O mercado de embalagens engloba a produção e distribuição de materiais que protegem, conservam e apresentam variados produtos.
Já a indústria de embalagens, que é a essência desse mercado, é a responsável por desenvolver e produzir invólucros de diversos materiais, tamanhos e formatos, atendendo às necessidades de diferentes segmentos e aplicações.
A indústria e o mercado de embalagens no Brasil estão entre os mais relevantes do mundo e, como não poderia deixar de ser, têm apresentado crescimento constante nos últimos anos.
Como exemplo disso, a pandemia de covid-19 acelerou essa tendência de alta constante, devido ao aumento da demanda por embalagens para delivery e comércio eletrônico, por exemplo.
Contudo, o setor também enfrenta grandes desafios, como a pressão por soluções mais sustentáveis e a escassez de alguns tipos de matéria-prima provocada pela alta demanda.
Nesse contexto, é fundamental que as empresas do setor estejam atentas às expectativas e tendências do mercado para se adaptarem e crescerem.
Neste artigo, analisamos as perspectivas e desafios para o mercado de embalagens no Brasil em 2023, com foco principal na relação existente entre esse mercado e a indústria alimentícia.
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Cenário atual do mercado de embalagens brasileiro
É importante ter em mente que o mercado de embalagens no Brasil e no mundo depende, mais que outros mercados, do consumo das famílias.
Com isso, quando há uma queda no poder aquisitivo das pessoas e a consequente baixa no consumo, esse setor desacelera.
Porém, em estudo macroeconômico realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), a pedido da Associação Brasileira de Embalagens (ABRE), apontou um crescimento constante nesse setor entre os anos de 2016 e 2020.
Na amostragem, que apresenta gráficos bem claros, é possível ver que, se somado todo o período, a indústria de embalagens brasileira cresceu cerca de 25,8 bilhões de reais.
Esse estudo macroeconômico é feito todos os anos e, nos dois anos seguintes (2021 e 2022), a curva de crescimento continuou apontando para cima.
Para se ter uma ideia, estima-se que em 2020 o mercado de embalagens no Brasil tenha movimentado 93 bilhões de reais, saltando para 118,4 bilhões em 2021 e atingindo impressionantes 123,2 bilhões de reais em 2022, segundo aponta a versão mais atualizada do estudo.
Por tudo isso, podemos observar que esse mercado é um dos mais aquecidos da economia brasileira, e muito disso se deve à indústria alimentícia que gera grande parte da demanda geral de embalagens no país.
Previsões para o futuro
Segundo relatório divulgado pela Mordor Intelligence, as expectativas para a indústria de embalagens no país são bem positivas. O setor deverá registrar uma taxa de crescimento anual (CAGR) de 3,2% até 2026.
Esse aumento é esperado, sobretudo, pelos aspectos de saúde dos consumidores associados aos alimentos embalados. Alguns dos principais produtos da categoria de alimentos incluem carnes, vegetais e cereais, ingredientes que denotam a preocupação com uma alimentação mais saudável, saúde e bem-estar. Assim, é possível que o mercado de embalagens encontre muitas oportunidades nos próximos anos.
Também é aguardado o surgimento de invólucros mais tecnológicos, com foco nos designs e modelos mais resistentes, além de customizáveis para atender às necessidades específicas dos clientes e dos produtos embalados.
Principais tendências do setor para 2023
Os novos tempos e tendências de consumo também estão moldando o mercado de embalagens no Brasil. Para este ano, algumas tendências a serem trabalhadas, são:
- Produção de embalagens menores ou de consumo único;
- Uso de embalagens “globais”, produzidas para facilitar a identificação por diferentes países e culturas, pelo pouco volume de palavras e utilização de símbolos e figuras universais;
- Aumento da produção de embalagens ecológicas e biodegradáveis, que se degradam de forma natural, por meio de processos orgânicos promovidos pelo próprio meio onde estão;
- Invólucros minimalistas, que carregam a ideia do “menos é mais”;
- Embalagens interativas, que fornecem informações sobre o produto, monitoram a qualidade e o estado de conservação dos alimentos por meio de um QR Code impresso no próprio invólucro;
- Embrulhos fáceis de abrir e com um sistema de fechamento após o uso.
