Independentemente do ramo de atuação, o momento demonstra a importância de se reinventar e de rever planos e estratégias, principalmente em um cenário que impõem mudanças rápidas e, em muitos casos, de longo prazo. De uma hora para outra, muita coisa mudou – e de repente, novas oportunidades se colocaram à nossa frente.
Ainda que ela não estivesse no horizonte, a pandemia não somente evidenciou a importância da diversificação de portfólio como, possivelmente, servirá de catalisador para novas transformações, dando um impulso extra para empresas atentas à inovação e às novas necessidades do mercado consumidor.
Apesar do número menor de lançamentos registrados no País em função da crise imposta pela Covid-19, quando comparado a demais atividades, o setor de alimentos e bebidas é um dos menos afetados – queda de 41% (alimentos) e 53% (bebidas) em ritmo de lançamentos frente a 93% no setor têxtil, por exemplo, segundo a GS1. Os números comparam o desempenho de abril deste ano com o mesmo período do ano passado.
Em partes, a queda menos acentuada na categoria alimentos e bebidas se deve ao fato dessa indústria ser considerada atividade essencial e não ter interrompido atividades. Contudo, isso não explica o todo. Um ponto a favor dos fabricantes e que se traduz em oportunidades para o setor é a busca do consumidor por opções que tenham aspectos funcionais como um diferencial. Inclusive, nesse momento há players acelerando o lançamento de alimentos e bebidas associados à saudabilidade.
É importante frisar que isso não significa que haja uma relação de causa e efeito entre pandemia e procura por produtos funcionais. De modo geral, o consumidor já pesava a saudabilidade em suas escolhas. A grande mudança é que, a partir de agora, o consumo de produtos com maior valor nutricional deixa de ficar restrito a momentos específicos (como antes de atividades físicas, por exemplo), para ser incorporado à rotina normal de consumidores individuais ou de famílias inteiras.
Essa parcela de consumidores se soma a um contingente enorme de pessoas que já incorporavam alimentos saudáveis ao seu dia a dia como forma de obter ganhos físicos e, por consequência, para ter ganhos em sua qualidade de vida. Conforme revelado pela a última edição do estudo Tetra Pak Index, 76% dos brasileiros acham importante adotar um estilo de vida saudável, o que o que inclui hábitos de consumo à mesa.
De forma complementar, itens básicos e amplamente reconhecidos como nutritivos e saudáveis ganham maior participação na mesa do consumidor, a exemplo do leite UHT. No caso desse produto, também pesa a favor o fato de ser amplamente distribuído em embalagens longa vida que prolongam a validade do alimento - portanto, sendo uma opção melhor para consumidores que queiram armazenar os produtos por mais tempo e reduzir a quantidade de idas ao mercado.
A favor da embalagem longa vida também está a proteção do alimento, um fator que ganhou maior importância no novo cenário. Produzidos com tecnologia asséptica, produtos envasados em caixinha oferecem o máximo de segurança e proteção ao alimento e ao consumidor.
Por fim, também é notável o maior apetite por produtos que aliem saudabilidade com praticidade e conveniência. Se por um lado as pessoas estão cozinhando mais por terem migrado praticamente todas as suas atividades para dentro do lar, elas continuam sem tempo na medida em que precisam conciliar afazeres domésticos com trabalho, filhos e cursos de aperfeiçoamento, por exemplo. Produtos que gerem ganhos funcionais ao mesmo tempo em que ajudem o consumidor a ganhar tempo terão maior destaque na nova realidade.
Ao analisar todos esses pontos, nota-se a importância da inovação e da diversificação de portfólio na indústria de alimentos e bebidas. Apesar do momento desafiador, as oportunidades continuam por aí. Saberão aproveitá-las aqueles que tiverem agilidade e olhos atentos para reconhecê-las.