*Autor: Ricardo Laurino, presidente da Sociedade Vegetariana Brasileira
O mercado de produtos veganos e plant-based está em alta. Não é novidade para empresários e empreendedores que o setor de alimentos vem sendo desafiado por foodtechs que trouxeram, e ainda vêm trazendo, novidades e possibilidades para o mercado.
Pesquisas no Brasil, Estados Unidos, países da Europa e de outros continentes indicam o avanço de carnes e laticínios vegetais de diversos tipos, preços e gostos para consumidores ávidos por novidades que agreguem novos valores, com menor impacto ambiental, mais saudáveis e que diminuam a pressão contra os animais.
Nesse cenário, muitas empresas estão se adaptando para atender às rápidas mudanças que vêm acontecendo no perfil dos consumidores. Entretanto, ainda é comum identificarmos estabelecimentos e grandes redes não acreditando que seu público-alvo, hoje identificado no ambiente corporativo por uma ou mais “personas”, esteja sendo influenciado por esse movimento. O que, talvez, essas empresas ainda não levaram em conta é o chamado “poder de veto”.
Nesse momento, sem que veganos percebam, eles estão usando seu poder de veto contra estabelecimentos, sejam pequenos e tradicionais ou de grandes redes que não se adaptaram à essa nova realidade, que não investiram no desenvolvimento e lançamento das chamadas “opções veganas”.
E o que seria exatamente esse poder de veto?
Imagina uma família em que um de seus integrantes irá fazer aniversário e essa família escolherá um local para celebrar a data. Porém, um deles é vegano, ou simpatizante. Naturalmente, a escolha do local estará condicionada a esse fator e os estabelecimentos que não contam com opções veganas/plant based sofrerão com o tal “poder de veto”.
Essa é uma situação que vem ocorrendo com frequência. Com o crescimento acelerado do número de pessoas adeptas a uma alimentação à base de vegetais, os estabelecimentos estão diante de uma corrida contra o tempo para não perderem uma fatia importante de seus clientes e consumidores.
E podemos ir mais além, incluindo novos elementos ao avaliarmos a pesquisa realizada pelo IPEC, publicada no dia 2 de agosto passado, e que ouviu mais de 2 mil pessoas em todas as regiões do Brasil. Nela, quase um terço das pessoas responderam que, ao encontrar opção vegana no cardápio se interessam em pedi-la.
É interessante destacarmos que essa pesquisa demonstra o interesse por novas opções veganas vindo de pessoas que não se reconhecem como veganas. Porém, todas elas seguem uma tendência que acontece em muitos países do mundo, e com maior intensidade em países como o Brasil, onde a cultura do churrasco é forte, mas também onde é crescente a busca por novos pratos, novos sabores, que levam em conta outras questões importantes de nossos tempos, como o impacto ambiental de nossas escolhas, a pressão sobre o bioma, os animais e até mesmo de nossa saúde.
O poder de veto representa essa nova perspectiva, onde o mercado é influenciado não apenas pelo consumo direto, mas também pela relação dos consumidores entre si que podem, como exposto, apresentar comportamentos diferentes do que empresas e investidores estavam acostumados.
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