A chegada dos primeiros exemplares das tão aguardadas ‘carnes’ vegetais movimentou o mercado brasileiro e mundial. Aquilo que surgiu como uma promissora tendência, há pouco mais de dez anos com a startup Impossible Foods, chegou às gôndolas dos supermercados somente em 2016. As dúvidas eram inevitáveis. O sabor e a textura são realmente iguais à carne animal? Existe demanda para este novo tipo de produto? Os últimos quatro anos foram o suficiente para eliminar todas as dúvidas e desenhar um futuro extremamente promissor. O cenário positivo contempla não apenas as carnes, mas os produtos vegetais de maneira geral.
Carne vegetal em alta
Um estudo recente divulgado pela consultoria britânica ‘Research and Markets’ calcula que o mercado de produtos substitutos ou alternativos às proteínas de origem animal deverá manter um ritmo de crescimento de 5%, nos próximos quatro anos. A expectativa é que a cifra movimentada chegue a US$ 6,6 bilhões, em 2024. O número é cerca de 40% maior ao montante registrado em 2018, quando todo o setor acumulou US$ 4,8 bilhões em vendas. A projeção reforça ainda mais a teoria de mudança no modelo de alimentação da população, em todo o mundo.
Novo perfil de consumo
Segundo a análise da consultoria britânica, a busca por um estilo de vida mais saudável é um dos maiores motores para o mercado de proteínas, leites e snacks alternativos. A maior vantagem dos produtos a base de vegetais é a redução nos níveis de açúcar e gordura no sangue, além de minimizar o impacto ambiental e o sofrimento animal.
No Brasil, o setor de ‘carnes alternativas’ ganhou espaço com os hambúrgueres que imitam cheiro, textura e sabor da carne bovina. A Superbom, por exemplo, especializada na produção de alimentos para o público vegetariano e vegano, apresentou o seu novo hambúrguer 100% vegetal a base de ervilhas. A Seara, cujo controlador é o Grupo JBS – maior processador do mundo de proteína animal – mostrou ao público um hambúrguer produzido a base de plantas. A Fazenda do Futuro, por sua vez, lançou o Hambúrguer do Futuro.
Transformação alimentar
O crescimento das doenças alérgicas e de intolerância à proteína dos leites de origem animal deve impulsionar em mais de 5% a demanda no mercado sul-americano dos leites e derivados vegetais, nos próximos cinco anos. O movimento também é favorecido pelo aumento na popularidade das dietas veganas, comprovadamente mais benéficas e funcionais para o organismo. O estudo da Mordor Intelligence calcula que 85% dos brasileiros possuem algum nível de intolerância à proteína do leite de origem animal, ante 69% dos chilenos e 60% dos argentinos.
Mundialmente, cerca de 70% dos consumidores estão mudando de dieta para prevenir obesidade, diabetes e colesterol, segundo a rede de supermercados britânica Sainsburys. A transformação é impulsionada pela mudança sem precedentes da população, cada vez mais consciente em relação às causas ambientais e ao cuidado com os animais. Ainda de acordo com projeções do estudo da Sainsburys, um quarto da população britânica será vegetariana e metade ‘flexitariana’, em 2025.
Definitivamente, a dieta vegetal chegou para ficar.