produtiva como um todo. No futuro da BRF, a inovação é fundamental para assegurar a renovação do negócio e o atendimento às mudanças das necessidades dos consumidores.
Fispal Tecnologia - Você pode indicar algum momento de reinvenção da BRF?
Pethra Ferraz - Podemos citar o “pack revolution”, em que as embalagens flexíveis substituem as de modelo cartucho, fabricadas em papel, para embalagens plásticas, que reduziram em 45% o peso dos produtos embalados. As embalagens primárias passaram de 48 gramas para 5 gramas. Houve alteração da marcação de informações, como datas de validade e números de lote, que passaram a ser gravadas com laser, além de um benefício na conservação das informações, pois os dados ficam indeléveis, dispensando o uso de tintas e diluentes das linhas de produção. A inovação do “pack revolution” possibilita que o produto fique mais protegido e facilita o armazenamento em casa.
Fispal Tecnologia - Quais os principais critérios para a criação de novos produtos, especialmente os considerados inovadores?
Pethra Ferraz - Por buscarmos uma posição mundial de referência no setor de alimentos, conquistando consumidores a partir de um conjunto de marcas fortes e de uma cadeia de valor de alta capacidade, reconhecemos que a cultura de inovação deve ser transversal nas atividades para obtenção de resultados. A inovação é um dos seis pilares de sustentação do nosso arco de prioridades – um conjunto de capabilities necessárias para a execução da estratégia da BRF. A inovação é fundamental para a perpetuação do negócio.
Por “inovar” entendemos a capacidade de não apenas renovar o portfólio, mas orientar todas nossas práticas ao consumidor final, pondo-o no centro das decisões e revitalizando nossas marcas ao mesmo tempo em que buscamos eficiência nas operações, a fim de gerar equilíbrio e evitar distorções ao longo de nossa cadeia de valor.
Fispal Tecnologia - Quando o assunto é inovação, a BRF foca em tecnologias ou também em outras frentes?
Pethra Ferraz - Apenas 35% da inovação da indústria de alimentos vem dos líderes em categorias de produtos, segundo dados da consultoria McKinsey. Na BRF, nosso desafio é contribuir para o aumento desse percentual, tornando a companhia um driver de transformação positiva para o setor. Com a expansão global dos negócios, temos apostado em lançamentos não apenas no mercado brasileiro, mas também nas mais diversas regiões em que atua e que apresentam potencial de crescimento.
Fispal Tecnologia - Quais conselhos você daria para o gestor da indústria resistir ao momento de crise econômica e à mudança do perfil de consumo da população brasileira?
Pethra Ferraz - O guia de melhores práticas deveria englobar o foco nas necessidades reais dos consumidores, com portfólio robusto (marca e produto), que cumpra esse objetivo. Além disso, ressaltamos a importância do investimento em inovação, mesmo em períodos adversos. A longo prazo, o investimento vai se traduzir em vantagem competitiva para as marcas, principalmente quando houver mudança de cenário.