A Indústria 4.0, também conhecida como a 4ª Revolução Industrial, é o termo utilizado para se referir à grande revolução do trabalho que está acontecendo em praticamente todos os segmentos da indústria, como agricultura, prestação de serviços e produção de tecnologias.
Para aqueles que ainda não estão familiarizados com o termo, a Indústria 4.0 engloba tecnologias como Cloud Computing e Inteligência Artificial para automatizar a produção (e até transporte) dos mais variados produtos, inclusive de carnes.
Automação em abatedouros
Por ser uma peça de uma das indústrias mais importantes para a economia brasileira - afinal, o Brasil é atualmente o maior exportador de carne bovina do mundo -, os abatedouros foram certamente os empreendimentos que mais receberam investimentos com foco na automação de processos, como a pistola pneumática de box de abate (para bovinos) ou sensores infravermelhos para controle da qualidade do ar.
Todo esse investimento, é claro, não é “à toa”. A automação, quando feita de forma planejada e personalizada com a estrutura, pode trazer benefícios muitas vezes até inesperados para abatedouros de médio e grande porte.
Podemos citar como as três principais vantagens da automação em abatedouros:
Redução de custos: além de agilizar os processos, a automação em abatedouros pode reduzir os custos operacionais devido à diminuição da mão de obra e, principalmente, redução de perdas que tradicionalmente ocorrem na produção de carnes.
Escalabilidade: em muitos municípios brasileiros a escassez de mão de obra qualificada é um forte limitante para o crescimento do abatedouro em termos de quantidade de produção. Com a automação, a mão de obra deixa de ser um empecilho e a produção pode ser potencializada com muito mais facilidade.
Produção humanizada: com uma tendência cada vez maior ao abatimento humanizado, a automação dos abatedouros certamente é uma das opções mais viáveis economicamente para marcas que adotam um método de produção de carnes mais humanizado e, consequentemente, mais interessante para os consumidores mais exigentes com o sofrimento dos animais.
Como automatizar um abatedouro?
Apesar da automatização de abatedouros ser um processo relativamente simples e, como vimos anteriormente, interessante do ponto de vista de custo-benefício, o investimento inicial pode ser expressivo e por isso o primeiro passo é sempre avaliar a viabilidade econômica do negócio.
Existem atualmente dezenas de empresas especializadas na produção de equipamentos para automatização de abatedouros. Contudo, mais importante do que os equipamentos utilizados é o posicionamento dos mesmos dentro do abatedouro.
Isso porque, para tirar o máximo de proveito de todos os equipamentos e conseguir eliminar ao máximo a interferência humana, todas os equipamentos precisam estar posicionados de tal forma que a produtividade e qualidade microbiológica da carne sejam mantidas durante todo o processo.
Na prática isso significa:
- Construir muros altos que bloqueiam a visão os animais durante o caminho até o abate, uma vez que tal prática reduz a chance de congestionamentos de animais e também assegura a qualidade da carne, uma vez que o estresse do animal antes do abate pode liberar substâncias que a “endurecem”.
- Instalar um sistema de escoamento de resíduos (urina e fezes) para evitar a contaminação dos animais durante o caminho até o abate - inclusive é recomendado que os animais não sejam alimentados no dia do abate.
- Configurar o box do abate de tal forma que o animal não tenha muito espaço para se debater e que o profissional responsável pelo abate tenha a visão necessária para não errar o tiro.
- Usar uma pistola pneumática para o abate, uma vez que ela é mais rápida, econômica e fácil de ser operada.
- Padronizar os procedimentos de cortes por parte dos funcionários com foco em produtividade e qualidade do produto final.
Em resumo, a automação de abatedouros não é só uma possibilidade como também já é realidade em muitos abatedouros do Brasil e do mundo. Como comenta o consultor Fábio Nunes sobre suas possibilidades:
"A automação em abatedouros se estendeu à classificação de carcaça por visão eletrônica e às áreas de corte e pesagem e embalagem de frangos inteiros e partes, que incorporaram, por distintas razões, equipamentos e tecnologias de finalidades variadas, com o intuito de permitir contornar a escassez de mão de obra; buscar ganhos de produtividade e a concomitante redução dos custos de processamento; dar maior consistência aos processos produtivos; aumentar a confiabilidade dos parâmetros de qualidade dos produtos, como o peso individual dos cortes e o peso final das embalagens, sobretudo daquelas voltadas ao mercado de exportação, entre outras”.
No entanto, é importante levar em consideração que os equipamentos de automação só são aproveitados se todos os aspectos do abatedouro também sejam ajustados para uma produção automatizada, como treinamento de funcionários, planejamento de estrutura e procedimentos padrões de higiene.
Conhece alguém que poderia aplicar essas dicas de automação de abatedouros? Compartilhe este texto e nos ajude a distribuir informações relevantes e inovadoras sobre a produção de carnes no Brasil!