*Por Carolina Abrantes
Dentre vários desafios, vejo que um obstáculo que freia muitas dessas jornadas é a dificuldade na obtenção de patrocínio e financiamento para as iniciativas de Transformação Digital e inovação. Então, como conseguir investimentos e recursos para transformar e inovar em meio à pressão por resultados imediatos?
Antes, algumas premissas:
Cultura e risco: inovação é um aspecto cultural. Como tal, demora até ser incorporado. Requer tempo, insistência, persistência e, principalmente, investimento e patrocínio. Inovar para transformar pressupõe maiores taxas de falhas, insucesso e, consequentemente, maior capital de risco. Nem todas as empresas lidam da mesma maneira com esse assunto e isso está diretamente ligado à cultura de cada organização. Se você não entender isso, as chances de insucesso e frustação só aumentam.
Inovação é um conceito relativo: o que é inovação para sua empresa pode não ser para outra e, mesmo dentro da mesma empresa, existem diferentes graus de projetos inovadores. Mesmo pequenas mudanças podem ser consideradas inovações. As disrupções são exceções no volume de inovações entregues pelas organizações. Em seu trabalho sobre "inovação disruptiva", Clayton Christensen¹ distingue entre inovações sustentadoras, que melhoram produtos existentes, e inovações disruptivas, que criam mercados totalmente novos e acabam deslocando tecnologias estabelecidas.
Inovação não é só tecnologia: inovação não significa apenas usar tecnologias de ponta. Existem inovações em processos, em estrutura, em modelos de negócios e que podem envolver mais ou menos tecnologias avançadas. De acordo com o Manual de Oslo, inovação é a "implementação de um produto (bem ou serviço) novo ou significativamente melhorado, ou um processo, ou um novo método de marketing, ou um novo método organizacional nas práticas de negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações externas".
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Voltando, então, ao patrocínio e financiamento.
Como dito, patrocínio é fundamental. E esse patrocínio deve vir de diferentes formas. Primeiro, o patrocínio político e cultural irá ajudar na priorização e dedicação do tempo dos funcionários ao assunto e, talvez, trará maior aceitação para o risco e erros. Em segundo lugar, para resultados mais significativos, patrocínio financeiro é fundamental. Para me ajudar na elaboração da lista de fontes de financiamento para inovação, pedi ajuda do Chat GPT (3.5) e achei a lista que ele me retornou bem interessante:
- Recursos Próprios: antes de tudo, uma empresa pode realocar ou reservar parte de seus lucros para investir em inovação. Isso geralmente é visto como a forma mais simples, pois não envolve custos adicionais ou endividamento.
- Financiamento Bancário: bancos tradicionais frequentemente oferecem linhas de crédito ou empréstimos para projetos de inovação, especialmente se eles forem apresentados com um plano de negócios sólido.
- Investidores-Anjo: estes são indivíduos de alto patrimônio líquido que fornecem capital para uma empresa em troca de participação acionária ou dívida conversível. São comuns em estágios iniciais de startups.
- Venture Capital (Capital de Risco): firmas de venture capital são grupos profissionais que gerenciam fundos agrupados de investidores para investir em empresas em crescimento e inovação. Em troca, geralmente buscam uma participação acionária significativa.
- Subsídios Governamentais: muitos governos oferecem subsídios para promover a inovação. Estes podem vir na forma de financiamentos diretos, incentivos fiscais ou outros benefícios.
- Crowdfunding (Financiamento Coletivo): plataformas como Kickstarter e Indiegogo permitem que empresas levantem pequenas quantias de uma grande quantidade de pessoas, geralmente em troca de algum tipo de recompensa.
- Parcerias Estratégicas e Joint Ventures: a empresa pode se aliar a outra empresa (talvez em um setor relacionado) para financiar e trabalhar em uma iniciativa de inovação conjunta.
- Patrocinadores Corporativos: algumas empresas estabelecidas estão dispostas a patrocinar ou investir em iniciativas de inovação em troca de acesso antecipado à inovação ou algum outro benefício.
- Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) Sindicalizado: algumas empresas se juntam para financiar pesquisa conjunta em áreas de interesse mútuo.
- Programas de Incubadoras e Aceleradoras: estes programas oferecem investimento, orientação, espaço de escritório e outros recursos em troca de participação acionária.
- Programas de Competição: muitas empresas, organizações sem fins lucrativos e governos patrocinam competições de inovação com prêmios em dinheiro.
- Financiamento Baseado em Ativos: se a empresa tem ativos valiosos, como patentes, pode usar esses ativos como garantia para levantar fundos.
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Se o desafio para materializar as iniciativas de inovação fosse resolvido pelo ChatGPT, ajudaria muita gente. Porém, ainda não é assim. Capacidade de execução e aculturamento dos novos processos trazidos pela inovação são fundamentais.
Além disso, independente da fonte de financiamento, é preciso demonstrar que existe uma análise sólida sobre os retornos possíveis dos investimentos propostos e seus riscos (mesmo que altos) mapeados. Infelizmente, ainda me deparo com muitas iniciativas aventureiras, sem uma análise prévia ter sido executada.
Então, como incentivar uma cultura de inovação e transformação nas empresas? Veremos no próximo artigo. Até lá!
¹ Christensen C., "The Innovator's Dilemma: When New Technologies Cause Great Firms to Fail", 1997
*Por Carolina Abrantes, Sócia-diretora e cofundadora da Bridge & Co.
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