A conversa sobre digitalização não é nova na indústria. O conceito tem ganhado importância nas últimas décadas, à medida que a internet, a virtualidade e a oferta de sensores se expandiram. Empresas de todos os setores estão diante da necessidade de revisitar seus processos, modelos de negócios e de inovação e de migrar seus dados para os meios digitais.
Nos últimos dois anos, no entanto, a digitalização esteve nos holofotes como nunca. Isso porque, no que diz respeito ao curto prazo, os efeitos da pandemia de covid-19 chacoalharam basicamente todos os setores da economia e, em meio à crise generalizada, todas as indústrias – inclusive a de alimentos e bebidas – se viram diante da necessidade de aumentar sua produtividade e ampliar vantagens competitivas.
No longo prazo, especialmente para a indústria de alimentos e bebidas, o desafio é ainda maior, com dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) apontando que o crescimento da população mundial exigirá em 2050 um adicional de 70% na produção de alimentos e bebidas em relação ao que se produz hoje. Sendo assim, a digitalização não é só um atalho, mas uma condição básica para que esses objetivos sejam atingidos.
Os seus benefícios para a indústria são inúmeros e contribuem não só para a performance e eficiência do negócio, mas também para torná-lo mais sustentável. A digitalização contribui para um gerenciamento cada vez mais inteligente da operação e dos diferentes dados envolvidos nela. Empresas têm adotado relatórios operacionais e dashboards digitais que permitem um monitoramento em tempo real das atividades fabris, de maneira visual, rápida e de qualquer lugar, o que agiliza o processo de tomada de decisão e contribui para uma atividade mais segura e, por consequência, de melhor qualidade.
Hoje é possível, por exemplo, acompanhar o desempenho de linhas de produção com muito mais facilidade e se antecipar à necessidade de trocar peças, efetuar reparos e manutenções, o que diminui o tempo de parada das operações e a incidência de erros que levam ao descarte de produtos com defeitos.
Além disso, soluções digitais têm contribuído para monitorar processos de limpeza industrial, um dos grandes gargalos de produtividade, permitindo uma visualização simples dos gastos da indústria referentes a químicos, água, energia e tempo de inatividade. Estes processos permitem identificar falhas e pontos de melhoria e, ao fim, levam a índices importantes de economia no consumo de energia, água, químicos, recursos e matérias-primas sem comprometer a produção, ou seja, tornando a operação mais eficiente e sustentável.
Estes são apenas alguns exemplos. Fato é que fornecedores e indústria caminham lado a lado nessa jornada de digitalização, ajudando-se mutuamente a gerir dados, reduzir o consumo de recursos e a produção de descartes e melhorar produtividade.
Trata-se de compartilhar dados, riscos e responsabilidades com um objetivo comum: suportar a indústria a se fortalecer, atravessar tempos de instabilidade e se adequar às exigências que determinarão quem se destacará no futuro.
*Fernando Caprioli, diretor de serviços da Tetra Pak Brasil
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