O Brasil é o sexto maior produtor mundial de cacau e reconhecido pela qualidade do cacau fino produzido na Amazônia – considerado um dos melhores do mundo.
Atualmente, a Bahia e o Pará são os principais produtores de chocolate no Brasil, sendo responsáveis por 90% da produção nacional. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab), a produção de chocolate no Brasil cresceu 6% em 2023, totalizando 805 mil toneladas.
No entanto, a logística do chocolate apresenta desafios únicos devido à sua natureza delicada. A sensibilidade do produto a variações de temperatura e umidade exige cuidados especiais em todas as etapas da cadeia de suprimentos, desde o armazenamento até o transporte.
Confira agora três dicas para garantir um processo logístico de qualidade.
Temperaturas ideais de armazenamento: evitando o fat bloom e o sugar bloom
Cada tipo de chocolate possui uma faixa de temperatura ideal para armazenamento e transporte, geralmente entre 10°C e 18°C. Temperaturas acima de 21°C podem comprometer a aparência e o sabor do produto, enquanto temperaturas mais altas, a partir de 24°C, podem causar deformação e rancificação.
“Quando uma barra de chocolate fica esbranquiçada, com listras cinzas ou bolhas, por exemplo, acontece o que denominamos ‘fat bloom’”, explica Marcus Braga, Senior National Sales Manager da Drivin Brasil, empresa que otimiza os processos logísticos das principais frotas da América Latina. Esse fenômeno pode ser evitado com armazenamento em temperaturas adequadas (entre 15 a 20ºC) e umidade controlada.
Outro fenômeno que ocorre devido às oscilações de temperatura é a formação do “sugar bloom”. Isto acontece quando a umidade dissolve o açúcar do chocolate, condição evitada quando não exposto à umidade e variações bruscas de temperatura. “Vale destacar que o chocolate até pode ser transportado em temperaturas mais frias, entre 4,4° e 7,2°C, porém há um risco de condensação, caso a carga refrigerada seja descarregada em ambiente quente”, pontua o executivo.
Condições isentas de odores
O chocolate absorve facilmente odores externos, por isso o armazenamento e o transporte devem ocorrer em ambientes livres de odores indesejáveis. A escolha da embalagem também é importante, pois materiais inadequados podem transferir odores para o produto, especialmente aqueles com maior teor de gordura. “Quanto maior o teor de gordura do produto, mais sensível ele se torna, pois a manteiga de cacau absorve e retém os odores”, destaca Marcus.
Gestão de frotas
A logística do chocolate exige uma gestão de frotas eficiente, com monitoramento em tempo real e controle rigoroso das condições de transporte. Marcus explica que a fragilidade de alguns produtos, como ovos de Páscoa, demanda atenção especial e planejamento estratégico para garantir a integridade da carga. “A distribuição estratégica dos chocolates para as lojas de varejo e atacado requer além de cuidado, precisão e qualidade para atender às gôndolas dos varejistas. Não à toa, as empresas de tecnologia logística desempenham um papel crucial nesta fase”, finaliza.