Ao acessar os principais meios de comunicação do país e/ou do exterior, encontraremos diversos artigos, reportagens e webinars sobre a sigla em inglês ESG (Environmental, Social e Governance). Seguindo uma tendência mundial iniciada pelas instituições financeiras e envolvendo as empresas que contemplam em suas agendas compromissos ambientais, sociais e de governança corporativa, sendo que o tema possivelmente percorrerá de forma acelerada o caminho evolutivo da qualidade, da melhoria contínua e, recentemente, da transformação digital nas corporações.
O ASG (tradução do ESG para o português) vem se consolidando com a multiplicação dos compromissos assumidos pelas organizações e de suas boas práticas, embora contemple temas como a diversidade, a redução de emissões de gases do efeito estufa, que geram o aquecimento global e a responsabilidade pela correta destinação dos resíduos industriais e pós-consumo, dentre outros.
Contudo, é consenso que o assunto não está totalmente amadurecido, despertando a necessidade de estudos, discussões e entendimentos para escaparmos do green washing (lavagem verde), sendo esta um conjunto de práticas oportunistas que não refletem a postura ligada a um propósito organizacional associado à sustentabilidade.
Enquanto no mercado forma-se um entendimento sobre o assunto, algumas organizações, mesmo que não intencionalmente, desviam a atenção social, ambiental e de governança do negócio a partir de ações no caminho da sustentabilidade, mas que podem tirar o foco dos riscos que geram para a sociedade e para o planeta.
Nesse sentido, uma indústria deve-se preocupar com a redução contínua da geração de resíduos e seu correto destino, por exemplo, como prioritários em seu movimento para o ESG, assim como uma indústria de alimentos e bebidas deve ter como sua primeira preocupação ambiental e social a garantia das boas práticas de fabricação, evitando o risco de qualquer dano à saúde.
O assunto vem consolidando-se e aos poucos assumirá um caráter definitivo, incorporando-se organicamente às ações organizacionais o que vem ao encontro, em retorno ao início do texto, do caminho percorrido pela qualidade e melhoria contínua. Essa jornada será agilizada pela transformação digital, que tecnologicamente torna possível um melhor monitoramento das atividades organizacionais, o que já é realidade a partir das mídias sociais, mas, a partir de soluções integrativas, poderão proporcionar uma visão holística das práticas ASG de cada empresa.
A título exemplificativo, as pessoas e as empresas já conseguem monitorar a satisfação com determinado produto, serviço ou corporação, existem aplicativos e pesquisas online que retratam reclamações e insatisfações com relação às práticas sustentáveis das organizações, bem como acerca de seus compromissos.
Vale ainda um alerta para mais um fato importante, a falta de profissionais devidamente capacitados e com propósitos alinhados à sustentabilidade. Diferentemente de outros colaboradores na organização, o ESG exige pessoas realmente comprometidas com seus propósitos, além de entenderem do negócio da empresa e estarem alinhados com os valores organizacionais.
Isso reflete um pouco o histórico do pessoal que hoje está no ASG das empresas. Estudos apontam que estes são profissionais com diversos anos de empresa e, portanto, conhecem efetivamente o seu negócio e identificam-se com sua cultura, são favoráveis a mudanças organizacionais e incorporam valores internos relacionados ao tripé ambiental, social e econômico, além de atuarem para uma empresa e um mundo melhor.
Os desafios são muitos, mas não há como recuar, sendo que os consumidores e as empresas iniciaram uma marcha definitiva rumo à sustentabilidade, num caminho que as empresas alcancem um ponto de equilíbrio entre a satisfação de seus clientes e stakeholders em geral e saúde financeira, mantendo-se competitiva em seu mercado de atuação.
Cada dia cresce o comprometimento das empresas e das pessoas com o ESG, que está em constante transformação e exigirá atenção para que proporcionemos às próximas gerações um planeta melhor tanto em termos ambientais quanto humanos.
*Alaercio Nicoletti Junior é Gerente de Sustentabilidade do Grupo Petrópolis e professor da Escola de Engenharia da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atualmente, é também responsável pela pós-graduação em Economia Circular do Mackenzie.
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