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Nova revolução vegetal alcança grandes redes de fast food

O sucesso do hambúrguer vegetal que imita cor, textura e sabor em comparação aos derivados de proteína animal chegou para ficar no mercado de fast food. Há exatamente seis meses, usamos este espaço para falar justamente sobre a força deste tipo de produto no mercado varejista, as movimentações das grandes indústrias dentro e fora do Brasil, além da tendência de crescimento entre as grandes redes de fast food. A novidade é que agora essa onda definitivamente chegou e os números, estudos e a demanda provam que não se trata de uma pequena ‘marolinha’. 

Antes dominado pelos grandes frigoríficos do País, o fast food passa por um momento de crescimento na demanda por proteínas vegetais. Grandes redes como Burguer King e Bob’s lançaram o Rebel Whooper e o Zero Beff, respectivamente. O mercado acompanha uma tendência já observada no varejo. A Superbom, por exemplo, especializada na produção de alimentos para o público vegetariano e vegano, apresentou o seu novo hambúrguer 100% vegetal a base de ervilhas. 

O que realmente está acontecendo é um movimento inédito, global e muito sólido, cujos efeitos têm transformado a indústria da alimentação. Tudo tem indicado que deverá ganhar ainda mais força, mas não apenas por causa de questões ideológicas ou econômicas. Problemas graves que envolvem questões ambientais, sociais e de saúde pública, têm despertado preocupação em todo o planeta. Em agosto deste ano, por exemplo, o relatório das Nações Unidas referente ao Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) alertou que a humanidade precisa buscar “formas de mitigar e se adaptar ao aquecimento...” O estudo ainda apoia a redução do consumo de carne por meio de dietas com base em plantas. 

Desenvolvido ao longo de dois anos, o relatório contou com o apoio voluntário de 103 peritos, em 52 países. O crescimento das atividades da pecuária foi apontado como um dos fatores preocupantes, mas não apenas por causa da expansão territorial, que elimina a vegetação nativa. O elevado volume tóxico de gases produzidos pela atividade é um agravante. Cada animal bovino produz de 250 a 500 litros de metano por dia. O metano, por sua vez, tem um potencial de poluição 25 vezes maior na comparação com o gás carbônico. Somente no Brasil, o rebanho está estimado em 218 milhões de cabeças de gado, de acordo com números do IBGE. 

A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO-ONU) calcula que metade dos grãos produzidos no planeta é utilizado para alimentar 70 bilhões de animais, criados para a alimentação humana. A agricultura e a pecuária representam mais de 20% das emissões humanas de gases do efeito estufa e responsáveis pelo aquecimento global. De acordo com o IPCC, somente por meio de uma mudança profunda no modelo de uso do solo e da água seria possível limitar o aquecimento global e evitar que as temperaturas subam 2° Celsius no mundo, nos próximos anos.

Outro fator crítico é a ameaça a florestas tropicais úmidas, como as da Amazônia, que estão em risco diante do avanço das pastagens. Segundo o relatório, um quarto da área da Terra já tem o solo degradado – em muitos motivados pelo uso intensivo pela pecuária. Cerca de 500 milhões de pessoas vivem em áreas de desertificação, zonas que são mais vulneráveis às mudanças climáticas e a eventos extremos, incluindo secas, ondas de calor e tempestades de poeira.

Kiyoto Tanabe, copresidente da Força-Tarefa sobre Inventários Nacionais de Gases do Efeito Estufa, explicou durante a divulgação do relatório do IPCC que as escolhas sobre a gestão sustentável do solo podem ajudar a reduzir e, em alguns casos, a reverter esses impactos adversos. Mas a frase mais impactante certamente foi a do ecologista Hans-Otto Pörtner, que é co-presidente de um grupo do IPCC: “Nós não queremos dizer às pessoas o que elas devem comer. Mas seria de fato benéfico, tanto para o clima quanto para a saúde humana, se as pessoas de muitos países ricos consumissem menos carne e se as políticas locais tivessem incentivos para esse efeito." Em outras palavras, o mercado vegano atual é possivelmente um dos poucos onde a perspectiva de retorno sobre o investimento financeiro é tão alta quanto o benefício ambiental, humano e social.

 

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