Temos que falar da nova realidade e assim prevenir a todos que, sendo um ano difícil, os empresários têm que se preparar para enfrentar dificuldades. A gestão tem que estar mais atenta do que nunca: economizar, evitar desperdício, inovar, fazer marketing agressivo, investir na cultura interna, procurar por fornecedores alternativos se for preciso e ter em mente que precisa mais que nunca dos clientes.
Após a tragédia da pandemia de covid-19 em 2020 e 2021, os empresários de bares e restaurantes que sobreviveram tinham esperanças de que 2022 seria um ano de recuperação.
A portaria do Ministério da Economia que desrespeita o teto de gastos constitucional é desgastante e resulta em insegurança jurídica e econômica, além de desestimular investimentos.
Quanto à inflação, continua violenta, especialmente na área de alimentos. Há aumento desmesurados de energia, óleo, gás, dólar, juros, todos a impactar os custos dos serviços de alimentação fora do lar.
Na outra ponta temos um consumidor lesado, com renda reduzida, desempregado ou com medo do desemprego e famílias endividadas. Assim, fica impossível a transferência dos altos custos para os preços dos cardápios, obrigando os gestores a fazerem mágica para continuar de portas abertas.
É relevante, nessa situação dramática, lembrar que seus reflexos são muito mais contundentes para as mais de 50% das empresas que ainda não conseguiram pagar suas dívidas acumuladas no período de pandemia com locadores, bancos, fornecedores, trabalhadores, distribuidores de energia, fiscos municipais, estaduais e federais.
E que o Presidente da República, que admitiu tantos benefícios no final do ano (desoneração da folha para 17 setores da economia que não empregam tanto como o setor de bares e restaurantes, entre outros), vetou justamente o projeto de lei aprovado no Congresso que previa repactuação de pagamento de tributos das pequenas empresas, o que permitiria às endividadas se manterem no SIMPLES.
Some-se finalmente o fato de ser 2022 um ano de eleições, sempre com movimentações atípicas, além do risco de termos instabilidade política, o que também afasta investimentos.
A favor do setor temos sua valorização durante a pandemia, como local de encontro de amigos e sociabilidade, e a experiência e resiliência adquirida. É tempo, pois, de não baixar a guarda e se preparar para continuar a luta, em mais um ano difícil.
*Percival Maricato é advogado, diretor da ABRASEL SP, professor de pós-graduação, autor de Como Administrar Bares e Restaurantes e Franquias para Bares e Restaurantes e diversos outros livros.
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