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Desafios do mercado de embalagens brasileiro
O mercado de embalagens no Brasil, assim como diversos outros setores da economia brasileira, sempre enfrentou algum tipo de adversidade. No setor, é possível destacar, pelo menos, 4 desafios.
1. “Algo a mais”
Além de proteger os alimentos, os invólucros devem seduzir e criar vínculos com o consumidor. Assim, é importante que eles tragam características que resultem em uma embalagem mais atrativa, que tragam o “algo a mais” que o cliente muitas vezes procura.
2. Embalagens que acompanhem o consumidor
A correria do dia a dia exige que o consumidor opte por snacks e express foods em momentos pontuais. Com isso, invólucros que possam ser transportados e facilitem o consumo de produtos na rua são cada vez procurados.
3. Responsabilidade social e ambiental
A consciência ambiental e social também está entre os maiores desafios do setor. Por exigência do próprio cliente, o mercado precisa se atentar ao impacto que causa no meio ambiente e encontrar maneiras de torná-lo mais sustentável.
4. Exigências legais do setor
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e outras instituições que padronizam a produção de embalagens no país, pensando na segurança dos consumidores e preservação dos alimentos, estabelecem normas que devem ser seguidas pelas empresas do setor.
As exigências legais para os rótulos dos alimentos são extensas e atualizadas com frequência. Por isso, é preciso estar atento às mudanças para se adaptar aos prazos e determinações.
Desafios para 2023
Em 2023, novos desafios são esperados, como incertezas econômicas e geopolíticas, aumento da pressão para adequação às práticas sustentáveis e alta de insumos. Apesar disso, levando-se em consideração a resiliência desse mercado, pode-se inferir que 2023 será mais um ano de bons resultados do mercado de embalagens no Brasil.
Embalagens para produtos alimentícios: quais tipos são mais usadas?
Existem diferentes modelos de embalagens adotados de acordo com as necessidades do produto acondicionado. No setor alimentício, os mais usados são os invólucros de plástico, vidro, metálicos, cartonados e papel.
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Plástico: geralmente utilizados para embalar alimentos secos, líquidos ou semi-sólidos, como carnes e alguns tipos de frutas e legumes;
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Vidro: comumente utilizados para alimentos como molhos, conservas e bebidas;
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Metálico: amplamente usados para enlatados, alimentos em conserva e bebidas em geral;
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Cartonados: empregados no embalo de sucos industrializados, leite, sopas, entre outros;
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Papel: utilizados para acondicionar alimentos secos, como pães, biscoitos e cereais.
Além desses, há outros tipos de embalagens específicas para cada tipo de alimento, como sacos plásticos para congelados, embalagens a vácuo, embalagens para frutas e legumes, entre outras.
A escolha da embalagem adequada depende das características do alimento, da forma de comercialização e do público-alvo.
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Qual o material mais usado no mercado de embalagens?
Atualmente, o plástico é o material mais utilizado na criação de embalagens para alimentos no Brasil, seguido de perto de materiais como alumínio e papelão.
A presença do plástico é notada em vários segmentos da indústria alimentícia e também em toda a cadeia de produção, desde a industrialização dos alimentos até o consumo, passando pelo transporte e a distribuição.
Contudo, os esforços para implementação de práticas sustentáveis no mercado de embalagens de alimentos também giram em torno da diminuição do uso de plástico nessa indústria.
Isso porque, de acordo com materiais baseados em estudos científicos, como o guia produzido pela Fiocruz, o plástico demora até 450 anos para se decompor.
Assim, quando descartado, o material vai parar em rios, córregos e até no mar, afetando grandemente diversos ecossistemas.
Em contrapartida, o mesmo material informativo demonstra que as embalagens de papel, muito usadas para substituir o plástico, levam de 3 a 6 meses para se integrar à natureza.
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