Em uma semana com uma agenda orquestrada para brasileiros em Nova York, envolvendo a mudança climática, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Oeganização das Nações Unidas (ONU) e a Economia Circular, instituições brasileiras discutiram compromissos que contribuem para um mundo mais sustentável. Distante de suas fronteiras, entre eventos, visitas a sedes de empresas e muito networking, as lideranças executivas, acadêmicas, sociais e indígenas fizeram da Big Apple o palco de uma discussão séria e importante para o país.
A programação iniciou-se nos dias 15 e 16 de setembro, com o Brazil Climate Summit na Columbia Business School, onde se discutiu acerca da ação contra a mudança climática (ODS 13) e a importância da Amazônia no cenário de compensação de GEE (gases de efeito estufa), que pode colocar o Brasil como protagonista na Sustentabilidade. O evento contou com diversas lideranças brasileiras e internacionais, enfatizando o que já temos de soluções e nos posicionando como geradores de crédito de carbono, que tem um potencial de movimentação de 15 bilhões de dólares ao ano, segundo estudo da Mckinsey.
No sábado, 17 de setembro, foi a vez de um encontro na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), às margens do rio East, que teve por tema os compromissos 2030 das nações, refletidos nos 17 ODS. A discussão foi extensa e abrangente, englobando tópicos como água, saúde mental, igualdade de gênero e racial, além de contar com painéis de lideranças, destacando aqui a palestra de Raj Sisodia que discorreu acerca do capitalismo consciente nas empresas, em linha com seu livro de mesmo nome.
Conexão Circular
Já no domingo, 18 de setembro, participei do lançamento do movimento Conexão Circular, que tem por propósito a integração das iniciativas referentes à Economia Circular no país, conectando instituições e esforços para gerar oportunidades sustentáveis que agreguem valor socioambiental à nação, contribuindo para a redução da emissão de gases de efeito estufa (GEE), em linha com os ODS 13 e 12 da ONU, o primeiro tratando da agenda climática e o segundo da produção e do consumo responsáveis.
Assim, em uma proposta de unir esforços no sentido do uso eficiente dos recursos naturais (ODS 12.2), a redução de resíduos por meio de prevenção, redução, reciclagem e uso (ODS 12.5), incentivo das empresas às práticas sustentáveis (ODS 12.6) e fortalecendo a pesquisa científica para padrões mais sustentáveis de produção e consumo (DOS 12.a).
A Conexão Circular conta com quatro pilares que envolvem:
- Capacitação: trata da inovação em produtos e processos a partir da formação sobre as estratégias e os modelos de negócios circulares;
- Inteligência, pesquisa e inovação: fomenta a integração entre academia, instituições e empresas para pesquisa, além do desenvolvimento tecnológico, gerando conhecimento e aplicações para a coleta e o destino dos resíduos em cadeias de valores que possam aumentar a vida útil dos materiais, que devem ser destinados preferencialmente para o mesmo, ou para novos ciclos produtivos;
- Parcerias e articulação: criam escalabilidade para as soluções circulares, além de economizar recursos em desenvolvimento, incentivando a participação de empresas de diversos pontos da cadeia de fornecimento, além dos centros tecnológicos e universidades de forma a agregar na prática valor para a sociedade;
- Monitoramento e visibilidade: visa a retenção e a difusão do conhecimento, divulgando as boas práticas e monitorando as soluções implantadas para atestar sua eficácia e permitir a sua melhoria contínua.
Os dias passaram rápido e trouxeram um turbilhão de insights como a oportunidade que temos como instituições e país ao assumir o protagonismo da sustentabilidade face o potencial dos nossos recursos naturais e das ações que já praticamos individualmente ou de modo integrado. Em linha com o que foi discutido na COP27 entre os dias 06 e 18 de novembro desse ano, Nova York foi a prévia, realizada 2 meses antes, do que devemos discutir e propor como país e instituições.
*Alaercio Nicoletti Junior é Gerente de Sustentabilidade do Grupo Petrópolis e professor da Escola de Engenharia da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
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