Toda criança escuta dos seus pais “lave bem a mãos!” pelo menos 3 a 4 vezes ao dia. O que acredito que não está claro para todo mundo é que lavar as mãos não é algo que se faz só quando é criança, devemos seguir este concelho a vida inteira, todos os dias e várias vezes ao dia. É incrível como que água e sabão podem ser tão eficientes, algo simples, porém muito eficaz na guerra contra os seres microbiológicos do nosso dia a dia.
No seu negócio você deve ter o famoso Manual de Boas Práticas, para que os funcionários da sua operação saibam como evitar as DTAs (Doenças Transmitidas por Alimentos) e nele está lá escrito que todos devem lavar as mãos, a frequência e como fazer isso, mas será que toda a equipe segue o manual? E a equipe de salão, será que eles lavam as mãos com frequência? Afinal eles levam os talheres, guardanapos e os copos para os clientes. Lembre-se nem toda contaminação tem origem na cozinha, no buffet um cliente ou o repositor pode contaminar um preparo pronto, ou até mesmo de cliente para cliente, inclusive tem um história curiosa de um resort que teve um surto de contaminação que após investigação foi concluído que a origem se deu na água da piscina infantil.
E agora então com o mundo inteiro preocupado com a disseminação de mais um vírus, que medidas que você deveria tomar para evitar não só o vírus como contaminações comuns nas operações de alimentação.
Procedimento, treinamento e exemplo
O primeiro passo obviamente é ter escrito e definido o procedimento de higienização das mãos. Utilize de pequenos cartazes colados na parece próximos as pias para reforçar quais movimentos devem ser feitos e todas as áreas das mãos que devem ser esfregadas. Quando estiver descrevendo o procedimento, não se esqueça de também deixar claro a frequência que se deve lavar as mãos e por quanto tempo se deve esfregar as mãos para que o sabão possa de fato eliminar os possíveis agentes contaminantes.
Não se esqueça que os cantos e em baixo das unhas são os locais mais prováveis de se acumular sujeiras e bactérias, então reforce com a equipe sobre a necessidade de ter ainda mais atenção nestas áreas e considere também fornecer nas pias exclusivas de higienização de mãos escovinhas de unha, elas podem ficar dentro de recipientes com solução sanitizante para que a escova em si não vire um ponto de contaminação.
Agora você ficou preocupado e achou melhor comprar caixas e mais caixas de luvas descartáveis para “encapar” a equipe toda. Saiba que a luva não substitui o ato de lavar as mãos, caso o funcionário fique somente trocando de luva sem lavar as mãos ele só estará transferindo a contaminação de uma luva a outra, sem contar que as luvas as vezes rasgam e normalmente na área das unhas, se estas não estiverem bem higienizadas já sabe o que acontece, correto? A luva é uma boa opção para colocar ainda mais uma camada de segurança, mas não substituir uma.
Outro ponto de atenção com o uso de luvas é que muitas vezes as pessoas usando luvas não “sentem” a sujeira nas mãos, dificilmente você irá segurar um pedaço de peixe ou frango cru sem luvas e continuar o dia como se nada estivesse acontecido, temos naturalmente uma necessidade de lavar as mãos, já se estiver de luva muitas vezes o operador não sente essa necessidade e a luva trás uma sensação de “limpeza” que não é real.
Agora que tem o procedimento, vamos treinar a equipe. Treinamentos não precisam ser coisas chatas e longas, alguns minutos por semana são suficientes para reforçar procedimentos do dia a dia para que a equipe fique constantemente com o conteúdo “fresco” na cabeça. Outro ponto importante é que o exemplo é mais eficiente do que somente o discurso, se policie e observe se você tem o hábito de lavar as mãos frequentemente e demonstre isso dentro da operação.
Sanitizantes e álcool servem para alguma coisa?
É comprovado que os sanitizantes e o álcool 70° são também eficientes na limpeza das mãos, eliminando uma grande parte dos microrganismos que podem transmitir doenças alimentares ou vírus. Apesar de ser eficiente, os sanitizantes ainda não são melhores do que o bom e velho água e sabão, ou seja, caso não seja possível lavar as mãos você pode e deve sim utilizar desses produtos.
Sem mais desculpas
Quem tem vontade faz, quem não tem arranja uma desculpa e normalmente é daquelas tipo meu cachorro comeu minha tarefa. Tudo bem, é natural que as pessoas tenham resistência de ter “mais trabalho” e com isso elas acabam arranjando as mais variadas desculpas. Você como gestor ou proprietário do negócio deve se prevenir e retirar o máximo de obstáculos que as pessoas podem ter para aderirem as medidas (essa dica vale para tudo que queira implementar na operação). As desculpas mais comuns são:
- O sabão/detergente seca ou irrita a pele
- As pias não são próximas das áreas produtivas
- Falta de pias na cozinha
- Dispensers sem detergente ou sem papel toalha
- Ocupados ou sem tempo
Agora cabe a você descobrir quais são as “desculpas” e como você pode minimizar.
Então como devemos lavar as mãos?
Não se esqueça de que você precisa ter um Manual de Boas Práticas na sua operação elaborado por uma nutricionista e normalmente esses profissionais também treinam e orientam sua equipe sobre como fazer isso dentro das condições do seu negócio. Basicamente o procedimento é o mesmo, e aqui segue
- Molhe as mãos em água limpa e corrente, desligue a torneira caso não seja automática.
- Aplique o sabonete nas mãos e esfregue as palmas, o dorso das mãos, entre todos os dedos por cima e por baixo, não se esqueça do dedão e caso não tenha a escovinha de unhas una as pontas de todos os dedos e esfregue as pontas na palma da outra mão.
- A esfregação deve durar no mínimo 20 segundos, é o tempo de cantar “parabéns para você” 2 vezes ou então seja criativo e escolha uma música nova.
- Enxague as mãos em água limpa, corrente e de preferência morna
- Seque as mãos com papel toalha descartável ou secador por vento.
Agora é só colocar em prática e contribuir para a saúde da sua equipe e dos seus clientes!