Assim como outros setores de produção, a indústria de sorvetes vive um momento único em sua história, no Brasil e no mundo. O modelo econômico vem passando por uma transição, que antes visava apenas o lucro, para um modelo mais híbrido. Nele, o lucro ainda é importante, mas deve ser conquistado com base na sustentabilidade.
Para isso, a gestão pautada nos pilares de ESG (do inglês Environmental, Social e Governance) merece total atenção dentro do segmento de sorvetes.
Segundo Flori Vasconcelos, coordenador de P&D e Inovação da Paviloche Sorvetes, o setor de sorvetes precisará falar cada vez mais de ESG dentro dos negócios, principalmente nos níveis mais estratégicos e depois disseminando para todos os níveis da organização.
Ele explica também que tudo que vem sendo adotado na indústria de sorvetes no âmbito da inovação e tecnologia já atende os requisitos de ESG, desde a questão social até a experiência do consumidor.
“Hoje o consumidor está muito mais exigente sobre o que ele consome e cabe às empresas ter essa responsabilidade econômica, social e ambiental do negócio como um todo”, explica Vasconcelos.
Processos ESG na indústria sorveteira
De fato, a gestão ESG está apenas se iniciando dentro do segmento de sorvetes, mas José Carlos Guerrero, sales manager da Teknoice, explica que já há indústrias de médio e grande porte dentro da área que demostram grande preocupação com as questões ambientais, sociais e de governança.
“Muitas empresas já investem em tratamento de efluentes, principalmente resíduos de leite, e eu fico muito feliz com isso”, cita Guerreiro, que falou ainda sobre o investimento em energia eletrovoltaica que vem ocorrendo dentro do ambiente fabril das indústrias de sorvete. “Para o fabricante do sorvete, a economia decorrente deste tipo de investimento é imensa, girando em torno de 80% na conta de energia elétrica.”
Em termos de máquinas, Guerrero indica que o freon está finalmente saindo do mercado, principalmente na Europa, e o meio ambiente agradece. Em substituição a esse gás a base de clorofluocarbonetos, as grandes multinacionais europeias já utilizam a amônia, que é um gás refrigerante melhor que o freon.
Porém, o executivo da Teknoice explica que a amônia é um gás perigoso. “Mesmo sendo eficiente, este gás precisa ser muito bem controlado para que não ocorra fuga. Fato esse que seria muito perigoso dentro da própria indústria ou para a região em que ela está instalada”.
Outra possibilidade que pode substituir o freon é o uso do CO2, que é um gás não tóxico e bastante eficiente para refrigerar ambientes dentro da indústria do sorvete.
Assim, para José Carlos Guerrero, essa tendência não vai demorar para chegar ao Brasil, mas cabe à indústria se preparar para entrar neste novo normal. “Talvez este processo demore de 5 a 10 anos, mas vai chegar”, complementa.
Para Thiago Luiz Ramalho, diretor mercadológico da Gela Boca, é extremamente importante que exista o entendimento de que o mercado, investidores e o consumidor olham para empresas que priorizam os cuidados com o ESG.
“As empresas que atuam com estes pilares de ESG terão diferencial competitivo, valorização perante o mercado e serão melhores vistas pelo cliente no âmbito da sustentabilidade”, finaliza.
O tema foi debatido no Inova Sorvetes, que abriu a Jornada Fispal Food Service e Fispal Sorvetes 2022. Para assistir a essa e outras palestras relevantes para o setor, faça parte da comunidade acessando a Plataforma Fispal Food Digital.
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