Estamos na era do enxuto, da sustentabilidade e da integração homem-tecnologias (4.0). Confirmando essa assertiva, seguem algumas observações de comportamentos atuais que refletem não só uma tendência, mas a incursão em novos tempos proporcionando maior responsabilidade, melhor eficiência organizacional e nas relações humanas, o que possibilita termos maior disponibilidade para as relações pessoais, quer sejam para networking empresarial ou para o convívio com familiares e amigos.
Há alguns dias, visitei uma multinacional do ramo de tecnologia e me senti envergonhado ao oferecer um cartão de visitas. Meu ato foi recebido com um gentil “sinto muito, mas não uso mais cartões, tire uma foto do código no meu celular e salve os dados em seus contatos”. Executei a tarefa e achei fantástico pois, apesar de ter meu QR-Code salvo, tive experiências frustradas com interlocutores que ainda se negam a captar a imagem. Fica a sensação de que desisti cedo demais.
Na semana seguinte agendei com um colega em São Paulo. Vindo do interior, dirigi quase uma hora no trânsito após chegar a uma das marginais e gastei dez minutos adicionais para achar um estacionamento próximo ao local marcado. Meu interlocutor, por sua vez, chegou de patinete deixando-o na frente do edifício em que combinamos. Quando questionado sobre a experiência, ele me confidenciou que não usava há algum tempo seu veículo próprio durante a semana.
Em uma palestra percebi que o enxuto para as grandes organizações do varejo não pode ser atualmente considerado de forma simplista como a redução de custos no produto final, mas sim oferecer valor aos clientes. Como exemplo, pode-se citar o desenvolvimento de embalagens com materiais de reciclagem mais responsáveis ou com ciclos de biodegradação menores, buscando novos padrões que nem sempre são atraentes e perceptíveis à primeira vista pelos consumidores. Assim, o desenvolvimento requer esforços lean (enxuto) para não encarecer o produto e em marketing, para esclarecer ao público os benefícios de uma sacola de papel reciclável substituindo o plástico que se decompõe por 100 anos ou mais.
Falando em conferências, acostumando-me a assistir apresentações de startups em 7 minutos, os chamados pitches, tenho encontrado cada vez mais profissionais de empresas dos diversos portes e nacionalidades que, quando questionados acerca de uma apresentação, digamos de 30 minutos, eles retornam que estão preparados para exposições entre 1 minuto e 1,5 hora, conforme a disponibilidade de tempo. Essa tendência para mim é o indício de que a agilidade e flexibilidade das startups está contagiando o mundo profissional. Imaginem quando e se chegar no jurídico ou no governo, teremos defesas de teses contenciosas com qualidade em 10 minutos ou parlamentares discursando em um quarto de hora, sem perder a mensagem e todo o charme da oratória.
A redução de desperdícios responsável com foco na sustentabilidade e uso da tecnologia traz benefícios que contribuem para a disponibilização de agenda das tarefas diárias, além de contribuir para um mundo melhor para as gerações futuras. No que tange aos profissionais e organizações, estes já enxergam tais comportamentos como diferenciais competitivos, tendo como efeito colateral e benéfico o aumento de eficiência operacional.
Dos baby boomers à geração Z, percebe-se uma luta constante pelas melhorias na qualidade de vida sem perda de produtividade profissional, e essa realidade vem sendo construída a partir dos desenvolvimentos tecnológicos e sua integração às nossas rotinas a partir de mudanças de comportamentos que estabelecem maior eficiência no planejamento e execução das atividades organizacionais.